Bovi e a arte do enobrecimento

Referência na roupa de cama bordada, a Bovi continua também a investir nos acabamentos, que já representam 50% das suas vendas, com 10% advindos das exportações diretas, num valor superior a um milhão de euros.

 

Os clientes estrangeiros procuram, cada vez mais, as valências e competências da Bovi na arte de bem acabar o tecido e a empresa, para dar resposta à altura das exigências, não poupa esforços nem olha a meios. «Vamos fazer um pavilhão novo para melhorar o layout dos acabamentos, pois estávamos com falta de espaço», revelou Amélia Marques na edição de fevereiro do Jornal Têxtil.

O novo espaço, com uma superfície de 2.300 metros quadrados, vai igualmente melhorar «as cargas e descargas, que hoje em dia se fazem pelo mesmo sítio», destacou a administradora da Bovi, que possui um efetivo de 160 trabalhadores.

Com uma capacidade de 100 mil metros por dia, a área dos acabamentos, agrupados sob a chancela da Vaz da Costa, deverá também acolher novos equipamentos. «Temos algumas máquinas para substituir, como a máquina de secar e a calandra, mas são investimentos pequenos. Em 2017 ou 2018 iremos seguramente trocar a máquina de branquear. Isso já representa um investimento mais avultado, na ordem de um milhão de euros», acrescentou Amélia Marques.

Já a outra área de negócios da empresa, os bordados, onde trabalha com a marca própria Bovi, para além do private label, recebeu novos trunfos tecnológicos nos dois últimos anos, que a deixaram mais que apta para continuar a dar cartas no sector. «Para sermos mais rentáveis tínhamos de comprar máquinas mais produtivas. Claro que com isso aumentámos a capacidade instalada, que agora devemos trabalhar para que seja completamente aproveitada», explicou a administradora da Bovi. «Atualmente trabalhamos só com dois turnos, mas produzimos mais do que quando eram três. Precisamos agora de arranjar mais clientes para o terceiro turno, só que isso requer tempo e trabalho», afirmou.

Mas tais ingredientes compõem já a receita com que tem cozinhado os bons resultados ano após ano. A Bovi registou dois crescimentos consecutivos a dois dígitos, 15% em 2014 e 10% no ano passado, para um volume de negócios superior a 16 milhões de euros. «2014 e 2015 foram anos excelentes. E 2016 vamos ver… Acho que há uma instabilidade política que, sem dúvida nenhuma, afeta os negócios. Os negócios hoje em dia dependem muito disso», admitiu Amélia Marques. «Veja, por exemplo, a boa relação e os negócios que tínhamos com a Rússia. De um momento para o outro ficaram afetados por culpa de quem? Não é da empresa nem do parceiro – é por contingências que não controlamos de todo», apontou.

Deste modo, a Bovi tem buscado clientes noutras latitudes, nomeadamente pelos continentes americano e asiático.  «Estamos a crescer na Coreia do Sul. É difícil ganhar a confiança dos orientais, mas estamos a consegui-lo», afirmou a administradora da Bovi, acrescentando ainda que «uma aposta nova é o mercado dos EUA, onde temos uma parceria com um distribuidor para distribuir a nossa marca», que espera ver coroada de sucesso com o novo acordo do Transatlantic Trade and Investment Partnership (TTIP).