O projeto surgiu em plena pandemia, numa altura em que as unidades de saúde estavam sobrecarregadas e a sentir a escassez de dispositivos médicos (DM) e equipamentos de proteção individual (EPIs), essenciais para proteger as equipas médicas, de enfermagem e outras do vírus e minimizar a sua propagação.
«Em situações de pandemia, como o cenário atual da Covid-19, os recursos hospitalares são frequentemente escassos para responder às necessidades, como se observa à escala mundial. A prevenção da disseminação da Covid-19 para e de profissionais de saúde e pacientes depende da disponibilidade e do uso efetivo de DM/EPIs. Estes incluem a bata cirúrgica, o coverall, manguitos, a cogula, perneiras, cobre botas, cobre sapatos», descreve o Compete na sua mais recente newsletter.
Com a produção de não-tecido e de artigos descartáveis dependente da Ásia, «é urgente e primordial a Europa encontrar alternativas aos atuais DM/EPIs que possam ser produzidos localmente, deixando de existir dependência quase exclusiva da Ásia. Os DM/EPIs reutilizáveis, para além de promoverem a proteção, conforto, sustentabilidade e conhecimento, serão uma alavanca económica e estratégica para sectores tradicionais em Portugal como é o têxtil e vestuário», acrescenta.
O também responsável pelo Covitec4Life revela que o projeto seguiu duas linhas de investigação para a impermeabilização dos substratos têxteis, «diferenciadoras no contexto da proteção dos profissionais expostos à Covid-19, distinguindo-se pelo conforto melhorado, sustentabilidade e menor impacto ambiental».
Por um lado, foram trabalhadas as formulações e processos de revestimentos têxteis poliméricos de base aquosa de elevado desempenho na proteção a líquidos e agentes infeciosos e, por outro, foram investigados membranas e processos hotmelt de laminação impermeáveis e respiráveis, uma «via alternativa e complementar à anterior, que recorrerá a soluções 100% poliméricas, sem necessidade de secagem nem fixação», esclarece Ricardo Silva.
As novas soluções têm ainda por base conceitos de ecodesign e ergonomia melhorada, que facilitam a mobilidade e o conforto. Tendo em conta que a higienização dos DM/EPIs é um aspeto fundamental e determinante para o sucesso da reutilização, está prevista a investigação das condições ideais de conservação e limpeza. As novas soluções foram ainda avaliadas em relação ao seu impacto ambiental, tendo sido igualmente estudada a viabilidade de certificação e homologação dos produtos, para potenciar o seu reconhecimento e credibilidade perante o utilizador final.
«Consideramos que os objetivos foram cumpridos, sendo inclusive realizada a produção de protótipos que já foram merecedores de destaque a nível nacional, estando neste momento nomeados para os iTechStyle Awards na categoria de produto», sublinha Ricardo Silva.