Rfive traz solução para o desperdício têxtil

O projeto que junta a Recutex, a Fiavit e a Lurdes Sampaio transforma vestuário em fim de vida e sobras da confeção em novas fibras, que por sua vez vão tornar-se em malhas com valor acrescentado para a produção de roupas novas, respondendo ao desafio da economia circular.

[©Lurdes Sampaio]

As três empresas, praticamente vizinhas em Vila Nova de Famalicão, criaram o projeto com o objetivo de antecipar as normas sobre a reciclagem têxtil impostas pela União Europeia a partir de 2025, aproveitando a sua complementaridade para trazer uma nova solução para o mercado. O próprio nome – Rfive – é uma alusão aos cinco princípios basilares da economia circular: reduzir, reutilizar, reciclar, renovar e restaurar.

«A consciência social e ambiental nas empresas tem revelado iniciativas de sucesso na indústria têxtil e vestuário e este projeto pretende ser um grande contributo para uma cadeia têxtil sustentável e um consumo mais consciente, minimizando o impacto ambiental em todo o seu processo», afirma Conceição Sá, CEO da Lurdes Sampaio, num comunicado enviado pela iniciativa Famalicão Made In da Câmara Municipal de Vila Nova de Famalicão.

O processo inicia-se com a recolha dos resíduos têxteis, que são submetidos a uma seleção, separação e preparação das fibras têxteis recicladas, a que se segue a fiação do algodão reciclado e a produção da malha. A Recutex é a responsável pela reciclagem das fibras têxteis, a Fiavit usa as fibras resultantes para produzir fio e a Lurdes Sampaio utiliza o fio, que tem uma elevada percentagem de fibras recicladas, para produzir novas malhas, inseridas nas suas coleções e apresentadas a clientes de todo o mundo.

No vídeo do projeto, disponível no Instagram da Lurdes Sampaio, destaca-se que, por ano, são deitadas fora 48 milhões de toneladas de roupa em todo o mundo, que apenas 25% são recolhidas e que, desses 25%, menos de 1% dá origem a novas peças de roupa. O Rfive permite, avança o mesmo filme, uma redução de 90% na emissão de gases com efeito de estufa, uma poupança energética de 70% e um consumo de água de quase 0%.

[©Lurdes Sampaio]
«Obtemos uma produção sem emissão de CO2, sem consumo de água e sem uso de produtos químicos. Conseguimos, dessa forma, fechar um ciclo de economia circular», explica João Valério, administrador da Recutex e da Fiavit.

«Trata-se de um projeto chave na mão que incorpora mais de meio século de experiência na produção de fibras recicladas», acrescenta, salientando que o resultado é um produto final de qualidade que o consórcio disponibiliza a todos os agentes nacionais e internacionais do sector.

«Agora pode dizer-se, literalmente, que a reciclagem está na moda por força da sua incorporação cada vez maior na cadeia têxtil. Só assim contribuímos para mundo melhor e, nesta matéria, o concelho de Famalicão dá o exemplo», conclui João Valério.