- Coats alia-se à Gerber Technology na produção de EPI
- «Equilíbrio estético» em loja com Decenio x Alexandra Moura
- Abril abre com 31% dos pedidos cancelados
- Défice comercial dos EUA caiu em fevereiro para o menor nível em três anos
- Governos do Mekong devem proteger trabalhadores migrantes
- Abandonar a fast fashion é «fundamental» para a indústria
1. Coats alia-se à Gerber Technology na produção de EPI
A produtora de linhas industriais uniu-se à iniciativa da Gerber Technology para ajudar os fabricantes a converterem a produção para equipamento de proteção individual (EPI). Neste âmbito, a Coats vai contactar as empresas que estão a mudar a produção para EPI, integrando assim a ação, o que possibilitará encontrar alternativas de escoamento para os seus produtos. Linhas, acabamentos, produtos especializados, suporte técnico e serviços são alguns dos parâmetros e materiais de «alta qualidade» que a Coats oferece às empresas que, seguindo as regulamentações aplicadas ao EPI, mudem a produção para esta área. «Em tempos extraordinários podemos ser mais eficazes ao trabalharmos em parceria por um bem maior. Ao colaborar, com a nossa inovação e experiência podemos proporcionar um momento de definição da indústria que é maior que a soma das suas partes», afirma Rajiv Sharma, diretor executivo da Coats. Até ao momento, o programa da Gerber juntou mais de 600 empresas e associações da indústria, que compõem um leque de especialistas que podem aconselhar, partilhar melhores práticas, disponibilizar suporte e tecnologia para produzir determinados tipos de máscaras, além de vestuário e acessórios de proteção, incluindo a aquisição de matérias-primas e apoio local. «Trabalhar na indústria como um único ecossistema de profissionais, com diversos conhecimentos e formações, permite-nos apoiar as empresas a converter a produção para EPI, fornecendo apoio para a seleção de matérias-primas, aquisições, especificações técnicas para a entrega de produtos acabados. Trata-se de uma iniciativa ambiciosa, mas com muito trabalho da nossa equipa e dos nossos parceiros, vai ser rapidamente um mecanismo poderoso para impulsionar a produção massiva de equipamentos de proteção individual sólidos e eficientes», explica, por seu lado, Mohit Uberoi, CEO da Gerber Technology.
2. «Equilíbrio estético» em loja com Decenio x Alexandra Moura
A coleção-cápsula da Decenio desenvolvida em colaboração com a criadora de moda Alexandra Moura estará disponível na loja online da marca depois do lançamento oficial, que será a 17 de abril. A coleção, que pisou as passerelles na 53ª edição da ModaLisboa com um «equilíbrio estético» entre a identidade da Decenio e a estética de Alexandra Moura, prepara-se para vestir na estação quente. A colaboração resulta do trabalho contínuo da marca do grupo Cães de Pedra para repensar a identidade da Decénio, que pretende assumir um caráter mais «jovem e irreverente» com a ajuda da designer Alexandra Moura para reinterpretar as linhas clássicas da marca. A coleção caracteriza-se pelo caráter «utilitário» das peças, que se desvenda com um corte oversized, formas, volumes e padrões, sem esquecer os apontamentos mais femininos como os laços, tecidos florais e a tendência da manga balão. As peças da linha, destinada à primavera-verão, exploram tecidos acetinados, manipulados e tecnológicos, numa paleta de cores onde predominam os azuis, laranjas e beges.
3. Abril abre com 31% dos pedidos cancelados
A indústria têxtil mundial registou uma quebra de 31% no número de pedidos entre o final de março e o início de abril, indica um novo estudo da Textile Manufacturers Federation (ITMF), que está a conduzir uma pesquisa sobre o impacto do novo coronavírus no sector. A primeira parte do estudo realizou-se de 13 a 25 de março, contou com uma amostra de 34 inquiridos e os resultados mostraram que, em média, as empresas de todas as regiões sofreram uma quantidade «significativa» de cancelamentos ou adiamentos de encomendas, o que traduziu numa baixa de 8% nos pedidos durante o período referido. A segunda parte decorreu de 28 de março a 6 de abril e incidiu em 700 participantes, que revelaram que os pedidos baixaram, em média, 31% a nível mundial. «Apenas há três semanas, algumas regiões não estavam completamente afetadas pela pandemia de Covid-19. Os novos números de encomendas e de faturação ilustram a extensão dramática que esta pandemia está a ter na indústria de todo o mundo. A incerteza face à duração da crise pesa profundamente no sector», refere o ITMF, que destaca a falta de procura e liquidez como os maiores desafios que a indústria enfrenta atualmente. Os resultados do segundo estudo indicaram ainda que as empresas de todo o mundo preveem que o respetivo volume de negócios de 2020 seja significativamente menor comparativamente com o ano passado. Para 2020, a média mundial, aponta para menos 28% de faturação do que em 2019.
