Wonder Raw conquista clientes

Em pouco mais de um ano e meio, o conceito da empresa participada pela Becri de customizar peças-base está a convencer clientes de todo o mundo, atraindo não só recém-chegados à moda, mas também marcas bem estabelecidas.

Luís Oliveira

Apesar de ser um conceito novo, que permite a customização, nomeadamente no tingimento e estamparia, de peças-base como t-shirts e calções, a Wonder Raw tem tido uma boa recetividade.

«É um conceito que dificilmente se encontra no mercado, especialmente porque permitimos a personalização da cor», sublinha Luís Oliveira, CEO da empresa, ao Portugal Têxtil. «O mercado não está habituado a este tipo de oferta e o nosso objetivo tem sido dar-nos a conhecer», explica.

Feiras como a Première Vision, em França, a Sourcing Las Vegas, nos EUA, e o Modtissimo, em Portugal, têm feito parte da estratégia. «Têm sido interessantes. Cobrem diferentes partes do globo, como é óbvio, mas o feedback e a reação têm sido igualmente positivos, portanto, estamos muito contentes», assume o CEO.

Ao cliente-alvo definido pela Wonder Raw – que incluem novos designers, influenciadores e YouTubers, muitas vezes com poucos conhecimentos na área da moda para desenvolverem artigos de moda de raiz –, a empresa tem adicionado compradores mais inesperados. «Uma vez que definimos, desde o início, que o grande fator diferenciador em termos de personalização seria o estampado – foi aí que investimos em termos de capacidade produtiva, para termos a capacidade internamente de estamparia quer à peça, quer em rolo, com uma tecnologia extremamente sustentável que utiliza muito menos água e energia –, curiosamente também temos tido muito interesse até da parte da indústria, de marcas já estabelecidas que procuram este tipo de soluções. Portanto, estamos a trabalhar um bocadinho as duas áreas do negócio, tanto novos atores que queiram começar a sua própria marca ou uma linha de produtos com base nos modelos que temos em stock, que são produzidos de forma sustentável, com recurso, por exemplo, a algodão orgânico, como a indústria, nesse caso pela prestação de serviços de estamparia», revela Luís Oliveira.

Ainda assim, flexibilidade para produzir pequenas séries continua a ser um dos grandes trunfos da Wonder Raw e «a razão principal da nossa existência», destaca o CEO. «Obviamente que não vamos atrás das marcas que são capazes de comprar 500, 1.000 ou 2.000 peças por modelo e produto. Se elas vierem, são bem-vindas, como é óbvio, mas o nosso foco em termos de modelo de negócio principal são as pessoas que querem entrar no mercado – somos uma espécie de incubadora», realça.

Crescer em diferentes mercados

A Europa e os EUA têm sido, neste curto tempo de vida da empresa, os grandes impulsionadores do negócio. «França e Espanha, que são mercados próximos e tradicionalmente muito fortes, são parceiros habituais. Temos também alguns clientes italianos – a Europa tem sido a origem da maior parte dos nossos clientes», afirma o CEO. No entanto, «os EUA têm muitas marcas em fase de lançamento ou marcas que já estão no mercado, mas que querem coisas novas e procuram mercados próximos e, por isso, tem sido um dos mercados que mais nos tem procurado», indica o CEO, que antecipa a expansão no outro lado do Atlântico. «Tem sido uma aposta forte que achamos que nos vai trazer, cada vez mais, surpresas positivas. Para já estamos muito contentes com a nossa presença lá, temos angariado bons clientes, tem sido um terreno fértil. Há alguns fatores que também o proporcionam, porque nitidamente há um afastamento da China como país produtor dos EUA, o que também nos deixa uma abertura para podermos conseguir entrar mais facilmente», justifica.

Apesar da conjuntura económica atual, menos favorável, «pelo tipo de produto e de serviço que fazemos, focado em pequenas quantidades, não sentimos tanto esse arrefecimento», garante Luís Oliveira ao Portugal Têxtil, consciente de que «todo o trabalho que temos vindo a desenvolver vai levar tempo a dar os seus frutos. Gostaríamos de estar a produzir mais, como é óbvio, mas também sabemos que temos de semear hoje para poder colher daqui a seus meses ou até, eventualmente, um ano. A verdade é que já temos encomendas, temos vindo a produzir, temos vindo a crescer e, portanto, isso só nos dá bons sinais para o futuro».

Um futuro que, espera o CEO, se faça de uma continuação do crescimento, tanto na prestação de serviços de estamparia, como na venda dos artigos que estão na base do modelo de negócio. «O objetivo para 2024 será termos uma faturação à volta de 1,5 milhões de euros no que diz respeito apenas ao nosso core», assume Luís Oliveira.