Aberta em 2008, a loja do Porto começou por ocupar os vários pisos do prédio na Rua Sá da Bandeira, mas a Vianatece decidiu, este ano, avançar para um novo negócio, transformando os três pisos superiores num aparthotel, com os apartamentos decorados com os seus artigos.
«Tínhamos vários pisos de loja e as pessoas não subiam. Fomos então fechando os pisos e utilizamos só o piso de baixo para a loja. Nos restantes criamos nove apartamentos equipados com os nossos artigos. E os nossos clientes acabam quase todos por comprar os nossos artigos na loja em baixo», revela, ao Jornal Têxtil, Sérgio Peixoto, diretor-geral da Vianatece. A mudança implicou um investimento que rondou o meio milhão de euros e, embora tenha aberto apenas em março, a procura não para. «Estamos quase sempre lotados», afirma o diretor-geral.
Reforço do retalho on e offline
A chegada do negócio de hotelaria impulsionou igualmente a remodelação do website com vendas online, que, tal como as lojas, opera sob a marca LethesHome. «Tivemos que alterar a imagem do site e isso também fez exponenciar as vendas. Cobrimos Itália, Espanha e França. Depois também depende do turista que aparece, como Israel», indica Sérgio Peixoto.
Além do Porto, a Vianatece tem ainda uma loja em Viana do Castelo, uma loja de fábrica no local onde está sediada a unidade industrial, em Neiva, e em junho ganhou um parceiro a sul, em Cascais. «É uma cliente de Cascais, que tem a loja e adorou a nossa marca», explica o diretor-geral. «Já criamos essa parte do franchising numa altura, mas depois não demos seguimento por falta de recursos humanos e recursos de produção. Quando tivemos este contacto ficamos um bocado de pé atrás porque ir para Lisboa implica um investimento. Mas a cliente quis arriscar», confessa Sérgio Peixoto.
Investimento em estamparia
A empresa, que se estreou nesta edição da Guimarães Home Fashion Week, tem realizado igualmente outros investimentos, mais ligados à produção, como é o caso da estamparia, instalada há cerca de três anos. «Estamos também a tentar criar alguns mecanismos na área da produção, mas ainda está tudo em análise», refere o diretor-geral.
Com 500 clientes ativos, a Vianatece exporta aproximadamente 95% da produção para cerca de 50 mercados, com destaque, na Europa, para Espanha, França e Alemanha, e, fora da Europa, para a Coreia do Sul, Austrália e EUA. «Espanha surpreendeu-nos pela positiva – pensávamos que estava numa fase pior. Em França também nunca se notou a crise. E na Alemanha também não. Estamos muito bem nestes três países e a crescer sempre», aponta.
O crescimento, contudo, abrandou em 2017 face aos anos anteriores, com a empresa a terminar o ano passado com um volume de negócios de 2,2 milhões de euros. «Não crescemos como tínhamos vindo a crescer», admite o diretor-geral, que, no entanto, adianta que 2018 tem sido um ano de muita procura. «Estamos cheios. Até meados de agosto a produção está preenchida, nem fechamos», sublinha.
Inovar com tradição
As propostas variadas, desde artigos mais simples, em tons lisos, aos estampados mais ousados, muitas vezes recriando temas do folclore nacional – a empresa está, neste momento, a desenvolver artigos com um designer da Câmara Municipal de Viana do Castelo – permitem agradar a diferentes tipos de clientes.
A imagem de Portugal no exterior também tem ajudado à procura, já que a Vianatece se distingue pelas suas propostas de luxo artesanal, divididas por tapetes e almofadas (70% das vendas) e roupa de cama (30%). «Temos sentido um feedback muito bom a nível do nome Portugal e o resultado disso é termos clientes portugueses do Canadá, clientes portugueses da Austrália, que vêm cá, conhecem-nos e depois levam para lá. Muitos deles nem são da área, mas acabam por montar um negócio com produtos portugueses e com produtos de lá. E isso é a prova de que realmente Portugal tem valor», considera Sérgio Peixoto.
A curto prazo, contudo, o objetivo é «consolidar» o negócio. «Não estamos com ideias de aumentar. Este ano queremos manter os 2,2 milhões de euros do ano passado», afirma.