- Lectra aposta no Vietname
- Terrorismo no Bangladesh abala ITV
- Gap regressa ao verde 14 meses depois
- Retalho americano preocupado com o Brexit
- Automatização ameaça trabalho no Sudeste Asiático
- Banco Mundial processado por apoiar trabalho forçado
1. Lectra aposta no Vietname
A Lectra abriu uma nova subsidiária no Vietname, como parte da sua atual expansão no mercado asiático. Com sede em Ho Chi Minh City, a Lectra Vietname tem como objetivo impulsionar o crescimento da especialista em soluções de tecnologia no sudeste asiático. A multinacional de origem francesa está no mercado do Vietname há mais de 20 anos e nos últimos 12 anos foi representada pela agente Ly Sinh Cong Trading Service Company, cuja equipa e ativos serão agora absorvidos pela Lectra Vietname. «Graças ao crescimento de 5,5% no primeiro trimestre de 2016, o Vietname é uma das economias mais dinâmicas do sudeste asiático», afirma Daniel Harari, CEO da Lectra. «É uma escolha de topo para os produtores focados nos custos e para marcas que procuram diversificar os seus fornecedores», acrescenta. O CEO destaca ainda que «o acordo da Parceria Trans-Pacífico assinado em fevereiro de 2016 vai reforçar a atratividade do país, onde a Lectra tem muitos clientes, incluindo empresas asiáticas muito grandes». O sector têxtil e vestuário do Vietname é um dos maiores do país. Em 2014, as exportações de vestuário atingiram 21 mil milhões de dólares (19 mil milhões de euros) e devem crescer 8% em 2016, para 29,5 mil milhões de dólares. No mês passado, a Lectra revelou a mais recente versão do seu software de gestão do ciclo de vida do produto (PLM), que aumenta a eficiência graças à inclusão de fases pré-produção (ver Lectra tem novo PLM).
2. Terrorismo no Bangladesh abala ITV
Dois ataques terroristas no Bangladesh no espaço de uma semana – que mataram, em conjunto, quase 25 pessoas, várias das quais ligadas à indústria têxtil e vestuário, incluindo estrangeiros – estão a deixar o mundo, e o sector da moda em particular, preocupado com as questões de segurança no país. Compradores da indústria têxtil e vestuário estão a repensar as suas viagens ao país e teme-se uma queda no investimento estrangeiro, que tem alimentado o crescimento do sector. Observadores afirmam que o sector tem agora de se juntar com o governo para analisar questões económicas e de segurança para continuar a prosperar e atrair clientes. A indústria do vestuário do Bangladesh é uma das maiores do mundo, dando emprego a 4,4 milhões de pessoas e representando 82% de todas as exportações do país. Sarah Labowitz, codiretora do NYU Stern Center for Business and Human Rights, acredita que os ataques terroristas podem testar a resistência do sector de vestuário, avaliado em 26 mil milhões de dólares (cerca de 23,5 mil milhões de euros), se levarem os estrangeiros a deixarem de visitar o país. «Este é um ponto crítico para o Bangladesh e o que é realmente necessário agora é liderança e capacidade de gestão da indústria local, em termos de segurança e em termos económicos», afirmou ao just-style.com. Alguns compradores internacionais adiaram as visitas ao Bangladesh em outubro do ano passado depois de um italiano e um japonês terem sido assassinados a tiro perto do local onde decorreu o último atentado. A retalhista japonesa Fast Retailing Co, que detém a Uniqlo, afirmou que vai suspender todas as viagens não essenciais ao Bangladesh, enquanto a retalhista britânica Marks & Spencer e a sueca Hennes & Mauritz indicaram que estavam a monitorizar a situação.
3. Gap regressa ao verde 14 meses depois
A Gap Inc pôs fim a um ciclo de 14 meses consecutivos de vendas comparáveis negativas, graças a um aumento de 5% das vendas comparáveis da Old Navy. A empresa sediada em San Francisco, que opera mais de 3.300 lojas, registou um crescimento de 2% nas vendas, para 1,57 mil milhões de dólares (1,42 mil milhões de euros), nas cinco semanas terminadas a 2 de julho, em comparação com 1,54 mil milhões de dólares no mesmo período do ano passado. «Estamos satisfeitos por ver uma melhor performance no portefólio este mês, em parte devido à melhoria nas tendências de tráfego em junho, sobretudo na Old Navy», afirmou a diretora financeira, Sabrina Simmons. Apesar do aumento, os resultados ainda foram afetados por uma queda de 4% nas vendas comparáveis na Banana Republic e de 1% na Gap. No geral, as vendas para o mês ultrapassaram as expectativas dos analistas, com Richard E. Jaffe, analista da Stifel, a afirmar que os números ficaram «bem acima das nossas estimativas». Jaffe atribui a reviravolta ao tráfego no feriado do Memorial Day e a temperaturas mais favoráveis, prevendo que a Gap atinja o seu objetivo de um declínio por um dígito baixo no final do segundo trimestre. Contudo, o analista antecipa desafios. «A fraca performance prolongada no negócio da Gap, apesar dos melhores esforços da administração, minou a nossa confiança e limitou a nossa visibilidade para a melhoria», refere.
