- ITV mundial regista 66 incêndios em março
- Australian Wool Exchange contra alterações de critérios da lã
- Indústria têxtil do Haiti regressa ao trabalho
- Tecnologia é fundamental para a comunicação entre empresas
- Fórum Ethical Trade and Human Rights em conferência virtual
- Ara Shoes presenteia em tempos de confinamento
1. ITV mundial regista 66 incêndios em março
Foram registados mais de dois incêndios por dia em toda a cadeia de aprovisionamento da indústria da moda em março, de acordo com um novo estudo, que revelou ainda que a Índia foi o país mais afetado por esta problemática. A análise “Fires in the Fashion Industry Supply Chain”, elaborada por Stephen Frost da CUHK Business School em colaboração com a Goblu, empresa de serviços sustentáveis para indústria têxtil e vestuário, revelou que, em média, houve 2,1 incêndios por dia na cadeia de aprovisionamento da indústria de moda global em março de 2020, o que se traduz num total de 66 incêndios ao longo de todo o mês, dos quais advieram quatro mortes e 50 feridos. Foram detetados incêndios em 18 países, sendo que em oito deles a situação ocorreu duas vezes. Só na Índia sucederam 20 incêndios ao longo de março, o que torna este país responsável por 30% do total de incêndios reportados. Já no Bangladesh ocorreram oito, a Indonésia teve sete, o Brasil, China, Egito e a Turquia verificaram quatro cada um e na Coreia houve três. Os oito países referidos contribuíram para um total de 54 incêndios (82%). Quatro pessoas perderam a vida em três incêndios distintos: uma numa empresa química na Índia, duas numa fábrica de botões também na Índia e uma numa fábrica de algodão no Paquistão, onde os trabalhadores afirmaram que o proprietário dessa mesma empresa tentou ocultar o corpo das autoridades, denuncia o relatório. Verificaram-se 50 lesões em 10 incêndios, com o maior número de feridos assinalado numa fábrica de fiação em Mianmar (24 feridos, cinco dos quais receberam cuidados médicos por inalação de fumo). A Turquia foi o único país com mais de um incidente de incêndio (três pessoas ficaram feridas numa fábrica de calçado, uma teve queimaduras graves e cinco foram hospitalizadas por inalação de fumo, depois de um incêndio numa fábrica têxtil). Segundo o relatório, os incêndios começaram nas fábricas por vários motivos. No entanto, o Bangladesh verificou a causa mais incomum, visto que um dos colaboradores de uma fábrica de vestuário em malha provocou um incêndio, depois da direção da empresa ter negado a sua ausência por causa da pandemia de covid-19. Apesar disso, para a maioria, a causa de incêndio era desconhecida no momento da denúncia. Entre as outras razões para a causa dos incêndios foram apontadas o mau funcionamento elétrico (11%), o funcionamento deficiente das máquinas (3%) e erros humanos (5%). Depois de ter ocorrido em fevereiro um incêndio na fábrica denim em Gujarat, na Índia, foram requisitadas novas medidas de segurança em toda a indústria de vestuário do país, de forma a evitar ocorrências como esta, que causou sete mortes.
