Breves

  1. Comércio mundial pode baixar 32% em 2020
  2. Covid-19 muda estratégia das produtoras turcas de denim
  3. Gap Inc cancela pedidos das próximas coleções
  4. Comissão Europeia ajuda ITV do Mianmar
  5. H&M pede 980 milhões de euros para assegurar liquidez
  6. Consumo desce mas moda casual sobe nos EUA

1. Comércio mundial pode baixar 32% em 2020

De acordo com os dados mais recentes, o comércio de mercadorias à escala global pode registar uma queda de 32% este ano, visto que a pandemia de Covid-19 está a prejudicar o curso da economia com previsões incertas no que diz respeito ao panorama de recuperação. Segundo economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC), o comércio internacional de mercadorias deverá descer entre 13% e 32% em 2020, um declínio que, referem os especialistas, poderá ultrapassar a crise comercial de 2008-2009. As entidades especializadas preveem ainda quedas de dois dígitos nos volumes de comércio em 2020, com a América do Norte e a Ásia como as regiões mais atingidas. O volume do comércio internacional de mercadorias evidenciou já uma baixa de 0,1% em 2019, provocada pela recessão do clima económico. A totalidade das exportações mundiais de mercadorias verificou uma retração de 3%, para 18,89 triliões de dólares. Apesar disso, a OMC espera que a conjuntura recupere em 2021, ainda que as estimativas sejam condicionadas pela duração do surto e pela eficácia das respostas políticas. «Os números são desanimadores, não se pode ignorar isso», afirma Roberto Azevêdo, diretor-geral da OMC. «Mas é possível uma recuperação vigorosa e rápida. As decisões tomadas agora vão determinar a forma da recuperação e as prospeções globais de crescimento», explica. «Precisamos de incrementar bases em prol de uma recuperação forte, sustentada e socialmente inclusiva. O comércio será um aspeto importante aqui, juntamente com a política monetária e fiscal. Manter os mercados abertos e previsíveis, assim como fomentar um ambiente de negócios mais favorável será critico para promover os novos investimentos que precisamos. Se os países atuarem em conjunto, vamos ter uma recuperação muito mais rápida do que se cada país agir por conta própria», aponta. A OMC também revela que o impacto do novo coronavírus no comércio internacional ainda não é visível na maior parte dos dados de comércio, mas alguns dos principais indicadores sugerem um abrandamento comparável às crises ultrapassadas anteriormente. O PMI global da JP Morgan, referente ao mês de março, indica que os pedidos de exportação de manufaturas baixaram de 50 para 43,3 e os novos negócios de exportações de serviço desceram para 35,5, o que se traduz numa forte recessão. A OMC prevê dois cenários possíveis para o desempenho do comércio no futuro: um cenário relativamente otimista, com uma queda acentuada no comércio seguida de uma recuperação a partir do segundo semestre de 2020, e, numa perspetiva mais pessimista, um declínio inicial mais saliente e uma recuperação mais prolongada e insuficiente. «No cenário otimista, a recuperação será suficientemente forte para aproximar o comércio para o estado pré-pandemia, enquanto o cenário pessimista prevê somente uma recuperação parcial», indica. Deste modo, no cenário positivo, o volume do comércio internacional de mercadorias vai sofrer uma baixa de 12,9% em 2020 e um crescimento de 21,3% em 2021. Já no pior dos cenários, 2020 vai apresentar uma quebra de 31,9% e melhorias de 24% em 2021.

