Breves

  1. ITV turca quer travar produção até ao final de abril
  2. Covid-19 pode custar 700 mil milhões de euros ao comércio
  3. H&M reabre com baixas na China
  4. Gestão de inventários da Levi Strauss resguardada da pandemia
  5. Global PrintExpo em modo virtual para junho
  6. Avanços no trabalho forçado atrasados pelo coronavírus

1. ITV turca quer travar produção até ao final de abril

Uma federação da indústria de vestuário e moda da Turquia está a aconselhar os respetivos membros a interromper a produção até ao final de abril de modo a conter a disseminação do vírus no país. A recomendação foi lançada num comunicado emitido a 8 de abril pela Fashion and Apparel Federation (MHGF na sigla original), destinado a membros como a Izmir Fashion Designers Association, Ankara Clothing Manufacturers Association, Aegean Shoe Manufacturers Association e Istanbul Embroidery Manufacturers Association, entre outras associações, que receberam a indicação de interromper as produções até ao final do corrente mês. Segundo Huseyin Ozturk, presidente da MHGF, o número de casos confirmados pelo novo coronavírus atingiu um pico em toda a Europa e, consequentemente, encerrou várias retalhistas, com a agravante que a Europa é o maior mercado de exportação dos tecidos turcos. «Quando esses mercados reabrirem e regressarem é normalidade é muito importante que estejamos prontos simultaneamente. Isto só será possível ao aplicar isolamento social e ao prevenirmos a disseminação do vírus», afirmou. «Além das nossas fábricas e ateliers que apoiam o sector da saúde com máscaras ou gazes para responder a pedidos externos conforme as exigências do contrato, recomendamos que os nossos fabricantes de têxteis, vestuário, couro e calçado interrompam a produção até ao final de abril», acrescentou o presidente da MHGF.

2. Covid-19 pode custar 700 mil milhões de euros ao comércio

As medidas implementadas pela União Europeia e pelos EUA para combater a disseminação do novo coronavírus podem ter um impacto de 700 mil milhões de euros no comércio mundial durante o primeiro trimestre de 2020. Os dados são da Euler Hermes, acionista da Cosec, que estima que o crescimento mundial será de 0,8%, um valor que decresceu comparativamente com as previsões apontadas antes da pandemia (2,4% contra os 2,5% registados em 2019). Devido às medidas de prevenção como o isolamento e o encerramento de empresas, na Europa, o PIB reflete um panorama de recessão (-4,4%), bem como o da Alemanha, que deverá cair 1,8%. Já em Itália, o país mais afetado pelo Covid-19 até ao momento, deverá registar uma queda de 3,5%. Nos EUA, as previsões da Euler Hermes apontam para um crescimento de 0,5%, se as medidas de contenção se prolongarem durante mais um mês, uma vez que de acordo com a acionista da Cosec, cada mês de contenção impacta entre 20% e 30% o crescimento das economias. O aumento das insolvências é também uma consequência provocada pela crise sanitária, resultante da desaceleração económica que já se fazia prever, mas não de uma forma tão notória. A análise da Euler Hermes antevê um aumento das insolvências em todo o mundo de 14% em 2020 e de 16% na Europa Ocidental. À semelhança dos outros indicadores, o volume de negócios das empresas da Zona Euro vão sofrer uma quebra entre os 15% e 25% até ao final de março, com as margens operacionais a decrescer entre 1% e 1,5%. Apesar de terem sido aplicadas medidas pelos Governos, como adiamento do pagamento de impostos e atribuição de empréstimos que ajudam a controlar os danos provocados pela pandemia, o cenário sem precedentes poderá levar à falência cerca de 7% das pequenas e médias empresas da Zona Euro, o que se traduz num total de 13 mil negócios. O mesmo se verifica na França (10%), Alemanha (quase 9%), Bélgica (8%), Espanha (6%) e Itália (18%), Espanha (17%) e Holanda (21%). Os sectores que sofrem maior risco são a construção, o agroalimentar e os serviços. A líder mundial em seguro de créditos afirma ainda que a suspensão temporária da atividade coloca 65 milhões de empregos em risco ou a necessitarem apoio externo dos Governos. Ainda assim, apesar das consequências causadas pelo novo coronavírus, a crise económica é temporária, pelo que os economistas remetem para uma taxa de desemprego na Zona Euro de mais um ponto percentual (pouco mais de 8%). Deste modo, podem perder-se até 1,5 milhões de postos de trabalho nos próximos 12 meses, especialmente no caso dos trabalhadores independentes ou com contratos temporários. A Euler Hermes antecipa ainda que a recuperação da economia aconteça no segundo semestre de 2020, mas o cenário evolutivo será mais lento para alguns sectores como o turismo e o retalho.