2. Australian Wool Exchange contra alterações de critérios da lã
Depois de vários meses de discussão, a Australian Wool Exchange (AWEX) optou por não alterar os parâmetros atuais da National Wool Declaration (NWD) para a lã mulesing e para a lã não submetida à prática de mulesing. A National Wool Declaration (NWD) é o método normalizado na Austrália que se aplica a todas as raças de ovelhas para que os produtores de lã possam assegurar o bem-estar destes animais ao exportadores e retalhistas laneiros. O incentivo para acrescentar uma nova categoria ao formulário da NWD começou em maio do ano passado, com uma revisão da AWEX. Este formulário é uma declaração assinada pelos produtores de lã sobre a prática de mulesing e o risco de fibra escura e medulada da lã. A decisão da associação australiana significa que a lã das ovelhas que tenham sido modificadas com o processo de congelamento da marca vão ser definidas como não submetidas como “non-mulesed”, ainda que vários produtores deste tipo de lã se oponham assim como várias entidades que lutam pelos direitos dos animais. Contudo, a AWEX afirma estar a recolher mais informações relativamente aos testes de bem-estar animal que estão a ser realizados, face este método, para que uma «decisão informada» possa ter tomada. «A próxima revisão será feita quando os testes tiverem finalizado ou em 12 meses, o que acontecer primeiro», refere. O mulesing, uma prática única da Austrália, é uma técnica controversa que envolve cortar grandes porções de pele da parte traseira das ovelhas merino, normalmente sem qualquer atenuante à dor, para tentar evitar mortes causadas por infeções de larvas. A organização mundial de proteção animal Four Paws mencionou um estudo do You Go de outubro, que concluiu que 50% dos australianos que têm conhecimento sobre os tratamentos aplicados aos animais nas cadeias de aprovisionamento de moda estão preocupados com a prática de mulesing. «A realidade é que não havia informações relevantes para tomar essa decisão», sublinha Jo Hall, CEO da WoolProducers, que providenciou observações por escrito para as várias fases do processo de revisão, rejeitando firmemente qualquer alteração na definição de categorias da prática de mulesing e non-mulesing e pedindo que a decisão fosse adiada até obterem mais informações. «Para qualquer organização tomar uma decisão neste momento para alterar a definição de non-mulesing seria não só prematuro, mas também imprudente, como simplesmente não havia informação suficiente disponível para proceder a uma decisão informada. As taxas atuais de Sheep Freeze Branding (SFB) são muito baixas e, por isso, o volume da lã SFB que possa ser declarado pela NWD seria imaterial», conclui.
3. Indústria têxtil do Haiti regressa ao trabalho
Joseph Jouthe, primeiro-ministro do Haiti pretende que a indústria têxtil volte ao ativo na próxima semana quando o estado de emergência inicial decretado pelo país chegar ao fim. Segundo informações provenientes de um relatório divulgado pela Reuters, o Governo haitiano está a avaliar a prolongação do estado de confinamento, mas planeia permitir que a indústria têxtil, responsável por 90% das exportações do país, retome a atividade no dia 20 de abril, independentemente da possível renovação do período de isolamento. A objetivo do Governo é que o sector comece a funcionar com 30% da capacidade total, assegurando o distanciamento social nas instalações laborais. O Haiti, que decretou estado de emergência com o encerramento de fronteiras, escolas, lugares de culto e parques industriais logo após a confirmação dos dois primeiros casos de Covid-19 registados em março, registou já 41 casos confirmados e três óbitos. A iniciativa do Governo mantém-se, ainda que os especialistas de saúde alertem para o facto do surto ainda não ter atingido o pico na América Latina e nas Caraíbas. O Haiti é o país mais pobre do Ocidente, com uma economia de exportações com dependência quase total da indústria de vestuário. Recentemente, o país optou por acelerar a produção deste sector e voltou a introduzir o cultivo de algodão, de modo a reduzir custos e a apoiar a integração vertical. Os principais rendimentos da indústria de vestuário do Haiti são os tecidos de algodão da República Dominicana e os tecidos sintéticos maioritariamente provenientes da China. Desde 2016, as exportações recuperaram significativamente e conheceram um crescimento contínuo em 2019. «A questão divide-se entre morrer de fome ou do coronavírus», afirmou Georges Sassine, presidente da Association des Industries d’Haiti. No início de abril, o Haiti foi um dos 25 países a rapidamente receber 1,9 biliões de dólares (1,75 mil milhões de euros) de um fundo de emergência do World Bank Group para combater a pandemia de Covid-19.