4. Défice comercial dos EUA caiu em fevereiro para o menor nível em três anos
O défice comercial dos EUA em bens e serviços desceu novamente em fevereiro, comparativamente com o mês anterior, para o nível mais baixo nos três últimos anos, uma vez que as importações baixaram mais do que as exportações. O défice acumulou um total de 39,9 biliões de dólares (36,5 mil milhões de euros) num mês, o que se traduz numa queda de 12,1% em relação aos 45,5 biliões de dólares registados em janeiro, com as importações a evidenciar um declínio de 6,3 biliões de dólares, para 247,5 biliões de dólares, segundo as estatísticas divulgadas pelo Departamento de Comércio dos EUA. Já as exportações caíram 0,3 biliões, para 7,5 biliões de dólares, e as importações desceram 4,2 biliões de dólares, para 27,7 biliões. As maiores perdas foram registadas na China, com 19,7 biliões de dólares, uma queda de quatro biliões de dólares face a janeiro. Foram apontados outros decréscimos, como o caso da UE (12,6 biliões de dólares), México (9,7 biliões de dólares) e Canadá (1,6 biliões de dólares). Na perspetiva da Sandler, Travis & Rosenberg (ST&R), as baixas nas importações e exportações espelham o começo da desaceleração provocada pelo novo coronavírus. «[Os declínios] devem-se, em grande parte, às medidas adotadas para combater a pandemia de Covid-19», destaca a ST&R. Os excedentes referentes ao mês de fevereiro foram registados na América Central e na América do Sul (5,9 biliões de dólares), Brasil (1,9 biliões de dólares), Hong Kong (1,5 biliões de dólares) e Reino Unido (1,3 biliões de dólares).
5. Governos do Mekong devem proteger trabalhadores migrantes
A vulnerável situação dos trabalhadores migrantes na crise do novo coronavírus está a ser destacada pela Mekong Migration Network (MMN), que apela aos Governos da sub-região do Grande Mekong, incluindo a Tailândia, Camboja e Mianmar, que apoiem e protejam esses trabalhadores, mesmo os que continuam em atividade nas fábricas. O Governo destes países apelou aos trabalhadores migrantes para evitarem o regresso ao respetivo país de origem durante a pandemia, uma medida que para muitos se traduz na «falta de emprego, comida e um verdadeiros risco de desalojamento». Outra problemática para estes trabalhadores é o facto de que muitos não poderem integrar as iniciativas governamentais, uma vez que não possuem documentos. Mesmo que regressem aos países de origem, os trabalhadores enfrentaram mais desafios devido ao facto do Mianmar, Camboja e Laos terem colocado todos os migrantes de quarentena, sendo que a falta de documentação prejudica, uma vez mais, o acesso aos cuidados básicos de saúde. Por sua vez, o regresso dos trabalhadores também causa dificuldades para as famílias que os vão receber, por terem de os alimentar e hospedar de forma inesperada, sem tempo para preparação prévia. «A crise de Covid-19 aumentou a necessidade dos Governos disponibilizarem uma linha de segurança social para os mais vulneráveis, mesmo para os trabalhadores migrantes, porque a doença não respeita fronteiras nem se preocupa com a condição social das pessoas nem com a situação de imigração», afirma a Mekong Migration Network. A organização Clean Clothes Campaign (CCC) apela também às autoridades competentes dos países de origem e dos países de destino que tomem medidas imediatas para proteger e zelar pelo bem-estar dos migrantes e das respetivas famílias. O Governo tailandês aprovou algumas medidas para facilitar os regulamentos de imigração a 24 de março, para que os trabalhadores migrantes registados e os filhos possam prolongar o direito de permanecer e trabalhar no país até 30 de junho. Nesse mesmo dia, foi ainda aprovado um regulamento de medidas de compensação para abrandar as regras aplicadas aos trabalhadores registados no Social Security Fund (SSF). No entanto, ainda que a Mekong Migration Network tenha considerado as práticas aplicadas satisfatórias, as medidas não vão ser suficientes para ajudar quem enfrenta faltas de meios de subsistência causadas pela pandemia de Covid-19. «Um número significativo de migrantes não está qualificado para estas iniciativas do Governo, por não terem documentos para se registarem, visto que o Social Security Fund exclui muitas profissões de migrantes por estarem no sector informal». Neste âmbito, a Mekong Migration Network fez algumas recomendações às autoridades como, por exemplo, permitir que os trabalhadores possam aceder aos serviços de saúde pública de forma gratuita independentemente da condição de migrante, a realização de campanhas com informações sobre assuntos relacionados com a pandemia nos idiomas apropriados, medidas que aliviem todos os trabalhadores de qualquer sector, mesmo os sem documentos, e o apoio adequado para as famílias que perderam rendimentos perante a emergência de saúde pública.