3. H&M reabre com baixas na China

Uma análise das vendas semanais da H&M na China mostrou uma recuperação lenta depois do bloqueio gerado pelo novo coronavírus. A evolução das vendas criou então um cenário de alerta para o futuro pós-pandemia das outras retalhistas. De acordo com informações da GlobalData, ainda que não de forma imediata, as retalhistas devem considerar reabrir as lojas depois das medidas de confinamento aplicadas para enfrentar a pandemia. A empresa analista questiona ainda se o pico da procura do consumidor depois da crise de emergência será suficiente para suportar o custo de operação de todas as lojas de forma imediata. «O desempenho da H&M na China pinta uma realidade dura pela qual os principais mercados de retalho do mundo devem passar», afirma Honor Strachan, analista principal da Global Data. «Os EUA, Espanha, Itália, Alemanha, França, Irão, Reino Unido e Turquia têm o maior número de casos de coronavírus confirmado, excluindo a China, o que se traduz numa baixa significativa nos gastos dos consumidores com a moda», aponta. «Além disso, a H&M opera num segmento de vestuário vencedor no mercado que tem uma escala para negociar com fornecedores, possui um grande portfólio físico, as lojas são novas ou foram modernizadas, a rede opera nos principais locais de retalho, o que faz com a recuperação seja mais vantajosa do que a de muitos dos concorrentes, principalmente os de cadeias menores», explica. Segundo a analista, as retalhistas devem começar a planear uma estratégica de recuperação para cada país em que operam, tendo em consideração a perspetiva dos consumidores e confiança, a estabilidade financeira do país, a propensão do consumidor para gastar em moda, a penetração online, o tempo na estação e o calendário promocional, sendo que são estes fatores que vão ditar quando e como lojas físicas devem reabrir. «Analisando os resultados da H&M na China, as vendas registaram um declínio de 79% na 10.ª semana comparativamente com o ano anterior, apesar de 89% das lojas no país estarem abertas, estes dados levantam a questão se isto é uma estratégia viável para outros mercados afetados devido à sobrecarga nos custos operacionais», admite Honor Strachan. «É compreensível que os retalhistas pretendam abrir as lojas para escoar o stock sazonal e recuperar a faturação perdida, mas o impacto no lucro ao reabrir essas lojas demasiado cedo pode ser grave», reconhece o analista. Nos mercados em que os Governos estão a apoiar as retalhistas, como é exemplo o Reino Unido – onde o Governo suspendeu taxas, impediu os proprietários de despejar as lojas por falta de pagamento de renda, proporcionou rendimentos para os consumidores que estiveram de licença durante um período específico –, pode se benéfico para manterem os colaboradores sem trabalhar até que a recetividade do consumidor para gastar em bens de consumo não essenciais recupere. «É compreensível que as lojas principais sejam uma prioridade para reabrirem o mais rápido possível, mas as retalhistas devem ter em consideração o que as outras estão a fazer em cada região, uma vez que o comércio de rua e os centros comerciais vão impedir fluxos e prolongar o tempo de recuperação. Na China, quase todos as retalhistas voltaram a abrir as lojas, mas a propensão do consumidor para gastar é significativamente maior do que em mercados de retalho mais experientes como os EUA e a Europa Ocidental, por isso esperamos que os calendários de reabertura sejam mais longos do que na China», conclui.