4. Tecnologia é fundamental para a comunicação entre empresas
Com a pandemia a interromper todas viagens não essenciais, a tecnologia ocupa agora o primeiro lugar na comunicação entre as marcas de vestuário e os respetivos fornecedores, afirma a GlobalData. «Os compradores têm agora de repensar como vão trabalhar com os fabricantes nos pedidos e no design do produto», destaca Michelle Russell, correspondente de vestuário da GlobalData. A Next está a analisar várias hipóteses para compensar a falta de contacto com os fornecedores, incluindo videoconferências. Antes do Covid-19, a equipa da retalhista britânica viajava até às fábricas para trabalhar no desenvolvimento do produto, mas agora pede aos fabricantes que enviem as amostras. As videoconferências estão também a ajudar a agilizar todo o processo. As empresas de software estão igualmente a contribuir, à medida que os funcionários iniciam o teletrabalho, para evitar disseminação do vírus. Exemplo disso é a Tukatech, que oferece, aos clientes CAD, a oportunidade de alterar a licença para a nuvem, de forma gratuita, para que os trabalhadores possam laborar em qualquer lugar. Já a Centric Software criou uma série de quick-starts de colaboração online, projetada para que as fábricas, marcas e retalhistas possam operar remotamente. A dinâmica das feiras de maquinaria e sourcing estão a mudar devido ao vírus, que tem causado o cancelamento de vários certames em todo o mundo, o que leva a que os organizadores procurem alternativas digitais. «As empresas precisam agora de encontrar novas formas de contacto que não tinha considerado previamente. Por isso, ter a tecnologia certa, para permitir que as empresas mantenham a comunicação com as cadeias de aprovisionamento tornou-se obrigatório, se pretenderem continuar operacionais», garante Michelle Russel. «[As empresas] podem sair do processo com uma capacidade de comunicar com mais fabricantes do que anteriormente. Isto pode ser o caso de muitas marcas e retalhistas. Vão encontrar inevitavelmente formas mais económicas e eficientes de trabalhar quando a pandemia terminar e a normalização dos negócios for retomada», acrescenta.
5. Fórum Ethical Trade and Human Rights em conferência virtual
O Fórum Ethical Trade and Human Rights de Nova Iorque vai decorrer virtualmente no próximo mês, face às preocupações de saúde pública provocadas pelo Covid-19. A conferência digital vai manter-se nas datas programadas, de 5 a 6 de maio, com a promessa da organização de ser uma experiência envolvente e interativa que replique ao máximo o valor de uma conferência física através do uso de uma plataforma online «sofisticada». «Como Fórum de Inovação, entendemos tão bem como qualquer outra pessoa o valor da conferência física. Contudo, durante estes tempos difíceis, está claro que os encontros físicos não são possíveis e vão continuar a não ser por vários meses», refere a organização do Fórum. A plataforma virtual vai permitir que os participantes planeiem reuniões individuais e discussões em grupo por vídeo, enquanto os oradores e os moderadores têm o papel de garantir a participação do público. Além disso, os grupos de trabalho online e os pequenos debates dos workshops, mediados por especialistas, vão ajudar a aumentar os progressos nos desafios práticos importantes. Entre os oradores encontram-se Michael Beutler, diretor das operações de sustentabilidade no grupo Kering, e Colleen Vien, diretora de sustentabilidade da Timberland, que vão debater como assegurar que as questões sociais continuem a ser uma prioridade para os negócios e consumidores, juntamente com a Greenpeace EUA. Representantes da New Balance e da IBM também vão partilhar métodos para aumentar a rastreabilidade das cadeias de aprovisionamento e priorizar as áreas de elevado risco. Foram várias as feiras canceladas devido à disseminação do novo coronavírus, motivo pelo qual os organizadores foram encorajados a enveredar por alternavas digitais. O evento “Make it British Live!” está também a planear substituir o formato convencional pelo virtual, assim como o Kingpins Amsterdam vai optar por realizar o evento nas mesmas datas, mas, desta vez, online.
6. Ara Shoes presenteia em tempos de confinamento
A marca está a presentear os seguidores, através das redes sociais, durante este período de isolamento provocado pelo agravamento geral da pandemia de Covid-19. O objetivo da iniciativa é presentear as pessoas que mais precisam de apoio durante este período de crise ou simplesmente brindar «quem deve ser surpreendido com um novo par de sapatos». O passatempo realiza-se através das redes sociais, pelo que todas as pessoas têm a opção de participar ao nomear um amigo que seja merecedor do prémio, sendo que ambos, quem nomeia e quem é nomeado, podem receber a oferta da Ara Shoes, quer seja um par de sapatos ou até mesmo uma bolsa, que vão completar um total de 10 ofertas. Os modelos variam entre calçado masculino e feminino e também bolsas que, quando sorteados, são entregues diretamente aos vencedores. A ação da Ara Shoes decorre à segunda feira no Facebook e de terça a sexta no Instagram e teve início a 30 de março. «A marca simboliza a responsabilidade social e sublinha a importância do distanciamento social», refere a Ara Shoes em comunicado.