Heimtextil revela tendências

A feira de têxteis-lar desvendou as tendências para 2024/2025, nas quais a transformação têxtil está em foco. Matérias-primas à base de plantas, novas soluções tecnológicas e a bioengenharia de materiais são os pilares de New Sensitivity, que terão uma apresentação em Portugal a 24 de outubro.

[©SPOTT trends & business for Heimtextil]

A sustentabilidade continua na ordem do dia e, depois de no ano passado se ter centrado em soluções circulares, a apresentação das tendências para a Heimtextil de 2024 – agendada para 9 a 12 de janeiro – voltou a pôr o foco na transformação pela qual a indústria têxtil está a passar para ser mais amiga do ambiente.

«No próximo certame, as tendências da Heimtextil vão, mais uma vez, mostrar como é que a indústria de têxteis-lar continua a sua transformação. Elas são o centro de inspiração da nossa feira e traduzem as megatendências globais em visões têxteis», explica Olaf Schmidt, vice-presidente de têxteis e tecnologias têxteis das Messe Frankfurt, que organiza a feira de têxteis-lar.

Sob o tema New Sensitivity, o foco das tendências – que serão apresentadas presencialmente em Guimarães no próximo dia 24 de outubro – está nas inovações e nas mudanças na composição dos têxteis, além dos aspetos estéticos. «Neste contexto, a sensibilidade significa considerar o impacto no ambiente quando se toma uma decisão ou se cria um produto. Perceber como é que os ecossistemas naturais funcionam e dar prioridade ao equilíbrio são essenciais», aponta Anja Bisgaard Gaede, fundadora do gabinete SPOTT, que integra o conselho de tendências do certame.

Também a adoção de inteligência artificial está a transformar o mundo atual, com esta tecnologia a ter o potencial de gerar soluções inovadoras e ajudar a responder a desafios significativos no mundo em geral e na indústria têxtil em particular. Contudo, a inteligência artificial pode ter um efeito contrário na sociedade, pelo que necessita de uma mentalidade de New Sensitivity que ajude a simplificar a complexidade, expandir a criatividade e encontrar soluções nunca vistas, incluindo no universo do têxtil, reforça a Heimtextil.

Três direções principais

Bananatex [©SPOTT trends & business for Heimtextil]
New Sensitivity declina-se em três áreas principais. A primeira diz respeito aos materiais feitos à base de plantas. «A vantagem sustentável dos têxteis à base de plantas é que a sua origem é natural e, como tal, mais capaz de circular nos ecossistemas existentes», descreve a Heimtextil.

Para além das fibras produzidas a partir de colheitas resistentes como catos, cânhamo, algas e borracha, que conseguem crescer apesar dos desafios climáticos e exigem menos químicos no seu desenvolvimento, enquadram-se aqui também os têxteis feitos a partir de subprodutos de plantas, resultantes da produção de banana, azeitona, dióspiro e cânhamo.

Kvadrat Clearview and Apo Reflections by Lise Vester [©SPOTT trends & business for Heimtextil
Uma segunda área de desenvolvimento diz respeito à utilização da tecnologia na reciclagem, construção e design de têxteis. Com quantidades enormes de têxteis resultantes de décadas de produção, desenvolver tecnologias para a reciclagem de resíduos têxteis e para fazer upcycling aumenta as possibilidades de circularidade. Além disso, refere a Heimtextil nas tendências, as técnicas de construção tradicionais oferecem caminhos para soluções sustentáveis. Por exemplo, a utilização da tecnologia de tricotagem na produção de revestimentos para mobiliário produz menos desperdício têxtil, enquanto o recurso à tecelagem permite criar várias cores usando apenas alguns fios tingidos. O chamado design thinking aplicado aos têxteis é outro método que responde a questões críticas como a utilização de energia e a durabilidade das fibras naturais.

Fios Ciclo [©SPOTT trends & business for Heimtextil]
A bioengenharia dos materiais é a terceira área de New Sensitivity, representando, de certa forma, a fusão das outras duas áreas, criando uma ponte entre a natureza e a tecnologia. Por um lado, permite criar têxteis completamente feitos a partir de proteínas, hidratos de carbono ou bactérias, através de um processo biomolecular que cria filamentos que são depois transformados em fios, que podem ter funcionalidades adicionadas semelhantes aos têxteis produzidos com fibras sintéticas, mas que são biodegradáveis. Por outro lado, pode desenvolver fibras que são misturadas com fibras sintéticas como o poliéster para melhorar a sua capacidade de se degradarem no final de vida, quer no solo, quer na água. «Embora não se biodegradem completamente, estes têxteis conseguem uma biodegradação na ordem dos 93% em comparação com os têxteis convencionais», destaca a Heimtextil.

Para além da exposição destas tendências, o chamado Trend Space na próxima edição da Heimtextil contará ainda com uma mostra de têxteis e materiais que ilustram os princípios do design regenerativo, com o trabalho de designers e produtores pioneiros nesta área.