- Vestuário lidera vendas online nos EUA
- Adidas lança vestuário responsivo para atletas
- BCI quer travar trabalho forçado
- Coronavírus abala exportações do Sri Lanka
- Moda é a mais afetada no Reino Unido
- Textile Exchange cria certificação para mohair
1. Vestuário lidera vendas online nos EUA
Novos dados sobre o consumo online indicam que os consumidores americanos estão longe de restringir as compras de vestuário durante a crise de saúde provocada pelo novo coronavírus, concentrando os seus gastos em vestuário, calçado e acessórios. De acordo com a especialista em pagamentos Klarna, nos sete dias terminados a 28 de março, a quota das compras feitas através da Klarna nas categorias de vestuário, calçado e acessórios cresceram 18% entre a geração Z. Os consumidores dessa faixa etária, entre os 18 e os 23 anos, aumentaram a sua quota para 52%, face aos 44% na semana que terminou a 21 de março. Os dados da Klarna mostraram ainda que os millennials também aumentaram em 13% o consumo de vestuário, calçado e acessórios na semana encerrada a 28 de março e, na comparação semanal, a sua quota cresceu de 32% para 36%. Na mesma semana, a geração X aumentou as compras em 4% nesta categoria, que representa 26% no volume total aquisitivo na semana com término a 21 de março, um valor que subiu para 27% na semana com fim a 28 de março. A análise da Klarna, que trabalha com quatro mil parceiros de retalho nos EUA, incidiu no comportamento de consumo de sete milhões de consumidores, com o objetivo de destacar as categorias de produtos mais comprados. «Descobrimos que os consumidores dos EUA estão a concentrar muito as compras online em vestuário, calçado e acessórios durante este período difícil», afirma o CEO da Klarna, Sebastian Siemiatkowski. «Para as marcas e retalhistas, os dados podem sugerir que os consumidores estão a preferir adquirir artigos mais confortáveis para trabalhar em casa, bem como roupa de desporto para que possam fazer exercício na sala de estar. Os compradores estão também a aproveitar as opções de pagamento que lhes confiram flexibilidade e controlo para adquirir as coisas que precisam para os ajudar a passar por este período de isolamento», explica. O estudo da Klarna revelou que a categoria Casa e Jardim registou um crescimento de vendas em todas as gerações mencionadas. Pelo contrário, o volume de vendas das categorias de lazer, desporto, hobby, marketplace e produtos intangíveis, que incluem bilhetes para eventos e viagens, diminuíram para todas. No que diz respeito aos artigos de eletrónica, a geração X foi o único grupo a aumentar o número de compras nesta categoria, que registou um aumento de 11%.
2. Adidas lança vestuário responsivo para atletas
A marca de artigos para desporto desenvolveu o que garante ser o sistema mais avançado de vestuário responsivo que protege os atletas de fatores externos que possam condicionar a performance de treino. Criado para todo o tipo de desportistas, a coleção Ready utiliza tecidos responsivos que ajudam o desempenho dos atletas independente das condições climáticas, refere a empresa alemã. «Com um aumento global dos desportos outdoor, a Ready permite que os atletas de todas as modalidades treinem sem a distração de competir com elementos externos», acrescenta. A coleção usa um sistema de camadas inteligente que possibilita ao atleta construir conjugações modulares que correspondam às necessidades sazonais, selecionando diferentes peças que podem ser coordenadas sem aumentar o volume na zona das costuras e que permitem a máxima liberdade de movimentos dos atletas, conforto e ventilação. Esta tecnologia deveria ser testada pelos atletas olímpicos no próximo verão, que iriam usar a Heat.Rdy nos Jogos Olímpicos de Tóquio, agora adiados para 2021. A tecnologia fazia parte dos equipamentos das seleções da Grã-Bretanha, Alemanha, Etiópia e Hungria, assim como dos atletas e equipas patrocinados pela Adidas a nível mundial. Pensada para múltiplas formas de movimento, a Ready inclui calções, t-shirts, camisolas e casacos, utilizando quatro sistemas tecnológicos que apoiam a performance dos atletas em situações intensas, incluindo a tecnologia de mapeamento corporal, que oferece zonas de ventilação precisas para manter o corpo fresco quando o calor aumenta, e ainda têxteis híbridos que absorvem a transpiração e ajudam no processo de arrefecimento corporal. A Heat.Rdy foi lançada a 16 de março nas lojas Adidas de todo o mundo e os artigos das linhas Cold.Rdy, Wind.Rdy e Rain.Rdy vão chegar a tempo do outono-inverno 2020/2021.
