«É basicamente um statement», justifica a administradora Ana Pinheiro. Num stand onde o novo “M” da Mundotêxtil esteve em destaque e o rosa era a cor dominante, foi, afinal, o verde da ecologia que deu cartas. «Trabalhamos imenso nesta área e temos várias certificações: GOTS, Better Cotton Initiative, Cotton made in Africa», enumera a administradora. «Estamos muito ligados às associações que trabalham diretamente com os produtores. Gostamos muito de trabalhar com eles e achamos que é muito importante. Para além da nossa responsabilidade também ser essa, o tipo de clientes que temos cada vez mais nos exige certificações. Então, basicamente, apresentamos uma coleção que é toda com algodão orgânico», adianta ao Jornal Têxtil.
A mostra de artigos com características mais amigas do ambiente deixou de ser uma opção para passar a ser obrigatória, até por uma questão de diferenciação do produto.
«É o que nos distingue dos outros países. A preocupação, a ética ambiental, a responsabilidade social, tudo isto são fatores diferenciadores. E não só, são uma aposta completamente necessária, porque não podemos fechar os olhos ao futuro e temos que dar a nossa contribuição. A indústria têxtil é altamente poluente no resto do mundo e Portugal tem regras muito apertadas a nível ambiental, de licenças, e leis que têm de ser cumpridas, enquanto que noutros países isso não existe. E cada vez mais o consumidor percebe isso e requer ao cliente, que nos vai requerer a nós, esse tipo de compromisso. Daí a aposta na questão da sustentabilidade», explica a administradora.
Consciencialização interna
Além dos produtos, os próprios processos têm tido uma atenção redobrada, a somar à estação de tratamento de águas e resíduos e à produção de energia limpa, que alimenta a unidade produtiva, através de painéis fotovoltaicos.
«Mesmo em termos internos, há uma série de procedimentos que levamos a cabo, de responsabilização e também de consciencialização dos funcionários, porque o que aprendemos passamos aos nossos colaboradores, temos muito essa preocupação», assume Ana Pinheiro.
A maior produtora europeia de felpos, que emprega atualmente 607 pessoas, tem ainda efetuado investimentos que cumprem não só o objetivo de aumentar a produtividade como também de poupar recursos, que são escassos e, no caso da energia, dispendiosos.
«Temos feito investimentos em maquinaria nova, onde haja o menor consumo de energia», admite a administradora. Em 2019, «vamos acabar a ronda de investimentos que estávamos a fazer nos acabamentos e na confeção, para automatizar mais os processos, e depois temos os planos normais de investimentos pontuais. Mas, neste momento, o investimento grande é nos acabamentos, na tinturaria e na confeção», assegura.
2019 é incógnita
O ano de 2018, onde registou um volume de faturação de 40 milhões de euros «só em felpos», revelou-se, segundo Ana Pinheiro, «desafiante. Foi um ano com muitas incertezas, mas que acabou bem. Cada vez mais as coisas mudam rapidamente. O que hoje é, amanhã deixa de ser. E este frenesim é bom, mas às vezes pode ser um bocado perturbante», confessa a administradora.
Com a quota de exportação nos 98% e os principais mercados centrados na Europa, nomeadamente França e Inglaterra, a que se juntam também no topo dos destinos a Dinamarca, a Suécia e, noutros continentes, a África do Sul, o Japão e os EUA, 2019 promete trazer novos combates. «Ainda está tudo muito expectante, ninguém está a perceber muito bem o que vai acontecer em Inglaterra, o que vai acontecer em França, os mercados, principalmente as economias europeias, deram algum sinal de abrandamento, os EUA são uma incógnita, o Brasil é uma incógnita, por isso há aqui muita coisa a fervilhar», afirma Ana Pinheiro.
As metas para 2019 são, por isso, de consolidação. «Queremos manter o volume de faturação que tivemos este ano, aumentar a produtividade e vender cada vez melhor», resume a administradora da Mundotêxtil.