A atualização surge como forma de ter em conta a mudança de circunstâncias provocada pela pandemia de Covid-19, mantendo o objetivo de «impulsionar a transição para uma economia mais sustentável, digital, resiliente e competitiva a nível mundial», afirma a Comissão Europeia em comunicado.
«A estratégia atualizada reafirma as prioridades definidas na comunicação de março de 2020, publicada na véspera da OMS declarar a pandemia de Covid-19, ao mesmo tempo que incorpora os ensinamentos retirados da crise para dinamizar a recuperação e reforçar a autonomia estratégica aberta da UE. Propõe novas medidas para reforçar a resiliência do mercado único europeu, sobretudo em tempos de crise. Incide na necessidade de compreender melhor as nossas dependências em domínios estratégicos fundamentais e apresenta um conjunto de instrumentos para lhes dar resposta. Prevê novas medidas para acelerar as transições ecológica e digital», enumera a Comissão Europeia.
Os 14 ecossistemas estratégicos foram analisados no Relatório Anual sobre o Mercado Único de 2021, também publicado recentemente, e além do sector têxtil foram destacados: o retalho; a indústria aeroespacial e de defesa; o agroalimentar; as indústrias culturais e criativas; o ecossistema digital; a eletrónica; as indústrias intensivas em energia; as energias renováveis; a saúde; a mobilidade, transportes e automóvel; a economia social, proximidade e segurança civil; e o turismo. Em conjunto, estes ecossistemas representam cerca de 70% da economia europeia.
Já Valdis Dombrovskis, vice-presidente executivo que tutela Uma Economia ao Serviço das Pessoas, considera que «é essencial dispor de cadeias de abastecimento mundiais resilientes em tempos de crise, uma vez que ajudam a absorver os choques e a acelerar a recuperação. À medida que saímos da pandemia de Covid-19, a nossa estratégia industrial atualizada visa reforçar a posição da Europa enquanto líder industrial mundial, a fim de proporcionar uma vantagem competitiva no domínio das tecnologias digitais e ecológicas. Procuraremos cooperar com parceiros animados do mesmo espírito para apoiar um comércio aberto, justo e baseado em regras; reduzir as dependências estratégicas; e desenvolver as normas e os regulamentos do futuro. Todos estes elementos são fundamentais para o nosso dinamismo económico. Ao mesmo tempo, estamos prontos a agir de forma autónoma sempre que temos de nos defender contra práticas desleais e proteger a integridade do mercado único».
Em reação a este reconhecimento do têxtil, Dirk Vantyghem, diretor-geral da Euratex, afirmou que a confederação está satisfeita com «o reconhecimento de que precisamos de uma forte base industrial na Europa, mas ao mesmo tempo estamos a enfrentar dificuldades para manter essa base, já que as nossas empresas enfrentam desafios significativos relacionados com o excesso de regulamentação e o aumento dos custos da energia e do aprovisionamento. Parece que estão a oferecer ajuda com uma mão, enquanto nos esmagam com a outra».
O ecossistema têxtil na Europa
De acordo com o Relatório Anual sobre o Mercado Único de 2021, o têxtil emprega cerca de 4 milhões de pessoas na Europa, engloba 267 mil empresas, das quais 99,5% PME’s e representa 0,7%, ou 85 mil milhões de euros, do valor acrescentado da UE.
Estes números incluem também o calçado e as peles, sendo que, destaca o relatório, «o ecossistema é particularmente competitivo no vestuário de gama alta e nos têxteis técnicos para aplicações no automóvel, têxteis médicos, agrotêxteis e vestuário de proteção».
Os dados da Comissão Europeia mostram que o ecossistema foi severamente atingido pelo encerramento das lojas de retalho. Em 2020, as vendas a retalho de têxteis, vestuário, calçado e artigos em pele baixaram 24,4%, com o volume de negócios do têxtil na UE a diminuir 9,3% e o da indústria de vestuário a cair 17,7%.
Em termos mundiais, e sendo um sector que depende de mercados de exportação e enfrenta uma forte concorrência internacional, já que mais de 60% em valor das roupas vendidas na UE são produzidas em países terceiros, a Comissão Europeia salienta que «para garantir um campo de atuação nivelado, é particularmente importante assegurar que as importações cumprem a legislação da UE».
A Comissão Europeia tem «iniciativas transformadoras» em curso, nomeadamente para impulsionar o mercado europeu para os produtos sustentáveis e circulares, descritas na Estratégia para Têxteis Sustentáveis, que está a ser preparada. Tem ainda disponível financiamento para apoiar projetos de I&D, que considera serem «cruciais para responder às futuras exigências do mercado» e investimento para apoiar a reciclagem têxtil, tendo em conta que os Estados-Membros vão ter de implementar a recolha obrigatória de resíduos têxteis até 2025. «Neste contexto, e para impulsionar o mercado da UE para têxteis sustentáveis e circulares, é preciso apoio para investimentos em unidades de recolha, seleção e reciclagem».