Vestuário em missão no Canadá

Doze empresas do sector do vestuário e moda estão no Canadá em busca de novas oportunidades geradas pelo acordo económico e comercial (CETA) entre a UE e este país norte-americano, numa iniciativa apoiada pelo CENIT e pela ANIVEC, integrada na missão organizada pelo governo português e pela AICEP.

António Costa

A iniciativa – que coincide com a visita oficial de quatro dias do primeiro-ministro, António Costa, ao Canadá, que decorre até amanhã, 5 de maio, e inclui uma comitiva com várias associações sectoriais e atores de diversas indústrias – tem como objetivo promover as empresas portuguesas no Canadá, o que justifica que «o CENIT e a ANIVEC se tenham associado a esta ação de prospeção de mercado com a organização de um grupo de empresas do sector do vestuário e moda», explica Manuel Lopes Teixeira, CEO do CENIT – Centro de Inteligência Têxtil.

Calvelex, Dicasi, Faria da Costa, Flor da Moda, Lagofra, Lanidor, Marfel, Miguel Sousa Confecções, MyShirt, Siena, Têxtil Ribeiro e Tintex são as 12 empresas integradas no grupo apoiado pelo CENIT e pela ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção.

Ontem, quinta-feira, estas empresas tiveram a oportunidade de assistir a uma conferência sobre os aspetos práticos de fazer negócio no Canadá, desde o mercado de retalho à parte logística e legal, enquanto o dia de hoje foi dedicado a um seminário sobre os benefícios do CETA, num fórum com empresários portugueses e canadianos que contou com as intervenções do Primeiro-Ministro português, António Costa, do Primeiro-Ministro canadiano, Justin Trudeau, e do Ministro da Economia, Manuel Caldeira Cabral.

Um potencial a explorar

Justin Trudeau

A aplicação provisória do CETA, que começou a 21 de setembro de 2017 e aguarda a ratificação por todos os estados-membros da UE para entrar definitivamente em vigor (o presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, já ratificou o CETA em dezembro do ano passado) é, segundo Luís Castro Henriques, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), uma oportunidade imperdível para empresas de vários sectores de atividade. «Acima de tudo, há um momento muito específico que as empresas portuguesas têm de capitalizar» com a introdução do CETA, afirmou à Lusa, acrescentando que «o que se pretende, pelo menos da agenda que cabe à AICEP, é, de facto, dar maior visibilidade às empresas portuguesas, nomeadamente em sectores tão variados, que vão desde a construção, aeronáutica, ao têxtil e ao calçado, da oportunidade que este acordo representa para poderem operar» no Canadá.

De acordo com a análise do CENIT com base nos dados do INE, as exportações de vestuário com destino ao Canadá têm vindo a aumentar desde 2015, tendo rondado os 6 milhões de euros em 2017. No entanto, os números mostram que Portugal representa apenas 0,6% das exportações de vestuário totais do Canadá, «o que demonstra um forte potencial de crescimento para o “made in Portugal”», sublinha Manuel Lopes Teixeira.

O vestuário nacional tem ainda prosperado no mercado vizinho dos EUA, onde o crescimento tem sido constante desde 2010, tendo atingido 96,75 milhões de euros em 2017, um incremento de 12,9% face a 2016. «A base de partida é baixa mas tem-se registado taxas de crescimento assinaláveis para o mercado do EUA. Esta boa experiência poderá ser replicada no mercado do Canadá», acredita o CEO do CENIT.