Werewool angaria milhões para fibras de proteína

A empresa dedicada a fibras de performance sustentáveis assegurou quase 3,5 milhões de euros em financiamento para desenvolver fibras de proteína biodegradáveis que integram várias funcionalidades e dispensam tingimento com corantes.

[©Werewool]

A Werewool anunciou que o investimento obtido, de 3,7 milhões de dólares (cerca de 3,42 milhões de euros), liderado pela Material Impact e pela Sofinnova Partners, irá ser usado para desenvolver o primeiro produto da empresa – fibras de proteína que podem ser transformadas em fios –, expandir a capacidade produtiva e aumentar a equipa.

«Acreditamos que a biologia vai ter um papel cada vez mais importante no futuro do vestuário e estamos entusiasmados por esta parceria com a Werewool na sua missão de trazer fibras sustentáveis e biodegradáveis para o mercado», indica Michael Krel, sócio na Sofinnova Partners.

Já Corinna Chen, sócia da Material Impact, refere que «procuramos inovação tecnológica profunda que tenha a capacidade de resolver problemas difíceis, a grande escala e do mundo real», acrescentando que «a plataforma revolucionária de desenvolvimento de fibras da Werewool oferece à indústria têxtil uma abordagem revolucionária aos têxteis sustentáveis e funcionais».

Base biomimética

A Werewool usa os princípios da biomimética para criar fibras têxteis de alta performance à base de proteína, embebendo diretamente as funcionalidades pretendidas. As fibras da Werewool têm o potencial de eliminar a necessidade de matérias-primas, corantes sintéticos e acabamentos à base de petróleo, refere um comunicado da empresa, uma vez que usa estruturas proteicas encontradas na natureza para criar, com tecnologia copatenteada com o Fashion Institute of Technology e a Universidade de Columbia, as mesmas qualidades das fibras convencionais.

[©Werewool]
Ao utilizar estruturas proteicas que ocorrem naturalmente em organismos, a Werewool cria fibras com cores e funcionalidades inerentes, incluindo elasticidade e gestão de humidade, por exemplo. Isso é feito copiando a sequência de ADN da proteína e colocando-a em bactérias. Essas bactérias podem depois ser usadas para produzir a mesma proteína que a fonte original, que é posteriormente extraída e transformada em fibras. Atualmente a equipa está ainda a desenvolver as fibras em laboratório.

«A nossa missão enquanto empresa é tornar a indústria da moda compatível com a natureza», afirma Chui-Lian Lee, cofundadora e CEO da Werewool. «A nossa equipa analisa a indústria têxtil de forma holística, considerando o fim de vida no início do processo – o nosso objetivo é que as nossas fibras se decomponham em nutrientes para um ecossistema mais saudável. Estamos entusiasmadas por estar a crescer e estamos a tentar preencher papéis de liderança fundamentais na nossa empresa com pessoas que possam contribuir para a visão da nossa equipa de uma economia têxtil verdadeiramente circular», acrescenta.

Valentina Gomez e Chui-Lian Lee [©Polestar]
A Werewool já venceu vários prémios, incluindo um Global Change Award da Fundação H&M e, mais recentemente, o ELLE & Polestar Design Toward Zero Award. «A solução [da Werewool] ajuda a quebrar a dependência da indústria têxtil de, entre outras coisas, matérias-primas extrativas, corantes nocivos e plásticos. Depois tem o potencial de reduzir, de facto, o impacto negativo em várias áreas ambientais se for possível escalá-la e for usada da forma certa», justificou Frederika Klarén, diretora de sustentabilidade da Polestar, que fez parte do júri do prémio ELLE & Polestar Design Toward Zero Award.