Dado o bom desempenho da Lameirinho no contexto dos têxteis-lar a nível mundial, o Jornal Têxtil visitou a empresa e registou algumas das iniciativas que estão na base da sua estratégia de sucesso
JORNAL TÊXTIL Um volume de negócios de 16,3 milhões de contos (um crescimento de 16,4% em relação a 1999), pode ser considerado o resultado de um programa de investimentos bem sucedido?
COMENDADOR ALBANO COELHO LIMA – O exercício de 2000 apresentou-se francamente favorável, quer nos objectivos qualitativos alcançados quer no volume de negócios conseguidos e nos resultados obtidos. Tal como tinha sido projectado, a Lameirinho intensificou a sua estratégia de flexibilização e diferenciação assente na melhoria constante da qualidade e na criação de novos produtos que satisfaçam as necessidades dos clientes. Para além do aumento do volume de produção referido, os resultados líquidos após impostos de 510 mil contos (+31%); os Meios Libertos ultrapassaram os 2,8 milhões de contos (+ 21%) relativamente a 1999. Os investimentos realizados totalizaram 1,7 milhões de contos e foram direccionados para as áreas da inovação, melhoria da qualidade e produtividade.
JT – Qual foi o plano de investimento, em linhas gerais, preparado para o exercício de 2000?
CACL – Concluído que foi o vultuoso investimento ao abrigo do PEDIP II, e que ultrapassou os 11 milhões de contos no período de 1994/1999, a empresa projectou e concluiu no biénio 1999/2000 novos investimentos direccionados para a inovação, qualidade e produtividade no montante de 3,5 milhões de contos, dos quais 1,7 milhões de contos foram investidos no exercício de 2000. Estes últimos investimentos vieram proporcionar à empresa melhores condições de controlo dos processos de fabrico e maior flexibilidade no que concerne à mudança mais rápida de artigos, por forma a satisfazer os tempos de execução cada vez menores impostos pelos clientes. Ainda a este respeito importa realçar que está concluído o investimento no sector de amostras de tecelagem, cujo valor ascendeu a 142 mil contos.
JT – O IMIT acabará no final deste ano. Já têm novos projectos para o POE?
CACL – Face ao elevado esforço financeiro efectuado nos últimos 5 anos e com vista a melhorar os rácios economico-financeiros, a estratégia da Lameirinho para o ano de 2001 passa pelo investimento a um ritmo inferior àquele verificado nos últimos 5 anos. Assim, os investimentos a apresentar em 2001 serão os necessários para a conclusão da estratégia de investimento estabelecida. Mesmo assim, o montante previsto de investimento atingirá um valor de 750 mil contos.
JT O mercado americano tornou-se o mais significativo na carteira de clientes da empresa. Quais as razões para esta alteração ocorrida em 2000?
CACL – Pela sua dimensão e poder de compra, o mercado americano é claramente um mercado apetecível e de exploração desejada. Com a estratégia de evolução apontada para produtos com maior valor acrescentado e com níveis de qualidade superior, o mercado dos EUA é sem dúvida aquele que consegue absorver estes critérios. O cultivo de boas relações com este mercado e com os intervenientes no mesmo (agentes, distribuidores e clientes) também se revelou útil na prossecução dos nossos objectivos. Neste momento, a Lameirinho é vista como sinónimo de qualidade em produtos texteis-lar.
JT Acredita que o abrandamento da economia americana, verificado nos últimos meses, poderá alterar as boa situação comercial actual?
CACL – O peso da economia americana no cenário económico mundial justifica o nosso olhar atento para os sinais que emite e os comportamentos que pode gerar internamente e até em outros mercados. O abrandamento da economia americana é algo ao qual estamos atentos, mas que neste momento não constitui um factor alarmista na evolução dos nossos negócios com os nossos parceiros neste mercado.
JT Podemos dizer que ainda hoje, a Lameirinho é um dos maiores fornecedores nacionais do mercado norte-americano?
CACL Sim, a Lameirinho continua a ser um dos maiores fornecedores nacionais de lençóis para os EUA, senão mesmo o maior.
JT Pode-nos adiantar neste momento mais alguns dados em relação à constituição de uma empresa de distribuição nos EUA?
CACL – É um projecto que continua em estudo dentro da estratégia de expansão dos nossos negócios no mercado americano.
JT Qual foi o objectivo da compra da ASA?
CACL – Veio reforçar a nossa posição como Grupo Lameirinho e como actor no mercado nacional dos têxteis-lar. Permitiu-nos ter acesso a uma maior rede de comercial para os produtos do Grupo ASA, Lameirinho e Ninho e apresentar uma oferta mais variada e integrada ao consumidor final. No plano do funcionamento global das duas empresas, podemos também apresentar um saldo positivo na medida em que foi possível juntar esforços e sinergias que resultaram em aproveitamentos mais eficientes das capacidades produtivas das duas empresas.
JT O Projecto Room Service com o CPD atingiu os objectivos?
CACL – Este foi um projecto muito específico que contou com a colaboração da Lameirinho/ASA pela sua ideia de criatividade e possibilidade de testar um sector bastante tradicional em termos de têxteis-lar. A iniciativa Room Service integrou-se perfeitamente na filosofia da empresa em acompanhar a evolução do mercado hoteleiro, as suas necessidades e a sua capacidade de absorver novas propostas. No entanto, há que salientar que, dado o carácter ainda generalista do nosso mercado, continuam a existir dificuldades em coordenar a procura com a existência de produtos inovadores e criativos. A presença da Lameirinho/ASA nesta iniciativa comprovou claramente a nossa capacidade em propôr soluções novas para situações específicas e confirmou o nosso olhar atento para o sector.