2. Covid-19 muda estratégia das produtoras turcas de denim

O aparecimento de um número crescente de casos confirmados com o novo coronavírus na Turquia está a fazer com as fábricas locais de denim adotem mais precauções estabelecidas pelo Governo. Exemplo disso são a Calik e a Bossa. De acordo com um relatório da Organização Mundial da Saúde emitido a 6 de abril, a Turquia registou 27.069 casos positivos e 574 mortas associadas. Como consequência da propagação da pandemia, a 3 de abril, o Ministério da Saúde decidiu aplicar medidas de recolher obrigatório para menores de 20 anos e proibiu todas as deslocações entre cidades para evitar maiores cadeias de contágio. Deste modo, de 3 a 18 de abril, estão proibidas as deslocações entre as 31 províncias do país, com exceção das entregas de bens essenciais como alimentos, medicamentos e veículos de logística específicos. O uso de máscaras nos espaços públicos é também uma das medidas obrigatórias. Apenas uma semana antes, a Turquia tinha decretado o recolher obrigatório para as pessoas com idade superior a 65 anos, a faixa etária da população considerada o grupo de maior risco face à pandemia. Todas estas restrições estão a fazer com que as fábricas de denim do país, uma vez que a Turquia é um centro global de produção denim, mudem de estratégia. A Calik Denim divulgou, através do Instagram, que vai prolongar a suspensão da atividade produtiva e administrativa. «Neste processo, estamos a tomar todas as providencias ao mais alto nível e a preparar novos planos de ações para acompanhar os desenvolvimentos», escreveu a Calik Denim na rede social. Mesmo assim, são várias as fábricas que continuam em atividade, ainda que com algumas precauções e limitações. A Bossa resolveu encerrar as instalações de Adana durante duas semanas, mas reabriu parcialmente a 6 de abril. No início de cada dia de trabalho, as instalações fabris são desinfetadas com os devidos produtos químicos e a temperatura dos funcionários é medida logo à entrada. A Bossa aconselhou ainda a que os trabalhadores assegurassem a distância entre si e recorressem ao uso da máscara para uma maior proteção. «Acreditamos que as pessoas vão superar este vírus e vamos voltar a encontrar-nos em dias mais saudáveis», referiu um representante da Bossa à Rivet.

