Tintex desenvolve EPIs médicos reutilizáveis

A empresa, em parceria com o CITEVE, a Pafil e a Coltec, está a desenvolver equipamentos de proteção individual para utilização em contexto hospitalar que podem ser higienizados e reutilizados. Os produtos criados no âmbito do projeto Covitec4Life têm ainda a vantagem de serem mais confortáveis e sustentáveis.

Ricardo Silva

O projeto surgiu em plena pandemia, numa altura em que as unidades de saúde estavam sobrecarregadas e a sentir a escassez de dispositivos médicos (DM) e equipamentos de proteção individual (EPIs), essenciais para proteger as equipas médicas, de enfermagem e outras do vírus e minimizar a sua propagação.

«Em situações de pandemia, como o cenário atual da Covid-19, os recursos hospitalares são frequentemente escassos para responder às necessidades, como se observa à escala mundial. A prevenção da disseminação da Covid-19 para e de profissionais de saúde e pacientes depende da disponibilidade e do uso efetivo de DM/EPIs. Estes incluem a bata cirúrgica, o coverall, manguitos, a cogula, perneiras, cobre botas, cobre sapatos», descreve o Compete na sua mais recente newsletter.

Com a produção de não-tecido e de artigos descartáveis dependente da Ásia, «é urgente e primordial a Europa encontrar alternativas aos atuais DM/EPIs que possam ser produzidos localmente, deixando de existir dependência quase exclusiva da Ásia. Os DM/EPIs reutilizáveis, para além de promoverem a proteção, conforto, sustentabilidade e conhecimento, serão uma alavanca económica e estratégica para sectores tradicionais em Portugal como é o têxtil e vestuário», acrescenta.

Protótipo da Pafil no iTechStyle [©Compete]
Foi neste sentido que a Tintex avançou, juntamente com vários parceiros, para o desenvolvimento de EPIs reutilizáveis. «Foi um projeto desenvolvido num contexto desafiante, fruto do esforço técnico e dedicação, em tempo recorde, de todos os copromotores: CITEVE, Pafil e Coltec, com o contributo do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, parceiro importante na avaliação dos protótipos gerados», reconhece Ricardo Silva, administrador da Tintex.

O também responsável pelo Covitec4Life revela que o projeto seguiu duas linhas de investigação para a impermeabilização dos substratos têxteis, «diferenciadoras no contexto da proteção dos profissionais expostos à Covid-19, distinguindo-se pelo conforto melhorado, sustentabilidade e menor impacto ambiental».

Por um lado, foram trabalhadas as formulações e processos de revestimentos têxteis poliméricos de base aquosa de elevado desempenho na proteção a líquidos e agentes infeciosos e, por outro, foram investigados membranas e processos hotmelt de laminação impermeáveis e respiráveis, uma «via alternativa e complementar à anterior, que recorrerá a soluções 100% poliméricas, sem necessidade de secagem nem fixação», esclarece Ricardo Silva.

As novas soluções têm ainda por base conceitos de ecodesign e ergonomia melhorada, que facilitam a mobilidade e o conforto. Tendo em conta que a higienização dos DM/EPIs é um aspeto fundamental e determinante para o sucesso da reutilização, está prevista a investigação das condições ideais de conservação e limpeza. As novas soluções foram ainda avaliadas em relação ao seu impacto ambiental, tendo sido igualmente estudada a viabilidade de certificação e homologação dos produtos, para potenciar o seu reconhecimento e credibilidade perante o utilizador final.

«Consideramos que os objetivos foram cumpridos, sendo inclusive realizada a produção de protótipos que já foram merecedores de destaque a nível nacional, estando neste momento nomeados para os iTechStyle Awards na categoria de produto», sublinha Ricardo Silva.