4. Retalho americano preocupado com o Brexit
Os analistas de retalho nos EUA têm estado a analisar as implicações da saída do Reino Unido da UE num sector já afetado por um abrandamento das vendas nos últimos anos e acreditam que um dos principais riscos para os EUA será a valorização do dólar, que deverá travar o consumo dos turistas estrangeiros. «Um dólar mais forte pode pesar mais no turismo nos EUA, reduzindo o poder de compra dos estrangeiros e tendo um impacto negativo nas vendas», afirma Oliver Chen, analista da Cowen and Co. Como exemplo, Chen indica que as principais flagships da Macy’s geram cerca de 5% das vendas totais, enquanto a loja de Nova Iorque da Saks Fifth Avenue representa 20% de todas as vendas. O analista está ainda preocupado com a possibilidade do Brexit «levar potencialmente a um período prolongado de incerteza que iria provavelmente afetar a procura dos consumidores no Reino Unido, assim como na Europa Continental». Uma preocupação partilhada igualmente por Richard Jaffe, analista da Stifel, que indica que «as ações de vestuário ficaram sob pressão devido a preocupações de que a agitação associada à saída do Reino Unido leve os consumidores britânicos e europeus a diminuírem ainda mais o consumo, prolongando provavelmente as já fracas vendas a retalho». O analista aponta a H&M (que tem no Reino Unido o seu terceiro principal mercado) e a TJX Companies como os atores com maior exposição ao mercado britânico.
5. Automatização ameaça trabalho no Sudeste Asiático
Os trabalhadores nas indústrias de têxteis, vestuário e calçado são os que correm mais risco de perder o emprego com o aumento da automatização, segundo uma nova pesquisa, que apontam o Vietname e o Camboja como os países mais vulneráveis a esta situação. O estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) concluiu que no total, e em diversos sectores, mais de metade dos trabalhadores em cinco nações do sudeste asiático estão em risco elevado de perderem o seu posto de trabalho para a automatização nas próximas duas décadas. O estudo afirma que dos 9 milhões de pessoas a trabalhar nos têxteis, vestuário e calçado na região da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), 64% dos trabalhadores indonésios, 86% dos vietnamitas e 88% dos trabalhadores do Camboja estão em risco. «As implicações da revolução tecnológica no sector têxtil, vestuário e calçado na Asean são profundas e deverão desproporcionalmente afetar as trabalhadoras, que atualmente são a espinha dorsal do sector», aponta o estudo. A impressão 3D, a tecnologia de scan corporal, o design por computador, os wearables, a nanotecnologia, as técnicas de produção amigas do ambiente e a automação robótica deverão agitar estes sectores. Um dos desafios está relacionado com a emergência de robots capazes de costurar e, embora o seu impacto deva ser superior em mercados como a China, a Europa e os EUA, poderão causar mudanças «substanciais», já que colocam uma ameaça séria ao emprego. O aumento da produção na China também continua a ser uma dificuldade para os países Asean. «A China atualmente produz mais com menos trabalhadores e esta diferença de produção vai aumentar à medida que lança mais processos automáticos», conclui o estudo da OIT.
6. Banco Mundial processado por apoiar trabalho forçado
Foi apresentada uma queixa conjunta contra o braço privado de empréstimos do Banco Mundial, pedindo uma investigação ao trabalho forçado alegadamente ligado a um empréstimo de 40 milhões de dólares (cerca de 36,2 milhões de euros) à Indorama Kokand Textile, que opera uma unidade de processamento de algodão no Uzbequistão. A vítima de trabalho forçado, juntamente com três ativistas dos direitos humanos uzbeques, apresentou provas de que o empréstimo para alargar a produção de artigos em algodão da empresa no Uzbequistão permite-lhe lucrar com o trabalho forçado e vender produtos ilícitos. A Indorama Kokand Textile é uma divisão da Indorama Corporation, um grupo sediado em Singapura e conhecido pelos seus fios e tecidos Spandex. Para a Indorama e outras empresas que processam algodão no Uzbequistão, a única fonte de algodão é o sistema produtivo governamental, que usa trabalho forçado, de acordo com a coligação Cotton Campaign, o Fórum Germânico-Uzbeque para os Direitos Humanos, o Fórum Internacional dos Direitos Laborais e a Humam Rights Watch. O Banco Mundial aprovou o empréstimo em dezembro de 2015, apesar de um relatório da Organização Internacional do Trabalho que reafirmou o problema do trabalho forçado e da oposição dos EUA ao empréstimo, devido «a trabalho forçado no sector do algodão». Recentemente, o governo dos EUA deu ao governo do Uzbequistão a classificação mais baixa possível no relatório anual de tráfico de pessoas, onde afirma que «o trabalho forçado pelo governo de adultos continua a ser endémico na colheita anual de algodão».