- Economia chinesa recupera 75% da capacidade
- COVID-19 cria novos hábitos de consumo
- Primark cancela encomendas e fecha lojas
- H&M pondera reduzir postos de trabalho
- Mango fornece máscaras a hospitais espanhóis
- Concurso artístico combate a desmotivação
1. Economia chinesa recupera 75% da capacidade
Um mês depois da implementação das medidas de contenção face à pandemia do coronavírus, a economia chinesa recuperou e está já a operar a 75% da sua capacidade. Segundo a Euler Hermes, que é acionista da COSEC – Companhia de Seguro de Créditos, esta viragem no cenário da economia resultará num retorno gradual dos valores de produção até ao final de abril. Ainda que o panorama alusivo à produção seja otimista, a análise da especialista em seguros de crédito não deixa de referir que o desempenho da economia da China vai ser condicionado por vários fatores como a recuperação na confiança dos consumidores e pelo impacto das medidas de contenção adotadas a nível global à medida que o vírus se propaga. A COSEC prevê também que no primeiro trimestre do ano, as medidas adotadas por Pequim tenham causado um impacto «gigante» no PIB da China, que se traduz em menos três pontos percentuais, com mais de metade (-1,8 pp) originados pela quebra do consumo privado. O crescimento do comércio chinês registou o valor mais baixo desde 2016, no período referente aos dois primeiros meses de 2020, visto que as exportações caíram 17,2% e as importações 4,0%. No entanto, a mesma análise indica que o impacto do COVID-19 foi muito menor do que o impacto da crise de 2009 em que, apenas durante um mês, as exportações desaceleraram 26,5% e as importações 43,1%.
2. COVID-19 cria novos hábitos de consumo
A pandemia do novo coronavírus está a mudar os hábitos de consumos nos EUA, com quase metade dos inquiridos num novo estudo a sugerir que essas mudanças provavelmente vão permanecer mesmo depois do surto ter terminado. Segundo uma pesquisa da Coreisight Research, os centros comerciais estão classificados como o terceiro local mais evitado devido ao COVID-19 e espera-se que atinjam o primeiro lugar nesta categoria. O estudo decorreu durante um período de dois dias, a 17 e 18 de março, e analisou as preocupações dos consumidores, os pontos de vista dos mesmos e ainda a mudança de comportamento perante o agravamento do vírus. Como resultado, 84,5% dos consumidores inquiridos afirmaram evitar espaços públicos ou viagens, comparativamente com 27,5% registados no mês anterior. Os centros comerciais são os terceiros locais mais evitados e, de uma forma geral, as lojas são significativamente menos evitadas, refletindo que os shoppings são retalho facultativo e que as lojas não discricionárias, como os supermercados, tendem a estar noutras localizações fora dos espaços comerciais. 79% do número total de entrevistados está, em parte ou extremamente, preocupado com o vírus, sendo que 4,2% a afirmarem ter perdido o emprego por causa do surto e 12,7% com receio de o perder. Mesmo depois do coronavírus acabar, quase metade (47,4%) dos inquiridos antecipa que irá manter as mudanças no comportamento de consumo. Uma das preocupações mais comuns para um terço dos consumidores foi a perda de rendimentos proveniente da redução de horas de trabalho exercidas. Todas estas preocupações descritas no estudo justificam a contenção económica dos consumidores vivida nos últimos tempos, indica a Coresight Research.
3. Primark cancela encomendas e fecha lojas
A Primark cancelou todos os pedidos e encomendas aos fornecedores e fechou todas as lojas, incluindo as 189 que operam no Reino Unido, à medida que os países de todo o mundo entram em isolamento para impedir a propagação da pandemia do coronavírus. A retalhista de moda detida pela Associated British Foods (ABF) também cancelou os pedidos que estavam já em produção nas fábricas e, consequentemente, espera-se que advenham perdas de cerca de 692 milhões de euros nas vendas líquidas mensais no período em que as lojas estão fechadas. «Esta situação tem sido muito rápida. Não podíamos prever que ao longo de uma semana as lojas em todos os países em operamos tivessem que fechar», afirma o CEO Paul Marchant. «Temos grandes quantidades de stock em loja, os nossos depósitos em trânsito estão por pagar e se não tomarmos estas medidas agora, recebemos stock que simplesmente não se vende. Esta é uma ação sem precedente para tempos sem precedentes e francamente inimagináveis», refere. «Isto é profundamente perturbador para mim e para toda a equipa da Primark. Trabalhamos com muitos dos nossos fornecedores há anos e valorizamos muito as nossas relações. Reconhecemos e estamos profundamente tristes por tudo isto ter claramente efeito na nossa cadeia de aprovisionamento», continua o CEO, salientando que a Primark está em contacto «próximo e regular» com os fornecedores e espera que as relações com estes possam ser retomadas o mais rápido possível. «Enquanto esperamos, solicitamos que os governos dos países em que adquirimos os nossos produtos tomem medidas de apoio às empresas e aos trabalhadores locais de mesma forma que o Reino Unido e muitos governos europeus estão a fazer», conclui. Sem ter presença online, a retalhista britânica opera 376 lojas em 12 países e está a encerrar todas os espaços de venda no Reino Unido, que representam 41% das vendas da empresa. A Primark refere que todas as despesas estão a ser analisadas e que já implementou uma redução «significativa» nos gastos. «Estamos a fazer grandes progressos na redução dos custos fixos depois de debates com outras partes, nomeadamente proprietários, e estamos gratos com o apoio recentemente anunciado do governo nos países em que as nossas lojas operam. Assim sendo, atualmente prevemos recuperar cerca de 50% da totalidade dos custos operacionais», confere a retalhista. Chloe Collins, analista de retalho da GlobalData indica que a Primark corre o risco de perder o primeiro lugar das vendas do Reino Unido por não ter um site que compense o total de vendas perdidas, causado pelo encerramento das lojas. «No Reino Unido, há um risco de descer do primeiro lugar no mercado de vestuário este ano, visto que os dois rivais, a M&S e a Next, têm a vantagem das operações online. Embora a Primark tenha negado o lançamento de uma plataforma online, talvez esteja nos planos a curto prazo. O acontecimento sem precedentes vai impulsionar a revisão da estratégia», sustenta. «Depois de meses de distanciamento social e isolamento, espera-se que os consumidores priorizem os gastos com lazer e as experiências mais do que nunca, o que quer dizer que os gastos de retalho terão dificuldades em recuperar», conclui. A Primark junta-se a retalhistas como John Lewis que anunciaram, recentemente, o encerramento de todas as 50 lojas no dia 23 de março pela primeira vez em 155 anos história.
