Breves

  1. Pandemia faz repensar práticas de compra da ITV
  2. Vestuário do Bangladesh perde milhões em receitas de exportação
  3. GOTS 6.0 avalia diferenças salariais
  4. Radici da China apoia Bergamo
  5. Pelos ganham estratégia mundial
  6. Frente de combate da impressão 3D ao Covid-19

1. Pandemia faz repensar práticas de compra da ITV

Devido ao efeito do coronavírus, a indústria da moda precisa de repensar a forma como implementa os negócios e as práticas de compra que devem ser formuladas para garantir a sustentabilidade ambiental e social, revela um novo artigo académico publicado pelo Center for Global Workers Rights (CGWR), que analisa os desenvolvimentos recentes nas cadeias de aprovisionamento de vestuário, com foco maioritário no Bangladesh. De acordo com o relatório, desde que a pandemia se propagou, mais de metade dos fornecedores do Bangladesh teve a maior parte das encomendas, em produção ou já concluídas, canceladas. Quando os pedidos foram cancelados, 72,1% dos compradores negaram-se a pagar pelas matérias-primas já compradas e 91,3% dos compradores recusaram-se a pagar pelo custo de corte e acabamento, segundo a CGWR. Como resultado do panorama de cancelamento, 58% das fábricas inquiridas revelaram ter que encerrar a maioria ou todas as operações. «Todas as partes estão a sentir um grande peso causado pelo Covid-19», afirma o relatório. «Não obstante, nem todas as partes estão posicionadas da mesma forma para dispor da liquidez necessária para cobrir as despesas. Com o encerramento de lojas, shoppings, retalhistas e marcas estão a ter um enorme impacto nos resultados financeiros», explica. «O impacto nas fábricas fornecedoras é, contudo, muito mais extremo, visto que não têm acesso ao capital dos clientes». A CGWR pediu a todos os compradores que «respeitem os termos dos contratos de compra» e paguem aos fornecedores pelos pedidos já em produção ou concluídos. Os fornecedores, por sua vez, também devem garantir que os pagamentos sejam usados para cobrir todos os salários e benefícios legalmente exigidos, incluindo indenizações a trabalhadores demitidos, destaca o relatório. Há ainda pedidos de que o Governo do Bangladesh continue a «mobilizar todos os recursos à sua disposição» para subsidiar os fornecedores e proporcionar o devido apoio salarial durante a crise. «No futuro, é necessário repensar a maneira como a indústria atua. As práticas de compra devem ser reformuladas, para garantir a sustentabilidade social e ambiental. Isso inclui pedidos estáveis, pagamentos pontuais e mecanismos de preços que cobrem o custo total da produção sustentável, a partir de salários dignos e benefícios adequados às receitas tributárias, que permitem que os Governos construam redes de segurança social adequadas. E isso inclui permitir que a participação dos trabalhadores seja parte integrante desse processo, através do respeito total pelo direito de formar sindicatos e negociar coletivamente», conclui estudo.

2. Vestuário do Bangladesh perde milhões em receitas de exportação

O país asiático pode perder cerca de 5,5 mil milhões de euros em receitas de exportação, visto que as marcas e os retalhistas continuam a cancelar pedidos de encomendas aos fornecedores de vestuário. Como consequência da propagação do novo coronavírus e da tentativa do Governo para impedir a sua transmissão, fechando as lojas, foram várias as fábricas que viram os pedidos de encomendas cancelados ou até mesmo o adiamento de pagamentos. A Associação de Fabricantes e Exportadores de Roupas de Bangladesh (BGMEA, na sigla inglesa) já tinha manifestado preocupação face à situação, que pode resultar na falta de pagamento dos salários para os trabalhadores fabris, o que pode levar a distúrbios sociais em todo o país. Recentemente, a retalhista de moda sueca H&M assegurou os pagamentos dos artigos ainda em produção ou já fabricadas. De acordo com Mostafiz Uddin, diretor-geral da Denim Expert, são várias as marcas que decidiram seguir o exemplo da retalhista sueca. A PVH, Target, Inditex, Marks & Spencer e Kiabi decidiram também dar essa garantia. «Estas etapas são grandes e importantes por muitas razões. Em primeiro lugar, a H&M, M&S, Inditex PVH e a Target são as marcas que compram a maior quantidade de vestuário do Bangladesh. Saber que aceitaram pagar pelas encomendas que já foram fabricadas ou que estão em produção tranquiliza os fabricantes», reconhece Mostafiz Uddin. «Neste preciso momento, encomendas no valor de cerca de 2,7 mil milhões de euros foram canceladas no Bangladesh. Quase metade está quase concluída ou finalizada e mais cancelamentos se avizinham. Mais fábricas de vestuário no Bangladesh vão ficar inativas até março e abril. Isso quer dizer que as fábricas vão ser forçadas a demitir temporariamente ou fechar de vez. O nosso sector está a enfrentar uma crise, não há dúvidas», admite. Por seu lado, Mohammad Hatem, vice-presidente da Associação de Fabricantes e Exportadores de Malhas de Bangladesh (BKMEA, na sigla inglesa) avançou à Reuteurs que perdeu mais de 2,7 mil milhões de euros com todos os pedidos cancelados ou adiados até julho. Já a BGMEA indicou que cerca de 1.048 fábricas que faziam parte da sua organização registaram mais de 900 milhões de peças de vestuário canceladas ou com produção adiada, o que pode afetar cerca de dois milhões de trabalhadores, uma vez que o ano fiscal do Bangladesh decorre de 1 de julho a 30 de junho.

