- LVMH avança no comércio eletrónico
- Levi’s cresce em loja própria
- Retalhistas querem on e offline
- Renner falha chamada de crescimento
- Reebok lança sapatilhas biodegradáveis
- Consumidor pode resolver desigualdade salarial
1. LVMH avança no comércio eletrónico
O conglomerado de luxo francês LVMH apresentou recentemente o seu projeto de comércio eletrónico, com o lançamento de uma plataforma multimarca que agrega marcas como a Louis Vuitton, ao lado das rivais Gucci e Prada. O LVMH vai assim posicionar-se como concorrente de plataformas como o Yoox Net-a-Porter e a Farfetch. O website foi batizado 24Sevres.com e as encomendas serão expedidas a partir de França para mais de 75 países. O foco inicial é o pronto-a-vestir feminino e 68 marcas vão contribuir com produtos exclusivos para o lançamento. Este é o maior projeto de comércio eletrónico do LVMH desde que a grupo recrutou para os seus quadros o ex-executivo da Apple, Ian Rogers, para liderar os esforços digitais da empresa em 2015. O website é também a primeira plataforma de comércio eletrónico multimarca do LVMH para a moda desde que o grupo descontinuou as vendas no ELuxury.com em 2009. Este website, que começou a vender bolsas de luxo em 2000, foi pioneiro no comércio eletrónico de luxo, mas caiu por terra quando as marcas apostaram nas vendas através das suas flagships online. Os esforços no comércio eletrónico, de resto, têm sido desiguais dentro das marcas de moda do LVMH desde que a Louis Vuitton começou a vender online em 2001. A Fendi iniciou uma loja na web apenas na primavera de 2015 e a Céline ainda não tem presença.
2. Levi’s cresce em loja própria
A força das lojas próprias da marca no exterior e em solo norte-americano compensaram os tempos «muito, muito difíceis» do comércio grossista nos EUA para a Levi Strauss & Co, com a gigante do jeanswear a apresentar resultados mistos no primeiro trimestre. Nos EUA persistiram os desafios relacionados com os grandes armazéns mas, em contrapartida, os resultados das lojas próprias foram positivos. «As nossas lojas [dos EUA] estão bem», afirmou o CEO, Chip Bergh, ao Wall Street Journal. Tendo aberto 41 lojas próprias no ano passado, Bergh antecipa a possibilidade de mais inaugurações. «Mesmo aqui nos EUA, onde o retalho é desafiante, as nossas vendas cresceram», revelou, exaltando o controlo que a Levi’s consegue ter nos espaços que opera diretamente. A receita geral subiu 4,3%, para 1,1 mil milhões de dólares (aproximadamente mil milhões de euros) no primeiro trimestre, enquanto as receitas nas Américas aumentaram 1,2%, para 578 milhões de dólares. As receitas europeias subiram 12,3%, para 310 milhões de dólares e a Ásia cresceu 2,4%, para os 214 milhões. «A concentração no mercado internacional, a construção do portefólio do negócio da Levi’s e a aposta no canal direto ao consumidor levaram-nos a contornar um ambiente muito, muito difícil no retalho grossista nos EUA, que continua muito, muito desafiante para nós», reconheceu Bergh. A aposta no canal online também mostrou resultados, já que as vendas diretas ao consumidor cresceram 10% no trimestre. As vendas globais do retalho grossista aumentaram 2% com a força na Europa a compensar os declínios do negócio nos EUA, particularmente devido à debilidade dos grandes armazéns. Já a receita líquida da Levi’s caiu 9,3%, para os 60 milhões de dólares nos três meses encerrados a 26 de fevereiro, enquanto as margens brutas desceram de 51,2% de 53,2% no ano anterior.
