Entre 1 de fevereiro e 30 de abril, a Inditex registou um aumento de 12% das vendas, para 4,88 mil milhões de euros, com um crescimento de 6% no lucro operacional, para 705 milhões de euros, e uma subida de 6% no lucro líquido, para 554 milhões de euros.
Segundo os analistas, a discrepância entre o crescimento das vendas e o dos lucros – assim como o declínio das margens brutas, que passaram de 59,4% para 58,1% – reflete sobretudo a valorização do euro face a outras moedas. «A Inditex teve um enorme efeito cambial negativo devido à desvalorização de várias moedas (lira turca, real brasileiro, o rublo russo, o peso mexicano…) face ao euro», destacaram os analistas do banco de investimento Mirabaud, citados pelo Financial Times. Os analistas sublinharam ainda que a margem bruta caiu para o nível mais baixo desde o primeiro trimestre de 2009, mas enalteceram a opção do grupo de manter «um controlo apertado dos custos operacionais», assim como um «impressionante crescimento» nas vendas.
O comunicado do grupo espanhol, por seu lado, salienta que a Inditex criou 11.936 novos postos de trabalho, 2.385 dos quais em Espanha, nos últimos 12 meses. «Graças ao forte crescimento do grupo, somos capazes de gerar emprego em todos os nossos mercados de atuação, especialmente em Espanha», refere o presidente do conselho de administração da Inditex, Pablo Isla.
Nas primeiras semanas do segundo semestre, o volume de negócios do grupo espanhol aumentou igualmente 15%, um valor superior ao crescimento de 9% verificado em maio pela rival H&M. «Num ambiente de mercado onde a maior parte dos retalhistas se estão a queixar do tempo, os resultados da Inditex demonstram a força do seu modelo de negócio», considera Jamie Merriman, analista na Sanford C. Bernstein, citado pela Bloomberg.
Enquanto as rivais produzem o vestuário na Ásia, as operações da Inditex estão sediadas maioritariamente na Europa, incluindo Espanha e Portugal, permitindo ciclos de produção mais rápidos. A empresa mantém ainda um baixo inventário, enviando os produtos com base na procura. Isso permite fazer menos saldos quando acontecem imprevistos, como mau tempo, e a mudança dos gostos dos consumidores, evitando o tipo de problema com que se deparam regularmente as concorrentes Gap e H&M.
A Inditex, que é a maior retalhista mundial, com 7.085 lojas em 90 países, abriu 72 lojas em 31 mercados no primeiro trimestre deste ano, ao mesmo tempo que continua a investir no comércio eletrónico, com a abertura de lojas online na Bulgária, Croácia, Eslováquia, Eslovénia, Estónia, Finlândia, Hungria, Letónia, Lituânia, Malta e República Checa, contando agora com uma presença digital em 39 mercados à escala mundial. O comércio eletrónico pode representar 6% das vendas da Inditex este ano, duplicando a proporção em comparação com há três anos, estima Anne Critchlow, analista na Société Générale. «A Inditex tem vindo a registar uma taxa de crescimento das vendas excecionalmente alta há precisamente um ano», afirmou Critchlow à Bloomberg, que prevê um aumento de 10% ou 11% das vendas no segundo trimestre.
A retalhista espanhola conseguiu ainda ter uma forte performance em todos os mercados, incluindo a China – que se tem revelado difícil para diversas marcas, incluindo grupos de luxo como Burberry e Ralph Lauren. «Estamos muito satisfeitos com a nossa performance na China. Acreditamos muito no mercado», afirmou Pablo Isla numa conferência com os analistas.