3. GOTS 6.0 avalia diferenças salariais

De acordo com a versão mais recente do Global Organic Textile Standard (GOTS), os utilizadores certificados vão ter de calcular a diferença entre os salários efetivamente pagos e os salários realmente dignos e vão ser ainda incentivados a trabalhar no sentido de encurtar essa distância. A versão GOTS 6.0 surge após um processo de revisão, realizado a cada três anos, com o objetivo de definir critérios sociais e ecológicos mais rigorosos para manter a relevância da norma. As partes interessadas, com experiência no campo da produção orgânica, processamento têxtil, química têxtil e critérios sociais e representantes da indústria, ONGs e consumidores, contribuíram para esta nova versão durante o ano passado, a partir de várias revisões de consulta. O GOTS abrange todo o processamento pós-colheita (incluindo fiação, tricotagem, tecelagem, tingimento e confeção) de vestuário e têxteis-lar fabricados com fibra orgânica certificada, como o algodão orgânico e a lã orgânica, e inclui critérios ambientais e sociais, oferecendo total rastreabilidade do produto. No GOTS 6.0 mantiveram-se os requisitos principais como o teor de fibras orgânicas certificadas, a proibição geral de produtos químicos tóxicos e nocivos, o algodão convencional e o poliéster virgem, bem como a gestão da responsabilidade social, enquanto outros critérios se tornaram mais rígidos. Face aos critérios sociais, o GOTS incluiu mais «elementos dinâmicos», abarcando a diferença entre os salários pagos e os salários dignos, segundo métodos de cálculo reconhecidos. No que diz respeito aos critérios ambienteis dos GOTS, foram introduzidos requisitos de administração de produtos e ainda de produtos de saúde e segurança ambiental para formuladores químicos aprovados. O protocolo de teste ISO/IWA recentemente lançado para triagem GM de algodão serve como método reconhecido da OGM. «A versão seis do GOTS promove progressivamente a nossa missão. De acordo com um dos períodos de comentários mais prolíficos no histórico de revisões, o GOTS continua em desenvolvimento depois de várias consultas na comissão de normalização do GOTS com especialistas externos e contribuições das partes interessadas», afirma Rahul Bhajekar, diretor-geral do GOTS e coordenador da comissão de normalização. O período para os utilizadores desta certificação fazerem a transição para a nova versão será de um ano. O número de empresas certificadas com GOTS aumentou 35% em 2019, comparativamente ao ano anterior, com os maiores crescimentos registados no Bangladesh e na Holanda.

4. Radici da China apoia Bergamo

A Radici Plastics Suzhou, uma empresa do RadiciGroup especializada na produção de polímeros, sediada na China, juntou-se a uma campanha de arrecadação de fundos promovida pela comunidade italiana de Xangai com o objetivo de enviar mais de 20 mil máscaras e outros equipamentos médicos para o Hospital Papa Giovanni XXII em Bergamo. O equipamento já foi entregue ao destino e, além do donativo, os cerca de 100 funcionários da empresa também se aliaram a outra iniciativa da comunidade italiana, organizada por nativos de Bergamo, em Xangai. Neste sentido, foram angariados 35 mil euros para ajudar a cidade italiana a combater o surto de coronavírus. Respeitando as leis e os regulamentos locais, todas as empreses pertencentes ao RadiciGroup, particularmente as entidades sediadas em Bergamo, adotaram de imediato medidas para evitar a disseminação do vírus que estão em constante atualização.