4. Gestão de inventários da Levi Strauss resguardada da pandemia

A gigante americana verificou um aumento de 5% nas receitas líquidas do 1.º trimestre para 1,5 biliões de dólares (1,38 mil milhões de euros) e afirma que as medidas de gestão de inventários indicam um bom posicionamento para enfrentar a tempestade de Covid-19. Para os três meses terminados a 23 de fevereiro, o lucro líquido do grupo aumentou de 146,6 milhões no ano anterior para 152,6 milhões de dólares, subindo na menor taxa de rendimento, mas a compensar em parte com os custos do marketing e da administração. As receitas globais cresceram, apesar de terem atingido os 20 biliões de dólares na Ásia devido ao encerramento de várias lojas para combater o surto do novo coronavírus. Antes da pandemia, o crescimento das receitas líquidas correspondente ao 1.º trimestre na China era de dois dígitos, mesmo que no final desse período a maior parte das lojas tivesse fechado portas. Atualmente, todos os espaços foram reabertos na China à exceção de seis. No 1.º trimestre, as receitas da Ásia sofreram um declínio de 2%, para 240 milhões de dólares, e o lucro operacional caiu 24%, para 33 milhões de dólares. Já no mercado americano, as receitas líquidas aumentaram 4% nesse mesmo período, para 746 milhões de euros, enquanto os ganhos operacionais não verificaram nenhuma alteração, mantendo-se assim nos 124 milhões de dólares. Na Europa, as receitas também subiram, 10%, para 513 milhões de dólares, com o lucro operacional a subir 9%, para 132 milhões de dólares. Por causa da crise de emergência pública vivida hoje, a empresa fechou portas temporariamente na América e na Europa, assim como na maior parte das unidades na Ásia, uma situação que pode provocar um panorama reverso «significativo» nas receitas líquidas, lucros e fluxos de caixa do 2.º trimestre. «Os nossos resultados do 1.º trimestre espelham a força da marca e a eficácia das nossas estratégias para diversificar os negócios, ambos fatores são fundamentais para sairmos da crise atual mais forte do que nunca», afirma Chip Bergh, presidente e CEO da Levi Strauss. «À medida que a tragédia económica e humana se desenvolver a nível global nos próximos meses, estamos a adotar ações rápidas e decisivas para garantir que continuamos a ser vencedores no nosso sector. Acredito que o verdadeiro caráter de uma empresa se revele num momento de crise e, como já fizemos no passado, vamos navegar nesta impulsionando as nossas forças e aproveitando as oportunidades que nos vão ajudar a continuar a prosperar no longo prazo», explica. Durante o 1.º trimestre, os inventários desceram 7% comparativamente com os dados do ano anterior, o que mostra a sua eficiência. Para o futuro, grande parte da estratégia será centrada na gestão de inventário. Numa reunião de investidores, perante os resultados, o grupo referiu que uma maioria significativa do respetivo inventário é de reabastecimento básico ou de produtos «evergreen» que podem ser ainda usados nas próximas estações. O grupo tem «cortado agressivamente as compras e cancelado as encomendas» para os últimos seis meses de 2020, enquanto trabalha com os fornecedores para gerir o fluxo de produtos acabados juntamente com a procura reduzida no curto prazo. Além disso, o grupo pretende aumentar os recursos em loja para que as lojas consigam responder aos pedidos do comércio eletrónico, para ajudar a gerir ainda mais o inventário. «A expansão significativa da margem bruta, o inventário menor e maiores receitas contribuíram para o forte desempenho financeiro no 1.º trimestre de 2020», revela Harmit Singh, vice-presidente executivo e CFO da Levi Strauss ao Just-Style. «No curto prazo estamos a reduzir custos e os gastos de capital, à medida que gerimos o inventário e as margens brutas. Criámos um balanço equilibrado que nos fornece liquidez significativa para enfrentar a tempestade no curto prazo e sair dela ainda mais fortes, com o nosso algoritmo de crescimento intacto», acrescenta.

5. Global PrintExpo em modo virtual para junho

A Revolve Business Management anunciou, no passado dia 30 de março, o lançamento da iniciativa Global PrintExpo, o primeiro centro de conferências e exposições virtuais do mundo para a indústria gráfica. Ao desenvolver o conceito que se apresenta como «criativo e inovador», com início em junho, os diretores Wayne Beckett e Chris Watson da Revolve Bussiness Management utilizaram toda a experiência na execução de exposições de grande escala para a indústria gráfica. «Acreditamos que este é o momento certo para lançar um programa de impressão virtual, não só pelas restrições atuais em participar em feiras fisicamente, que deverá manter por mais algum tempo, mas também por causa das vantagens sustentáveis e facilidade de acesso para visitantes», justifica Wayne Beckett. «Sabemos que muitas empresas estão a preparar-se para lançar novos produtos este ano e sem feiras comerciais, isso poderá ter um impacto massivo nos negócios. A Global PrintExpo foi projetada para prover aos fornecedores uma quantidade regular de consultas durante o ano e o URL dos stands também pode ser usado para oportunidades de marketing e publicidade fora da exposição», conclui.