6. Abandonar a fast fashion é «fundamental» para a indústria
A estabilidade a longo prazo para a indústria mundial da moda só pode ser atingida se as empresas e os consumidores abandonarem o conceito fast fashion e adotarem uma nova perspetiva sobre o sector, revela um novo estudo. Nos EUA, em média, um consumidor compra uma peça de vestuário a cada 5,5 dias e, na Europa, foi registado um aumento de 40% nas compras de vestuário entre 1996 e 2012, segundo o estudo “The environmental price of fast fashion”, publicado por cientistas escandinavos no jornal Nature Reviews Earth and Environment. «O aumento drástico na produção têxtil e no consumo de moda resulta da emergência da fast fashion, um modelo de negócio que se baseia em oferecer, aos consumidores, novidades constantes sob a forma de produtos com preços baixos e que seguem tendências», afirma a análise. «Este modelo de negócio tem sido extremamente bem-sucedido, comprovado pelo crescimento sustentado, pelo desempenho de mais retalhistas de moda tradicionais e pela entrada de novos players no mercado, como os retalhistas online, que podem oferecer mais flexibilidade e entregas mais rápidas de novos produtos e também com maior frequência», indica. «Como resultado, as marcas, atualmente, estão a produzir quase o dobro do número de coleções comparativamente com os anos anterior a 2000, quando o fenómeno do fast fashion se iniciou. O aumento global da procura de produção de vestuário é de cerca de 2% ao ano», destaca o estudo. O “The environmental price of fast fashion” também revela que a indústria da moda tem um consumo de água muito acentuado, com os autores do estudo a calcularem que são necessárias cerca de 200 toneladas de água para produzir uma tonelada de têxteis. Este sector é ainda responsável por cerca de 190 mil toneladas de poluição microplástica primária nos oceanos. «Em última instância, a estabilidade a longo prazo da indústria da moda depende do abandono total do modelo do negócio de fast fashion, associado à sobreprodução e ao consumo excessivo, e a correspondente diminuição no fluxo de materiais», referem os autores. «Tais transformações exigem uma coordenação internacional e requerem novas mentalidades que devem ser adotadas pelas tanto pelas empresas como pelos consumidores», acrescentam. De acordo com o estudo, o investimento em tecnologia recente para o controlo de poluição é um «requisito essencial» para o futuro a curto prazo da indústria têxtil, necessária para remover químicos, metais pesados e outras substâncias tóxicas das águas residuais. «A simplificação de processos industriais, incluindo a redução do número de produtos químicos aplicados pode reduzir os custos de produção, o que pode ser um incentivo económico para implementar práticas mais sustentáveis. Seguindo a mesma lógica, os modelos de negócio criativos concebidos com um design proativo reduzem o desperdício, evitam a produção excedentária, contribuindo para um negócio ambientalmente mais sustentável», aponta o estudo. Para combater todas estas problemáticas, os autores sugerem mudar o sistema convencional (adquirir, fabricar, descartar) e adotar um sistema circular que abranja três etapas: reduzir (eficiência), fechar (reciclagem) e abrandar (reutilização). Sugerem ainda novos modelos de negócio como aluguer, leasing, atualização, reparação e revenda. «A slow fashion é o futuro. No entanto, precisamos de um maior entendimento do sistema de como fazer a transição para esse modelo, que requer criatividade e colaboração entre os designers e produtores, as várias partes interessadas e os consumidores finais», reconhecem os cientistas escandinavos. «Além disso, deve ser construído um sistema funcional para reciclagem de têxteis. Um dos desafios mais difíceis daqui para a frente será mudar o comportamento do consumidor e o significado do conceito de moda. Os consumidores devem entender a moda mais como um produto funcional do que entretenimento e estarem prontos a pagar preços mais elevados, que tenham em conta o impacto da moda no ambiente», admitem.