3. Retalhistas querem on e offline
Websites como a Amazon e a Made.com estão a abrir showrooms físicos para que os consumidores possam ver os produtos antes de comprá-los online. O fundador da Amazon, Jeff Bezos, deverá abrir até 400 lojas físicas para vender livros e já inaugurou um supermercado de 1.800 metros quadrados em Seattle, em dezembro. Cinco marcas online abriram lojas físicas no Reino Unido no ano passado, segundo o grupo Savills. Os novos showrooms estão a aparecer, em parte, para fins de branding e, também, porque os consumidores gostam de ver e sentir determinados produtos antes de comprá-los. Contudo, a mudança deve-se também aos custos dos retalhistas online: se um cliente experimentar um artigo em loja, há menos probabilidade de devolução. Os clientes online devolvem cerca de 30% das suas compras, razão pela qual retalhistas online como a Asos têm margens operacionais de 4%. As lojas físicas são também um mal necessário para qualquer retalhista que ofereça o serviço de compra online e recolha em loja. A necessidade de cortar custos decorre ainda do facto das vendas online estarem a crescer a um ritmo menos acentuado. O crescimento anual da receita online vai desacelerar para 4,8% em 2022, face aos mais de 14% na década anterior, de acordo com as previsões da Global Data.
4. Renner falha chamada de crescimento
A Renner, a maior retalhista de vestuário do Brasil, falhou as estimativas de lucro no primeiro trimestre, com as despesas crescentes associadas às aberturas de lojas a ofuscarem o maior volume de vendas. Em comunicado, a Renner revelou que o lucro líquido totalizou 67 milhões de reais (aproximadamente 19,6 milhões de euros) no último trimestre, face aos 65,5 milhões de reais no exercício anterior. As projeções dos analistas apontavam para os 70,3 milhões, de acordo com a Thomson Reuters. Em novembro de 2016, o diretor financeiro da Renner, Laurence Gomes, garantiu que a cadeia de vestuário iria manter as suas ambiciosas metas de expansão para 2021, apesar dos gastos do consumidor não mostrarem sinais de recuperação. A retalhista brasileira deverá aumentar o seu número de lojas para 450 em 2021, face às 290 atuais. Isso implicará a abertura de cerca de 30 lojas por ano a partir de 2017, ritmo mais rápido do que em 2015 e 2016. No Brasil, as vendas de retalho caíram 6,2% em 2016, o pior ano desde 2001, quando o país enfrentou o segundo ano de uma recessão que deixou mais de 12 milhões de pessoas desempregadas.
5. Reebok lança sapatilhas biodegradáveis
Numa altura em que a sustentabilidade ganha cada vez mais relevância dentro das marcas, a Reebok está a planear lançar umas sapatilhas fabricadas com algodão orgânico e milho biodegradável ainda este ano. A iniciativa Cotton + Corn faz parte de um programa cujo objetivo é produzir calçado a partir de «coisas que crescem» em vez de materiais sintéticos não biodegradáveis. O presidente da Reebok, Matt O’Toole, adiantou que a empresa está a tentar mudar o facto da maioria das sapatilhas acabar em aterros sanitários e que a Cotton + Corn é uma das várias iniciativas em incubação. A empresa está a trabalhar com a DuPont Tate & Lyle Bio Products, que produz uma “borracha” biodegradável derivada do milho industrial. O produto será usado para a sola das sapatilhas. A Reebok está concentrada na sustentabilidade do início ao fim do ciclo, com sapatilhas obtidas com materiais que podem ser cultivados. Quando as sapatilhas tiveram cumprido a sua finalidade, não terão um impacto nocivo se descartadas. Ainda que a Puma tenha registado uma procura reduzida quando lançou as bolsas e vestuário biodegradáveis inCycle há quatro anos, a evolução tecnológica e a crescente consciência do consumidor podem resultar num feedback diferente para a Reebok.
6. Consumidor pode resolver desigualdade salarial
Um relatório recentemente divulgado pela Copenhagen Fashion Summit revelou que, se o consumidor pagasse mais 1,35 euros por t-shirts vendidas a 25 euros, seria possível duplicar os salários daqueles que as produzem. Quando as empresas de moda equacionam um aumento nos custos de um produto, tendem a inflacionar o preço em toda a cadeia de aprovisionamento, incluindo as remarcações no retalho, o que aumentaria, por exemplo, o preço dessas mesmas t-shirts em 6,75 euros. No entanto, o relatório mostra que é possível cobrar ao consumidor um valor acrescido de 1,35 euros, que seriam repassados ao trabalhador na sua totalidade. «Esse modelo exige um pensamento verdadeiramente inovador e o fim das práticas de negócios em vigor há décadas», refere o relatório.