6. Avanços no trabalho forçado atrasados pelo coronavírus

A pandemia do novo coronavírus está a impedir que haja progressos nos direitos humanos, o que aumenta os riscos de trabalho infantil e de trabalho forçado, alerta o Fórum Económico Mundial (FEM). Com mais de 40 mil pessoas submetidas à escravidão moderna, o Covid-19 só veio agravar ainda mais o panorama desta problemática durante os próximos meses, revertendo assim o avanço realizado para atingir a medida 8.7 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, refere o FEM. «A exploração laboral é resultado da manifestação de equilíbrios de poder. Sabemos que aqueles que são marginalizados, discriminados e carenciados correm maior risco de exploração», admite o FEM num relatório divulgado recentemente. «Essas pessoas correm agora um risco ainda maior porque são vulneráveis à exclusão dos cuidados de saúde adequados, têm o movimento já condicionado ainda mais restrito devido ao fecho das fronteiras, às interrupções das viagens e aos estigmas e discriminação da retórica e política nativistas», reconhece. O FEM também adverte para um risco cada vez maior na escravatura dos migrantes. Um recente relatório das Nações Unidas sobre formas contemporâneas de escravidão aponta para o facto da informatização e da precariedade do trabalho forçado aumentarem o risco de escravidão moderna. «Esse risco tem aumentado imensamente», sublinha o FEM. «A Organização Internacional do Trabalho relatou que a crise laboral e económica criada pelo Covid-19 pode fazer com que o desemprego global aumente em quase 25 milhões. A taxa de trabalhadores na pobreza vai crescer significativamente, com uma previsão de que vão haver entre 20,1 e 25 milhões de pessoas mais na pobreza laboral do que a estimativa dos dados anteriores ao Covid-19», adianta. «Como os Governos a ordenar o encerramento dos negócios considerados não essenciais, milhares de pessoas empregadas, que na sua maioria tem contratos precários com falta ou pouco acesso a licenças médicas pagas e a seguros de saúde, são colocadas em situações mais vulneráveis, que por essa razão as levam a recorrer a trabalhos arriscados ou exploradores», acrescenta. A subsistência dos trabalhadores da indústria de vestuário é também uma das questões levantadas pelo FEM, uma vez que no Bangladesh mais de 100 fábricas fecharam portas, à medida que os retalhistas encerraram as lojas e registaram uma redução no número de pedidos. Numa atualização recente, a Associação de Fabricantes e Exportadores de Vestuário do Bangladesh (BGMEA na sigla inglesa) divulgou que 1.123 fábricas estão a lutar pela sobrevivências e pelo menos 2,24 milhões de trabalhadores estão a ser afetados com a evolução da pandemia, que deu origem ao adiamento e cancelamento de várias encomendas. «A indústria de vestuário no Bangladesh emprega 4 milhões de pessoas, que correm agora o risco de perder o trabalho ou ficar numa situação vulnerável causada pelas perdas de rendimentos. Na Tailândia, há um aumento na procura de fabricantes para conseguir mão de obra barata nas cadeias de aprovisionamento médicas, que privilegiam os trabalhadores migrantes vulneráveis». De acordo com o relatório da BGMEA, as disrupções económicas e sociais causadas pelo Covid-19 vão «fragmentar esforços de resposta» à escravidão de várias formas. «Muitas organizações governamentais de resposta à sociedade civil tiveram os movimentos interrompidos. No Brasil, as operações anti-escravatura foram travadas, uma vez que o grupo governamental está suspenso pela propagação do vírus. Os recursos necessários para apoiar os esforços anti-escravatura, incluindo financiamento, vão ser mais difíceis de solicitar», indica o documento.