Zara cria vestido a partir de CO2

A retalhista espanhola estabeleceu uma parceria com a empresa LanzaTech para criar uma coleção cápsula de vestidos feitos a partir da fermentação com bactérias de carbono emitido por uma fábrica chinesa de aço.

[©Zara]

A tecnologia da LanzaTech captura dióxido de carbono resultante de processos industriais e, através de um processo de fermentação, transforma-o em etanol, um componente fundamental na produção de materiais como o PET, que é usado no fio de poliéster. O etanol é convertido pela India Glycols Limited, em Deli, em MEG (monoetilenglicol), que é então usado pela chinesa Far Eastern New Century para fazer fio PET, tendo o fio final 20% de MEG, elaborado a partir destas emissões de carbono reciclado, e 80% de PTA (ácido tereftálico purificado).

«Estamos extremamente entusiasmados com esta colaboração com a Inditex e a Zara, que traz a moda feita a partir de emissões de carbono para o mercado», afirma Jennifer Holmgren, CEO da LanzaTech.

Para além de usar as emissões industriais, a LanzaTech converte diferentes emissões de diferentes fontes, incluindo resíduos agrícolas ou domésticos em etanol, num processo que, refere a empresa, se assemelha muito ao da cerveja ou vinho, só que usando resíduos de carbono de açúcares e micróbios em vez de levedura.

«A LanzaTech tem a tecnologia que pode ajudar as marcas e retalhistas de moda a limitarem o seu impacto de carbono», explica a CEO da empresa. «Ao trabalharmos com a Zara, encontramos um novo caminho para reciclar emissões de carbono para fazermos tecido», revela Jennifer Holmgren.

[©LanzaTech]
Com a tecnologia desenvolvida pela LanzaTech, refere a Zara, as fibras mantêm propriedades semelhantes ao poliéster virgem, incluindo ao nível da qualidade, do rendimento e da conservação.

«Entendemos os desafios da indústria da moda e, por isso, trabalhamos para encontrar soluções, procurar novas alianças, processos e materiais que ajudem a limitar o nosso impacto», garante a Zara no seu website. «A inovação e a colaboração são fundamentais para avançar para a sustentabilidade da indústria têxtil. A Startup LanzaTech x Zara é a primeira colaboração do Sustainability Innovation Hub, onde estamos a trabalhar em diferentes projetos que nos ajudam a impulsionar e escalar iniciativas para tornar os nossos produtos mais sustentáveis», acrescenta.

No início deste ano, a LanzaTech fez uma parceria com a retalhista canadiana de vestuário de desporto Lululemon Athletica no que afirmou ser o primeiro fio e tecido a usar emissões de carbono reciclado que, de outra forma, seriam libertadas na atmosfera como poluição.

O etanol pode ainda ser usado para fazer outro tipo de artigos. A retalhista suíça Migros, por exemplo, tem usado a tecnologia para produzir garrafas de plástico para batidos e artigos de limpeza. Já a marca suíça de desporto On está a começar a usar o etileno da LanzaTech para fabricar PVA, uma espuma usada na produção de calçado de corrida.

«Estamos a mostrar ao mundo o que é possível quando repensamos como aprovisionamos, usamos e descartamos o carbono», sustenta Jennifer Holmgren. «Ao converter a poluição em produtos, podemos ver que, um dia, tudo na nossa vida quotidiana vai ser proveniente de carbono reciclado», resume a CEO da LanzaTech.