4. H&M pondera reduzir postos de trabalho
O grupo sueco H&M está a ponderar cortes nos postos de trabalho à medida que a propagação global do novo coronavírus continua a impactar as operações de retalho. A H&M afirmou que até ao momento estão fechadas 3.441 lojas de um total de 5.062. Nas lojas ainda abertas a procura é moderada e gerou um «impacto negativo significativo» nas vendas até março. Em comunicado, o grupo assegurou que está a rever todas as partes das operações, incluindo todos os custos. Com base nas condições locais, a H&M está a analisar a situação mercado a mercado e a tomar várias medidas relativamente ao processo de compra, investimentos, arrendamentos e colaboradores e muitas outras áreas. «Iniciou-se o diálogo sobre demissões temporárias em vários mercados que serão seguidas por mais despedimentos provisórios noutros mercados afetados pelo coronavírus. Globalmente, é provável que isso afete dezenas de milhares de funcionários em todas as partes da empresa, ainda que atualmente não seja possível especificar o número exato. A empresa está também a rever a potencial suspensão de contratos de trabalho devido ao impacto negativo da situação do vírus nos negócios», refere em comunicado, salientando que não vai pagar dividendos. «Estamos a fazer tudo o que estiver ao nosso alcance no grupo H&M para gerir a situação relacionada com o coronavírus. A minha esperança é que consigamos colocar todas as operações em curso outra vez o mais rápido possível e receber de volta todos os nossos clientes em todos os nossos 74 mercados com lojas», afirma Helena Helmersson, CEO da H&M. «Isto é uma situação extraordinária em que todos somos forçados a tomar decisões difíceis, mas a cada desafio também há oportunidades e estou convencida de que nós, como empresa, depois de passar por isto, vamos continuar fortes», conclui. Recentemente, a H&M anunciou que está a mobilizar a cadeia de aprovisionamento para produzir equipamento de proteção individual para os hospitais e profissionais de saúde de modo a que possam ajudar a combater a falta de recursos sentida durante a pandemia de COVID-19.
5. Mango fornece máscaras a hospitais espanhóis
Com o objetivo de atenuar as consequências sociais, económicas e de saúde pública causadas pelo novo coronavírus, a Mango vai doar dois milhões de máscaras aos hospitais espanhóis. Para lutar contra a pandemia do COVID-19, a empresa vai encarregar-se de distribuir, através da própria logística, as máscaras em vários hospitais de Espanha que têm falta de material médico, de forma a que estes estejam aptos a cumprir as funções que desempenham. Em comunicado, a Mango assegurou que a distribuição dos dois milhões de máscaras será regida de acordo com as instruções do Ministério da Saúde. A empresa destacou ainda o «extraordinário esforço» das equipas de saúde no combate ao surto e reconheceu o trabalho dos mais de 15 mil funcionários que estão a ajudar a Mango a concretizar este objetivo.
6. Concurso artístico combate a desmotivação
Para combater a onda de desmotivação que surge com o período de quarentena em Portugal, os Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural criaram o concurso integrado na Onda Bienal 2020 “Coronavírus não destrói a criatividade”, que pretende despertar a criatividade dos artistas nacionais e estrangeiros ao desafiá-los a participar na iniciativa com trabalhos que criaram em isolamento nas mais variadas áreas, como pintura, desenho, escultura ou fotografia. Sobre o tema “Coronavírus: reações e consequências”, o concurso, que faz parte da quarta edição da Bienal de Arte Gaia 2021, pretende promover a criatividade e a expressão artística durante o momento crítico provocado pela pandemia de COVID-19. De 8 a 15 de julho, os artistas interessados devem submeter as imagens a concurso para que, posteriormente, a direção dos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural proceda à seleção, mediante a avaliação de jurados convidados, para integrarem as criações na exposição futura. «Este desafio enquadra-se no espírito da Bienal Arte Gaia, que é uma Bienal de Causas, motivando os artistas a criar num período marcadamente desmotivador, mas também inspirador de mensagens que se transmitem através da arte. A nossa sociedade está a atravessar um momento complicado, no qual a arte pode ter um papel libertador», justifica Agostinho Santos, presidente da Cooperativa Artistas de Gaia e Diretor da Bienal Arte Gaia.