Em termos mundiais, o Shopping Index da Salesforce, que analisa dados de mais de 1,5 mil milhões de consumidores em todo o mundo, revela que, no segundo trimestre, o tráfego subiu 3%, mas o valor gasto baixou 3%, apontando para uma estagnação do mercado de comércio eletrónico.
Globalmente, o valor médio por compra no segundo trimestre recuperou 9%, para 2,77 dólares, face ao trimestre anterior – no primeiro trimestre de 2023, tinha caído 19%, para 2,54 dólares, em comparação com 3,12 dólares no quarto trimestre de 2022.
Os números são piores para os EUA, destaca um artigo publicado pela Salesforce, já que, pela primeira vez desde que o estudo começou a ser feito, em 2014, o mercado apresenta valores negativos – as vendas online desceram 1% neste mercado.
«Fortes ventos contrários em termos macroeconómicos estão a pressionar ainda os consumidores em todo o mundo para gastarem cautelosamente e poupar mais, o que pode impactar a estratégia de retalho para o ano completo de 2023», aponta o artigo, assinado por Caila Schwartz, diretora de estratégia e informação do consumidor.
Já a Europa, que começou a sentir algumas restrições em termos financeiros no primeiro trimestre de 2022, com o início da guerra na Ucrânia, parece estar em recuperação e, depois de uma estabilização no primeiro trimestre, no segundo trimestre de 2023 as vendas online aumentaram 1% na região. O crescimento foi mais acentuado em Espanha (+11%), em França (+3%) e na Alemanha (+3%).
O Reino Unido, por seu lado, registou uma queda de 3% nas vendas online face ao mesmo período do ano passado. «Os consumidores do país estão ainda a experienciar uma rápida subida da inflação, mesmo numa altura em que outras regiões começam a ver um abrandamento no aumento dos preços», refere a autora, que acrescenta que «apesar de vendas mais fracas, os retalhistas britânicos retraíram-se nos descontos para preservar as margens, já que os custos continuaram a subir. As taxas médias de desconto baixaram 12% no último ano, contribuindo provavelmente para o crescimento mais fraco das vendas no Reino Unido em comparação com os países da União Europeia».
De acordo com o artigo, os descontos serão o trunfo fundamental para aumentar as vendas. «Com base na nossa mais recente pesquisa, a tática mais eficiente para fazer com que os consumidores tenham visitado um website no primeiro semestre de 2023 foi enviar-lhes um código de desconto. A enfrentarem incerteza económica, os consumidores estão à procura de um bom negócio. Os retalhistas estão atentos, com as taxas de desconto no segundo trimestre a aumentaram 12% face ao ano passado e 19% em comparação com 2021», escreve Caila Schwartz.
Como tal, aconselha, para o resto do ano os retalhistas devem centrar «a sua estratégia de retalho em promoções, no envolvimento do consumidor e na criação de relações com os consumidores mais fiéis».