Zalando perde vendas

A maior retalhista de moda online da Europa está a sentir um abrandamento da procura e, depois dos resultados do terceiro trimestre, antecipa uma queda das vendas em 2023.

[©Zalando]

A Zalando, que vende vestuário, calçado e acessórios, foi afetada por uma retração nas compras online após o boom registado na pandemia. Apesar de ter registado um lucro operacional de 23,2 milhões de euros, que representa um aumento de 72% face ao mesmo período do ano passado, a retalhista online registou uma queda de 2,4% no valor bruto da mercadoria, para 3,2 mil milhões de euros, em comparação com os 3,28 milhões de euros no terceiro trimestre de 2022. No mesmo período, o volume de negócios baixou 3,2%, para 2,27 mil milhões de euros, face a 2,35 mil milhões de euros.

A retalhista reviu em baixa o valor bruto da mercadoria e volume de negócios para o ano completo. A Zalando espera agora que o volume de negócios desça entre 0,5% e 3% em 2023, em comparação com a previsão anterior de um declínio de 1%, na pior das hipóteses. Já o valor bruto da mercadoria deverá registar uma variação entre -2% e 1%. Em comparação, o valor bruto da mercadoria em 2022 foi de 14,8 mil milhões de euros, o volume de negócios foi de 10,3 mil milhões de euros e o lucro operacional foi de 184,6 milhões de euros.

«Se as vendas não mostrarem qualquer sinal de melhoria nos últimos meses deste ano, os investidores vão começar a preocupar-se com a tendência para 2024», afirma Clément Génelot, analista da Bryan Garnier, citado pela Reuters.

Um setembro anormalmente quente afetou as vendas de vestuário de outono e inverno, indica a Zalando, exacerbando o impacto do fraco sentimento do consumidor.

«Devido ao início quente da temporada de setembro, houve uma clara necessidade de começar a fazer descontos nos produtos de outono/inverno desde o início, para não acabar com excesso de stocks», revela a diretora financeira Sandra Dembeck.

No mês passado, a empresa lançou a marca B2B ZEOS, acrónimo de Zalando E-commerce Operating System, que permite que marcas e retalhistas de moda e lifestyle para gerir os seus negócios multicanal na Europa dentro de uma plataforma única. Cerca de 30 marcas e retalhistas, como a Pepe Jeans, estão já a trabalhar com esta plataforma.

«Storytelling, logística e tecnologia são essenciais para impulsionar o nosso crescimento futuro. O nosso balanço saudável dá-nos flexibilidade financeira para fazer estes investimentos estratégicos», acrescenta Sandra Dembeck. «Além disso, a nossa disciplina financeira significa que fomos capazes de ter mais um trimestre rentável», conclui a diretora financeira.

Segundo a Reuters, as ações da Zalando perderam um terço do seu valor este ano. O valor de mercado da empresa caiu nos últimos dois anos, à medida que os consumidores, livres das restrições pandémicas, regressaram às lojas e encomendaram menos vestuário online.