3. BCI quer travar trabalho forçado
A Better Cotton Initiative (BCI) criou uma equipa especializada para avaliar elementos selecionados do Better Cotton Standard System em relação ao trabalho forçado. Com base nessa reavaliação, a chamada Task Force on Forced Labour and Decent Work vai fazer recomendações para melhorar a eficiência do sistema em termos de identificação, prevenção, mitigação e resolução de riscos de trabalho forçado. O Better Cotton Standard System é uma abordagem holística à produção sustentável de algodão, que abrange três parâmetros da sustentabilidade – social, ambiental e económico – e ainda responde aos muitos desafios presentes na produção de algodão. Atualmente, a BCI está focada em consolidar o princípio seis do seu sistema, que aborda diretamente o trabalho digno e o trabalho forçado, sendo que o primeiro se rege sob as condições de uma remuneração justa, segurança e igualdade nas oportunidades de aprendizagem e progressão num ambiente onde as pessoas se sintam protegidas, respeitadas e aptas para partilhar as preocupações e terem a oportunidade de negociar melhores condições de trabalho. A equipa agora criada reúne representantes da sociedade civil, retalhistas, marcas e consultoras especializadas em direitos humanos e trabalho forçado nas cadeias de aprovisionamento, nomeadamente no sector têxtil. Conta ainda com um consultor de projeto com experiência em lidar com os riscos de trabalho forçado e trabalho infantil nas produções de algodão na Organização Internacional do Trabalho (OIT). Entre os membros está Lydia Hopton, diretora de comércio ético para casa e vestuário na M&S, Aditi Wanchoo, diretor sénior de desenvolvimento de parcerias sociais e ambientais da Adidas e ainda executivos da Solidaridad, Anti-Slavery International, Fair Labor Association e Human Rights Watch. Para se adaptar e responder aos desafios do trabalho digno nas produções de algodão como as da China Ocidental, a BCI assegura estar «ativamente empenhada» a negociar as questões de trabalho forçado com os envolvidos. No início de março, a BCI interrompeu as atividades em Xinjiang, na China, por suspeitar de condições laborais abusivas na região.
4. Coronavírus abala exportações do Sri Lanka
O Sri Lanka está a enfrentar uma quebra no número de encomendas de vestuário por causa da incerteza gerada pelo Covid-19 entre retalhistas e consumidores. À semelhança de muitos outros sectores, a indústria de vestuário está já a sofrer um atraso no fornecimento de matérias-primas oriundas da China, onde muitas das operações se encontram paralisadas. Rehan Lakhany, presidente da Associação de Exportadores de Vestuário do Sri Lanka contou à EconomyNext que os mercados de exportação da Itália e da Alemanha estão a ser bastante afetados pela propagação do vírus. «O que é assustador é que as nossas encomendas sejam canceladas ou reduzidas, o que será ainda pior», lamentou. A indústria de vestuário do Sri Lanka é a maior exportadora do país, com uma quota perto de 40%. Segundo Lakhany, que disse estar preocupado com facto do vírus poder impedir os consumidores de comprar roupa, algumas fábricas estimam uma queda entre os 20% e os 30% nas encomendas a partir de junho. «Isto tem um duplo impacto. Por um lado, estamos a ser afetados pelo fornecimento de matérias-primas, por outro temos de encarar uma redução nos pedidos», contou à EconomyNext. O presidente da Associação de Exportadores de Vestuário do Sri Lanka acrescentou ainda que a falta de matérias-primas se vai estender até junho, o que vai fazer com que várias fábricas fechem portas por duas ou três semanas e outras prolonguem o período de encerramento até terem os tecidos e matérias-primas necessários para estar em condições de retomar a produção. Foram vários os países afetados pela pandemia China, nomeadamente Camboja, Vietname, Etiópia e Myanmar, que dependem de tecidos e acessórios provenientes do Império do Meio. No mês de março foi confirmado o encerramento de uma fábrica por falta de matérias-primas em Myanmar, que deixou mais de mil funcionários desempregados, uma situação que, de acordo com as autoridades do Camboja, se pode verificar pela desaceleração sentida em 200 fábricas de vestuário no país.
