O apelo a um boicote por parte da Cotton Campaign foi feito hoje, 28 de junho, depois de sete associações e empresas de consultoria alemãs, que representam, alegadamente, milhares de empresas, terem sido encorajadas a investir nas indústrias de vestuário e petróleo e gás do Turquemenistão, no evento “Turquemenistão Business Day: Indústrias petroquímica, construção e têxtil” que teve lugar ontem em Düsseldorf.
A Cotton Campaign está a apelar às associações, consultoras e atores da cadeia de aprovisionamento alemãs para cortarem laços com a indústria têxtil do Turquemenistão para evitarem beneficiar ou lucrar de trabalho forçado.
A associação sem fins lucrativos explica que o algodão proveniente do Turquemenistão é produzido pelo Estado com a utilização sistemática e disseminada de centenas de milhares de professores, profissionais de saúde, outros funcionários públicos e às vezes crianças.
Além disso, a Cotton Campaign destaca que comprar produtos de algodão a empresas no Turquemenistão ou fornecedores em países terceiros que usam algodão turcomano na produção viola a lei alemã de diligência dos direitos humanos, que entrou em vigor em janeiro deste ano.
A Cotton Campaign sublinha que é impossível para qualquer empresa internacional fazer diligências credíveis no terreno para evitar ou corrigir o trabalho forçado no algodão devido ao sistema de trabalho forçado imposto pelo Estado.
«Encorajar o sourcing de têxteis do Turquemenistão, enquanto o algodão turcomano continua a ser produzido com trabalho forçado imposto pelo Estado desafia as leis nacionais que governam as diligências de direitos humanos e das cadeias de aprovisionamento que obrigam as marcas e retalhistas mundiais», ressalva Raluca Dumitrescu, coordenadora da Cotton Campaign.
«A Organização Internacional do Trabalho e o Comité dos Direitos Humanos, entre outras entidades, repetidamente apelaram ao governo do Turquemenistão para acabar com o sistema de trabalho forçado. Todos os atores da cadeia de aprovisionamento, iniciativas coletivas e agências governamentais na Alemanha devem atender a esses apelos e instar o governo turcomano a pôr fim às represálias contra monitores independentes que documentam as condições de trabalho nos campos de algodão», acrescenta Allison Gill, diretora do programa de trabalho forçado do Global Labor Justice-International Labor Rights Forum.
Um estudo publicado no início deste mês por grupos de direitos humanos turcomanos independentes afirmam que há a utilização sistemática de trabalho forçado na colheita anual de algodão. Também a Organização Internacional do Trabalho anunciou estar a avaliar o cumprimento das obrigações por parte do Turquemenistão para acabar com o trabalho forçado.
No final de março, a Cotton Campaign avaliou o Turquemenistão e levantou grandes preocupações sobre a mobilização forçada de trabalhadores estatais para apanhar algodão e apelou a passos concretos para pôr fim a essa prática.