Os problemas continuam no comércio a retalho alemão. Os fracos resultados do ano passado e as previsões relativamente ao corrente ano obrigam os retalhistas alemães a uma redução acentuada das despesas. Neste contexto, o grupo KarstadtQuelle tem sido bastante afectado e tanto a Karstadt como a Quelle sentem uma grande necessidade de diminuir as suas despesas correntes. Deste modo, a gerência do grupo está a elaborar um plano extensivo de poupança para reequilibrar as despesas que aumentaram fortemente durante o ano fiscal 2003.
Os especialistas do Commerzbank partem do princípio de que nenhuma das filiais do grupo obteve lucro durante o ano passado. Segundo os cálculos do banco, a KarstadtQuelle concluiu 2003 com um prejuízo de 40 milhões de euros. Em relação às previsões do grupo que partiram de um lucro de 250 milhões de euros, este resultado é mais do que assustador. Segundo pessoas próximas do grupo, são sobretudo as lojas de retalho que geram problemas. Em 2003, o volume da Karstadt, Sinn-Leffers e Wehmeyer diminuiu 4,8 por cento em relação ao ano anterior. O lucro após impostos baixou quase mais de 50 por cento, o que obrigou o grupo a accionar o travão de emergência. O alvo principal dos novos planos de poupança são, novamente, os trabalhadores. Para 2004, a Karstadt prevê uma redução de 3 por cento no volume de vendas. O director da KarstadtQuelle, Wolfgang Urban, e o director da Karstadt, Helmut Merkel, querem compensar esta baixa através principalmente de uma diminuição do número de colaboradores. Segundo especialistas da área, a Karstadt vai ter de despedir cerca de 3.800 pessoas para compensar esta baixa de 3 por cento. No entanto, os representantes dos trabalhadores já anunciaram medidas de resistência. Referem-se ao facto de, em 2001, já terem sido despedidos cerca de 8.000 colaboradores. «Não vamos aceitar nenhum compromisso até ao momento em que a gerência apresente estratégias e perspectivas claras para as lojas», afirma um porta-voz dos trabalhadores. Os problemas não vêm de um excesso de colaboradores, mas de uma baixa do volume de vendas por causa de falhas nas ofertas, de um excesso destocks e de um aumento das despesas não relacionado com os colaboradores. De forma a evitar um confronto directo com os seus empregados, a gerência planeia estratégias alternativas para diminuir as despesas com o pessoal, incluindo, entre outras, uma diminuição do salário dos gerentes em 15 por cento, a criação de novos modelos de trabalho e um aumento das horas de trabalho sem aumento do salário. A Otto é também alvo de planos de poupança. A gerência do grupo quer tornar os processos administrativos mais eficazes e reduzir as despesas de administração. Segundo o Financial Times Deutschland, estes objectivos bastante vagos correspondem a uma diminuição nas despesas de, pelo menos, 25 por cento na central da empresa em Hamburgo. Foram sobretudo os negócios na Alemanha que provocaram grandes problemas para a Otto. Já no ano fiscal 2002/2003, o volume de vendas do catálogo principal diminuiu 2,6 por cento em relação ao ano anterior, atingindo apenas 2,3 mil milhões de euros.A situação actual não parece nada favorável. Segundo especialistas da área, a razão principal é o sistema interno da Otto. A empresa ainda não se adaptou à nova situação no mercado, um processo que, por exemplo, a Quelle e Neckermann já experimentaram. A empresa confiou demais na sua posição de líder no mercado alemão, mas as quedas do volume de vendas parecem ter disparado os sinais de alarme.