3. Gap Inc cancela pedidos das próximas coleções

A retalhista de moda suspendeu a produção da maior parte dos produtos designados para as lojas físicas ao longo de 2020. A Gap Inc, que detém marcas como a Gap, Banana Republic e Old Navy, pediu aos fornecedores que não enviassem os produtos acabados da coleção de verão, à exceção dos artigos confecionados para a plataforma online e solicitou ainda que adiassem a produção para o outono, revelou o Business of Fashion. Os fornecedores de tecidos foram também contactados para interromper a produção e deixar os produtos pendentes nas próprias instalações até novas informações. A empresa americana tem vindo a enfrentar vários desafios económicos resultantes da crise provocada pelo novo coronavírus, que a obrigou a encerrar as suas lojas na Europa e na América do Norte, deixando alguns colaborares em lay-off, reduzindo o número de funcionários efetivos e suspendendo temporariamente o pagamento de salários de toda a equipa diretiva e conselho administrativo. «As lojas são a força vital dos nossos negócios e mesmo continuando a operar nas plataformas de comércio eletrónico, elas simplesmente não conseguem compensar o encerramento das nossas lojas», explicou a Gap Inc num e-mail enviado aos fornecedores, que foi divulgado pelo Business of Fashion. «Por muito que queiramos minimizar os impactos nas nossas cadeias de aprovisionamento, a situação é instável e precisamos continuar responsivos», escreveu no e-mail a retalhista, que se escusou a comentar o sucedido. Deste modo, a Gap Inc junta-se ao grupo de retalhistas que estão a adiar e cancelar pedidos que, consequentemente, deixam as fábricas em situações delicadas, levando incluisve ao encerramento permanente das instalações ou ao despedimento de trabalhadores pela impossibilidade de pagar salários, como é o caso no Bangladesh, Índia e Mianmar, onde já sucederam greves e surgiram pedidos de ajuda. Alguns retalhistas como a H&M, Inditex, Marks & Spencer, Kiabi, PVH Corp e Target estão a ser alvos de críticas em relação à posição na qual deixam os fornecedores com quem mantêm relações laborais por terem adiado ou cancelado vários pedidos. Segundo a Associação de Fabricantes e Exportadores de Roupas de Bangladesh (BGMEA), os cancelamentos dos pedidos nas fábricas do Bangladesh atingiram mais de três biliões de dólares (2,76 mil milhões de euros). Esta posição é problemática para ambas as partes das cadeias de aprovisionamento, afetando as relações comerciais, pelo que retalhistas como a Gap Inc podem ter mais dificuldade em ultrapassar este período. Nos resultados fiscais apresentados em março, referentes ao ano 2019, verificou-se uma queda nas vendas comparáveis de 1%, anunciou a Gap Inc, que salientou também que as vendas da Old Navy, as mais significativas para o grupo, sofreram um declínio face ao ano anterior. À semelhança das vendas comparáveis, as vendas líquidas da retalhista também caíram 1%, para 16,4 biliões de dólares. As previsões das vendas comparáveis para 2020 eram menores, na escala de um dígito, do que as registadas no ano passado, mesmo antes da disseminação da pandemia. «Estas estimativas podem mudar, se houver um deterioramento significativo das tendências atuais», declarou o grupo quando divulgou os resultados. Por várias razões, o agravamento até ao momento tem sido significativo com o número de óbitos por coronavírus a aumentar nos EUA, atingindo os 10 mil, segundo a Johns Hopkins University, o que resulta numa falta de condições para que os retalhistas do país possam voltar à normalidade num curto espaço de tempo. «Devido à evolução da situação do coronavírus, estamos a enfrentar um período de incerteza no que diz respeito ao impacto potencial na nossa cadeia de aprovisionamento e na procura dos clientes», declarou, em março, Sonia Syngal, CEO da Gap Inc. «Durante os nossos 50 anos de história, a Gap Inc enfrentou muitas tempestades. Vamos tirar benefícios do nosso forte balanço e da nossa geração de caixa, bem como da nossa importante relação com os vendedores neste período difícil. Estamos centrados em ações decisivas que possam garantir uma boa posição para emergirmos nos próximos anos», concluiu.

4. Comissão Europeia ajuda ITV do Mianmar

A CE lançou um fundo de resposta rápida que visa ajudar 70 mil trabalhadores da indústria têxtil e de vestuário do Mianmar, na sequência do impacto da pandemia de Covid-19. O fundo de assistência rápida ascende a cinco milhões de euros e destina-se, principalmente, a todas as colaboradoras que tenham perdidos os postos de trabalho durante a atual crise. «Pagamentos rápidos e não burocráticos em dinheiro vão ajudar os trabalhadores a pagar a alimentação e a evitar despejos», refere a organização. O fundo vai ser distribuído pelo grupo Smart Myanmar, uma iniciativa fundada na União Europeia, que pretende promover o vestuário “made in Myanmar” e as práticas sustentáveis. «O nosso objetivo é atingir aproximadamente 70 mil desempregados da indústria de vestuário com a assistência financeira necessária durante os meses difíceis de maio, junho e julho, quando esperamos um baixo volume de encomendas nos pedidos do estrangeiro», revela. «Entre os que recebem ajuda, o fundo vai apoiar cerca de 80% de trabalhadores “em crise”, ou seja, aqueles que estão desempregados ou a enfrentar despejos, e ainda vai transferir dinheiro para os trabalhadores das pequenas e médias empresas que concordarem em manter os colaboradores e fornecer pelo menos o apoio equivalente», explica.

