As importações de vestuário dos Estados Unidos a partir do Vietname continuaram a aumentar após os limites terem sido impostos a 1 de Maio. Uma saturação já esperada nas quotas dos Estados Unidos, antes do fim do ano, poderão forçar as exportações vietnamitas a tirar, ao mesmo tempo, vantagem do drástico aumento nas quotas da União Europeia. As importações do Vietname continuaram a aumentar depois da administração dos Estados Unidos ter imposto limites a partir de 1 de Maio, como resultado do acordo bilateral concluído entre ambos os países em Abril. Dado que a Alfândega dos Estados Unidos não inspeccionou as importações do Vietname antes do acordo ser implementado, o nível dos limites acordado para 2003 foi reduzido. Por exemplo, o limite para a categoria 301 (fios de algodão penteado) diminuiu das 680 mil toneladas por ano para 453,333 toneladas. Pelo menos 33,60 por cento desta quota foi já preenchida, apesar de ter sido gasto apenas 20 por cento do período compreendido entre Maio e Dezembro. Uma semelhante quota de saturação está também a aparecer nas categorias 334/335 (casacos de algodão), 342/642 (saias), 347/348 (calças de algodão) ou 351/651 (pijamas). A juntar a tudo isto, a administração dos Estados Unidos começou a monitorar as importações do Vietname antes das autoridades vietnamitas entregarem vistos às empresas exportadoras nacionais. O processo de distribuição das quotas foi organizado pelo Ministro do Comércio do Vietname e está agora a ser completo. O prazo para o pedido das quotas terminava no dia 16 de Junho. Aparentemente, as quotas foram entregues a empresas que tinham já exportado produtos para s Estados Unidos em 2002 e no primeiro trimestre de 2003. Os vistos serão efectivamente requisitados pelas autoridades a 1 de Julho, após todas as quotas terem sido distribuídas. Como resultado do atraso do Vietname na entrega das quotas aos Estados Unidos, as discrepâncias podem ser esperadas entre as estatísticas e os clientes americanos e nos vistos emitidos pela administração de Hanoi. O governo do Vietname também prometeu um elevado controlo aos documentos oficiais e carregamentos para os Estados Unidos depois da indústria têxtil americana ter denunciado transferências ilegais massivas de exportadores chineses que, alegadamente, usavam o canal do Vietname para enviar os seus produtos para os Estados Unidos. De acordo com fontes vietnamitas, a equipa de inspecções da Alfândega dos EUA poderá em breve visitar o Vietname, de forma a controlar as exportações de vestuário para este país. Dado o recente aumento da capacidade instalada no Vietname, os limites dos Estados Unidos deverão ser rapidamente alcançados. Como resultado do acordo comercial bilateral concluído entre os dois países, os investidores estrangeiros foram atraídos pelo drástico corte nas tarifas dos Estados Unidos. As exportações de vestuário para os Estados Unidos aumentaram em 2002 e no início de 2003, com Washington finalmente a limitar as exportações do Vietname. As exportações de têxteis e de vestuário continuaram a aumentar em Maio, atingindo um aumento de 41,22 por cento nas exportações para 280 milhões de dólares. Os Estados Unidos representam quase 50 por cento do total de exportações com 130 milhões de dólares. Segundo algumas associações industriais, depois de se terem centrado no mercado americano, os exportadores vietnamitas deverão agora voltar-se para o mercado da União Europeia. O Vietname e a União Europeia assinaram um acordo decisivo em Fevereiro, planeando um elevado aumento nas quotas da UE em troca de uma redução nas tarifas das importações do Vietname. Hanoi decidiu ainda, continuar a distribuir 30 por cento do total das quotas a subsidiárias internas dos grupos da UE. O aumento das quotas vai depender da habilidade para «preencher as suas obrigações». Os direitos impostos no vestuário da União Europeia deverão ser reduzidos de 30 por cento em 2003 para 20 por cento em 2005, enquanto as tarifas dos fios e tecidos irá baixar para 12 e sete por cento, respectivamente. Em troca, as quotas da União Europeia deveriam subir imediatamente 50 ou 60 por cento em largas séries de categorias, incluindo as mais importantes do vestuário, as categorias de 4 a 8 (*). Se o Vietname não se juntar à OMC antes de 2005, as quotas impostas pelos Estados Unidos e a União Europeia não serão eliminadas até finais de 2004. Consequentemente, o país de baixo-custo será submetido à concorrência directa da China e da Índia. O acordo concluiu que a União Europeia poderia ajudar o Vietname a recuperar, assim como, iria forçar Hanoi a acelerar o processo de liberalização ao abrir os seus mercados. O Vietname espera entrar na OMC antes do final de 2004. Mas, de acordo com vários peritos, o país terá de esperar até 2007 ou 2008. Uma situação, que poderá ter um impacto dramático nas suas indústrias de têxtil e de vestuário.
(*) 4 – T-shirts, pólos, pullovers 5 – Jerseys, pullovers, blusões anoraques 6 – Calções, calças, fatos de banho 7 – Blusas, camisoles, t-shirts 8 – Camisas, fibras feitas à mão