5. Pelos ganham estratégia mundial

A International Fur Federation (IFF) publicou uma estratégia mundial para o pelo, que oferece, à indústria e à sua cadeia de aprovisionamento, uma «direção mais clara» no que diz respeito ao bem-estar animal e à proteção ambiental. O projeto, batizado National Fur Strategy, baseia-se nas metas de desenvolvimento sustentável das Nações Unidas e compreende três pilares e oito iniciativas para o bem-estar, ambiente e pessoas. «O pelo é um dos materiais naturais mais sustentáveis, o epítome de slow fashion, e é uma indústria avaliada em cerca de 30 mil milhões de dólares anuais, que emprega centenas de milhares de pessoas em todo o mundo», afirma o diretor-executivo da IFF, Mark Oaten. «Todos os envolvidos no sector e na cadeia de aprovisionamento mais vasta têm um papel a desempenhar para ajudar a cumprir estes objetivos ambiciosos e esta estratégia vai ajudá-los a fazer isso», acrescenta. Vários retalhistas de vestuário têm estado debaixo de fogo por causa da venda de pelos verdadeiros nas suas lojas – o caso mais recente foi a cadeia House of Fraser. O Reino Unido proibiu as quintas para criação de animais para a indústria do pelo há duas décadas, com base em argumentos éticos – uma proibição que foi alargada à Irlanda do Norte e à Escócia em 2002. Desde então, a Humane Society International/UK (HSI) refere que o Reino Unido permitiu importações de pelos em valor superior a 820 milhões de libras, incluindo da Finlândia e da China. A HSI indica que a nova estratégia representa apenas «os esforços cada vez mais desesperados [do comércio de pelo] para tapar as falhas cada vez maiores na crise de relações públicas da indústria». Claire Bass, diretora-executiva da HSI, aponta diversas críticas, sobretudo em termos de bem-estar animal, sublinhando que «o pelo apenas é “natural” quando está agarrado a um animal vivo. Empresas e consumidores com preocupações éticas vão perceber facilmente que é uma fachada e vão continuar a rejeitar o comércio de pelo. Depois da Califórnia ter proibido a venda de pelo animal em outubro do ano passado, estamos a torcer para que o Reino Unido se torne no primeiro país a proibi-lo e sentimo-nos encorajados pelo apoio unânime dos partidos até agora». Já Elisa Allen, diretora da PETA, destaca que o pelo real é «mau, não verde» e que as vendas apenas se mantêm por «estratagemas desesperados de marketing de uma indústria moribunda». De acordo com a PETA, produzir uma peça de vestuário com pelo de animal verdadeiro é até 10 vezes mais prejudicial para o ambiente do que fazer uma peça com pelo falso. Mark Oaten, contudo, rebate estes argumentos. «É uma resposta bastante previsível da PETA e da Humane Society, que não só se opõem à utilização de pelo sustentável mas também de couro, lã, carne, leite e até seda. Querem que o mundo siga a sua agenda vegan, que não é razoável. É também uma mentira sugerir que os animais são mortos à pancada num negócio de pelo legítimo», explica.

6. Frente de combate da impressão 3D ao Covid-19

A HP e a rede global de parceiros da indústria digital estão a mobilizar as equipas de impressão, tecnologia, experiência e capacidade de produção 3D para ajudar no combate ao surto de coronavírus de modo a que as peças impressas em 3D estejam disponíveis em qualquer parte do mundo. Foram produzidas mais de mil peças em 3D entregues aos hospitais locais para responder às necessidades causadas, pela pandemia atual, de máscaras, protetores faciais, ajustadores de máscaras, cotonetes nasais, abridores de portas de sistema de mão-livres e peças para ventiladores. Os centros de I&D 3D da HP em Espanha e nos EUA estão a colaborar com parceiros de todo mundo também na mesma direção. «A HP e os seus parceiros de fabrico digital estão a trabalhar ininterruptamente nesta batalha sem precedentes contra o novo coronavírus. Estamos a colaborar entre fronteiras e indústrias para identificar as peças mais necessárias, a validar os projetos e a começar a imprimi-los em 3D», revela Enrique Lores, presidente e CEO da HP Inc. «Queremos dar o nosso mais sincero obrigado aos nossos colaboradores, parceiros, clientes e membros da comunidade pelos seus incansáveis esforços para apoiar os profissionais do setor da saúde que fazem a diferença nas linhas de frente», destaca.