5. H&M pede 980 milhões de euros para assegurar liquidez

A segunda maior retalhista a nível mundial assinou uma linha de crédito de 980 milhões de euros para reforçar a sua liquidez durante a pandemia do novo coronavírus, avançou a Reuters. Em comunicado, a H&M afirma que o crédito bancário a 12 meses, com a opção de prolongamento por mais seis meses, surgiu por acréscimo a uma facilidade de crédito não aplicada assinada em 2017 e com vencimento em 2024. «A liquidez da H&M permanece boa. O grupo continua a trabalhar para combinar diferentes soluções de financiamento», indicou a retalhista. A 3 de abril, a H&M desvendou planos para angariar mais dinheiro destinado a outras iniciativas, para mitigar os efeitos causados pela propagação do Covid-19, tendo alertado para as perdas que vai sofrer pela primeira vez em décadas no segundo trimestre do ano.

6. Consumo desce mas moda casual sobe nos EUA

As marcas desportivas como a Lululemon, Nike e Adidas continuam a liderar as preferências de moda dos adolescentes nos EUA, devido à procura da moda mais casual, ainda que as práticas de consumo destes compradores tenham atingindo o nível mais baixo registado nos últimos nove anos, fruto do novo coronavírus. Em geral, os gastos dos adolescentes desceram 13% ao ano e sucessivamente 4%, para 2.300 dólares (2100 euros), o valor mais baixo registado desde o outono de 2011, revela o 39.º relatório semestral “Taking Stock With Teens” da Piper Sandler. As análises incidem nas tendências dos gastos e nas preferências por marcas de 5.200 adolescentes dos 41 estados dos EUA. De acordo com a Piper Sandler, os consumidores da geração Z, nascidos em meados dos anos 90 e no início dos anos 2000, contribuem com cerca de 830 biliões de dólares anuais para as vendas a retalho dos EUA. Este grupo demográfico é a primeira geração que cresceu sem conhecer o mundo antes dos telemóveis e outros dispositivos eletrónicos. Ainda assim, a alimentação continua a ser a principal categoria de gastos dos adolescentes, com uma percentagem de 25%, um valor superior aos 23% registados no outono de 2019 para as marcas desportivas que se tornam cada vez numa tendência. Exemplo disso, é a retalhista Lululemon que atingiu o nível mais alto de todos os estudos, garantido o 6.º lugar na classificação das marcas preferidas pelos adolescentes. Já a Nike conquistou o 1.º lugar, com a liderança tanto na categoria de vestuário como calçado, seguindo-se a American Eagle, Adidas, Hollister e Pac Sun, que fecharam o Top 5 das marcas de vestuário. A Vans, Adidas, Converse e Foot Locker foram as preferidas no sector de calçado. Também a Crocs conquistou uma posição de destaque como a 7.ª marca preferida, logo depois da Birkenstock, em 6.º lugar. No centro das preocupações face ao comportamento de gastos dos consumidores, os adolescentes mencionaram o meio ambiente como a principal problemática e só depois o novo coronavírus. O estudo decorreu de 17 de fevereiro a 27 de março, já numa altura em que vários adolescentes se encontravam em confinamento na sequência da pandemia, o que se intensificou nas três últimas semanas do inquérito. A Piper Sandler, empresa responsável pela pesquisa, revelou que o menor número de respostas obtidas se registou no nordeste dos EUA, onde o surto de Covid-19 tomou maiores proporções. «O nosso inquérito de adolescentes da primavera foi realizado durante um período de agitação significativa, à medida que o mundo (e os adolescentes dos EUA) enfrentavam o Covid-19. De facto, acreditamos que maioria das nossas respostas veio de adolescentes inquiridos nas próprias casas. Não só o coronavírus foi apontado como a segunda maior preocupação política e social pelos adolescentes, como também se denotou uma inquietação considerável face à economia, com uma queda corresponde de 13% nos gastos comparativamente ao ano passado», refere Erinn Murphy, analista sénior da Piper Sandler. «No que diz respeito às preferências das marcas, continuamos a ver o estilo mais casual a emergir, ainda mais com a Nike a conquistar o 1.º lugar e a Lululemon a alcançar um novo recorde no inquérito, como a 6.ª marca favorita», acrescenta.