Vendas de roupa em segunda-mão duplicam até 2027

Um novo estudo da thredUP aponta para que o mercado de vestuário em segunda-mão quase que duplique nos próximos quatro anos, impulsionado pela adoção de modelos de negócio circulares por parte das empresas e por uma maior consciencialização do lado dos consumidores.

[©thredUP]

O estudo “Resale Report 2023”, da especialista em moda em segunda-mão thredUP, aponta para que, em 2027, o mercado mundial de vendas de vestuário usado atinja 350 mil milhões de dólares (cerca de 319 mil milhões de euros), o que representa quase o dobro do registado em 2022, ano em que as vendas somaram 177 mil milhões de dólares, equivalente a um crescimento de 28% face a 2021.

No mesmo documento é referido que, este ano, os consumidores planeiam gastar mais do seu orçamento para roupa em segunda-mão, sendo que o principal motivo para isso se prende com o valor. No top cinco de principais razões para comprar vestuário usado surge a qualidade, a seleção, a conveniência e a transparência. Isolando em particular a Geração Z, consumidores nascidos entre meados dos anos 90 até 2010, a sustentabilidade integra este top 5, com 47% dos inquiridos da Geração Z a afirmarem que se recusam a comprar de marcas e retalhistas de roupa não-sustentável, um aumento de 11% face ao estudo de 2021.

«Fizemos um progresso significativo a estimular a circularidade na moda: a revenda está a começar a florescer globalmente, com muitos dos maiores retalhistas do mundo a adotarem modelos de negócio mais circulares», afima James Reinhart, CEO da thredUp. «Embora o valor continue a ser o principal impulsionador que motiva os consumidores a pensarem na segunda-mão em primeiro lugar, as questões com o clima aumentaram a consciência do potencial da revenda para reduzir o impacto da moda sobre o ambiente. Ainda estamos nos primeiros dias de inventar como a revenda pode reduzir o atual excesso de produção na indústria de vestuário e não vejo um mundo onde possamos voltar à forma como estávamos», acrescenta. Aliás, sublinha James Reinhart, a celebrar o seu 11.º aniversário, «o Resale Report teve algumas das conclusões mais inspiradoras desde o seu começo em 2013. É evidente que estamos numa trajetória promissora e ao trabalharmos em conjunto através de uma ação coletiva, temos o poder para alterar o futuro da moda para o melhor».

Ambiente agradece

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Entre as conclusões do estudo está ainda que, até 2024, 10% do mercado mundial de vestuário seja referente a peças em segunda-mão e que o mercado de revenda de roupa usada cresça, em média, a um ritmo três vezes superior ao do mercado do vestuário no geral.

O estudo realça ainda os benefícios para o meio ambiente das compras de moda em segunda-mão, avançando com uma redução em média de 25% das emissões de dióxido de carbono quando se compra peças usadas em vez de novas. O “Resale Report 2023” afirma que se toda a gente comprasse uma peça de vestuário em segunda-mão em vez de nova seria o equivalente a retirar 76 milhões de automóveis de circulação nas estradas durante um dia, ter 468 dias de água potável para uma pessoa beber e uma poupança de energia que daria para ver 378 horas de Netflix.

A revenda pode ainda contribuir para reduzir a produção de moda que, segundo a thredUP, ultrapassa os 100 mil milhões de peças anualmente para uma população mundial de 8 mil milhões de pessoas. Tendo por base as taxas atuais, «se os retalhistas produzissem menos um artigo por cada artigo que os consumidores compram em segunda-mão em vez de novo, isso podia reduzir a produção em quase 8% até 2027», sustenta.