5. Moda é a mais afetada no Reino Unido
A indústria de moda, incluindo vestuário e calçado, é a mais afetada no Reino Unido pelo novo coronavírus que, segundo uma nova análise, vai despoletar uma queda de um quinto no consumo este ano. Segundo a GlobalData, estes sectores enfrentam um maior impacto devido a não serem considerados serviços essenciais. Como resultado, no dia 23 de março, todos os retalhistas de bens não essenciais do Reino Unido foram obrigados a fechar as lojas por três semanas, uma vez que todo o país entrou em confinamento com exceção dos serviços essenciais. «Prevê-se que os gastos em vestuário e calçado desçam 11,1 mil milhões de libras (cerca de 12,6 mil milhões de euros) em 2020, o que representa uma queda de um quinto do valor de mercado que é equiparável às vendas combinadas de três líderes de mercado: Primark, Marks & Spencer e Next», admite Patrick O’Brien, diretor de análise de retalho da GlobalData no Reino Unido. «O vestuário e o calçado vão ser os sectores de retalho mais atingidos em 2020 pelo coronavírus devido ao cariz não essencial e à necessidade inexistente de comprar roupas novas, visto que o público evita interações socais e muitos estão em isolamento. Isto vai fazer com que a primavera-verão seja um fracasso para os players da indústria de vestuário», reconhece O’Brien, acrescentando que muitos retalhistas vão ser forçados a cancelar, como fez a Primark, a adiar ou a reestruturar encomendas para evitar perdas de stock significativas em junho e julho. «Esperamos que muitos retalhistas de moda entrem em falência como resultado de um sector que está já vulnerável. Ainda que as plataformas de venda online continuem ao alcance dos consumidores, prevê-se também um declínio acentuado nestas vendas, visto que o tempo disponível para comprar online não vai compensar a falta de eventos para usar roupas novas», aponta. Estima-se que as vendas nestes sectores diminuam em 20,6% em 2020, um cenário contraditório quando comparado com a previsão de crescimento anterior ao surto para 2020 de um aumento de 0,6%. Na prática, as previsões da GlobalData indicam uma perda de 12,6 mil milhões de libras nas vendas a retalho no Reino Unido. «Agora, antevê-se que o mercado total de retalho para 2020 alcance 333,7 mil milhões de libras, em comparação com a previsão anterior de 346,3 mil milhões de libras, o que se traduz numa queda de 1,7% em relação a 2019 (originalmente a GlobalData previa mais 2%). A empresa atualmente perspetiva uma recuperação em 2021, mas somente para voltar aos valores de 2019. «Quando a crise de saúde regredir, vai haver uma recessão para lidar e vai levar muito tempo a recuperar a confiança do consumidor», avança Patrick O’Brien.¬ O estudo da GlobalData baseia-se num cenário em que o pico da pandemia é em abril, com a maior parte das lojas encerradas ou severamente afetadas até ao final de maio. As vendas de produtos não-alimentares, segundo a GolabData, vão apresentar melhorias em junho, mas a situação dos padrões de consumo não vai normalizar até outubro.
6. Textile Exchange cria certificação para mohair
A organização sem fins lucrativos lançou uma nova certificação Responsible Mohair Standard (RMS) para atestar que a fibra é produzida em condições agrícolas que respeitam o bem-estar tanto do animal como do ambiente. A certificação está a ser lançada com a primeira revisão do Responsible Wool Standard (RWS), originalmente criado em 2016 pela Textile Exchange, e aplica um «forte sistema de garantia» para fazer auditorias regulares nas propriedades produtoras e rastrear a matéria-prima até ao produto final. O RMS foi pensado para assegurar o bem-estar dos animais, nomeadamente das cabras Angorá, das quais provém a fibra mohair, para que sejam cuidadas de forma humana e saudável. «O RMS ajuda toda a gente a identificar aspetos de melhoria nas propriedades e nos negócios», afirma Marx Strydom, produtor de mohair em Jansenville, na África do Sul. «Também contribui para que os agricultores tenham alguma paz de espírito relativamente ao padrão que cumprem e isso tranquiliza-os. A ideia de que as instalações e práticas de todos precisam de corresponder a um padrão mínimo é excelente», explica. O RMS baseia-se e está estritamente alinhados com o RWS e, em conjunto, são aplicados nas cadeias de aprovisionamento, sendo que ambos se regem pelo Textile Exchange Animal Welfare Framework, que destaca os princípios e expectativas que orientam os padrões de bem-estar animal da Textile Exchange. O RWS registou uma forte recetividade em toda a cadeia de aprovisionamento com propriedades certificadas nos principais países produtores de lã. A revisão inclui esclarecimentos e atualizações nos módulos de bem-estar animal e de gestão territorial que abrangem orientações sobre a biodiversidade. «Acreditamos que o RWS responde a uma necessidade específica do mercado. É a nossa missão, como parceiro fiável para os produtores e consumidores de todo o mundo, transmitir esta mensagem a todos os nossos preciosos fornecedores», destaca Giovanni Schneider, CEO do The Schneider Group. Os principais objetivos do RMS e do RWS são garantir, à indústria, as melhores ferramentas possíveis para reconhecer as práticas dos criadores, garantir que a fibra provém de produtores responsáveis, criar uma referência para o sector de modo a promover os cuidados com os animais e providenciar um sistema de supervisão sólido desde o início da criação da fibra até ao produto final.