Vecchia Signora” da ITV

Há muito que o “Made in Italy” se afirma na Europa e no mundo inteiro como sinónimo de qualidade e bom gosto. Em 2007, apesar de algumas contrariedades, a “Vecchia Signora” manteve-se no topo do ranking da indústria têxtil e de vestuário europeia. De acordo com o Institut Français de la Mode (IFM), a economia italiana entrou numa fase de desenvolvimento menos favorável desde o início do novo milénio. Em 2007, o seu PIB cresceu 1,5% em volume, abaixo do crescimento do da União Europeia (mais 2,9%). Estes números relativamente baixos explicam-se, em parte, pela apatia do mercado interno, com o crescimento a registar-se sobretudo nas exportações. Embora a confecção domine a fileira, a indústria têxtil ocupa um lugar de topo na economia italiana. Contrariamente a muitos países europeus, a quota do têxtil italiano no comércio mundial mantém-se significativa (7% de acordo com a Organização Mundial do Comércio) e a sua diminuição é muito lenta. Os têxteis italianos são muito apreciados pelos confeccionadores pela sua qualidade. O mercado europeu continua a ser central (57% das exportações italianas em valor destinam-se a este mercado), mas está a perder importância: as exportações italianas para a UE a 27 baixaram, sem que as entregas extra-europeias tenham compensado essa perda. Estas dificuldades crescentes na exportação explicam-se, segundo o IFM, pelo número cada vez mais restrito de confeccionadores europeus e pela valorização do euro. E reflectem-se no tecido industrial italiano. Desde 2004, o número de empresas têxteis não pára de diminuir: em 2007 registavam-se 15.351 empresas, o que significa uma diminuição de 4,6% em relação a 2006. Os efectivos empregados também diminuíram (menos 2,8%) em 2007. São principalmente os sectores da indústria de algodão, do linho e dos têxteis-lar os mais afectados por esta degradação conjuntural; as fileiras da lã e seda têm resistido melhor. Este contexto mais difícil, ligado em grande parte à crescente concorrência proveniente da ásia, muda, de acordo com o IFM, a fisionomia do sector têxtil de duas formas. Em primeiro lugar, assiste-se ao desaparecimento das unidades de produção mais pequenas – é necessário agora um tamanho crítico. Por outro lado, os industriais são incitados a subir em gama para fazer face a uma concorrência sustentada no preço. Já no vestuário, o panorama muda de figura. Após anos difíceis, a confecção italiana parece beneficiar de uma segunda vida desde 2006. Desde então, a maior parte dos indicadores passaram “a verde”, essencialmente graças ao sector do vestuário de tecido (a malha mantém-se à parte desta melhoria). O IFM revela que a progressão do volume de negócios atingiu 5,2% em 2007 na indústria de vestuário, após um aumento de 3,1% em 2006. A produção de vestuário também aumentou significativamente (mais 5,3% em 2007), depois de ter diminuído no período anterior a 2006. Os sectores em maior crescimento são o vestuário de tecido (mais 9% de volume de negócios em 2007), o vestuário de criança (mais 4,6%) e a camisaria (mais 7,3%), tanto para homem como para senhora. Também pela primeira vez em muito tempo, os efectivos empregados no sector do vestuário aumentaram em 2007 (mais 0,7%) e atingiram as 264.600 pessoas. No entanto, a demografia das empresas mantém-se mal orientada e está em curso um movimento de concentração, que se traduz por uma diminuição do número total de empresas e por um aumento constante do número médio de assalariados por empresa. De acordo com o IFM, uma parte substancial do volume de negócios das empresas italianas de confecção provém das exportações. Com efeito, a procura interna de vestuário conhece apenas um crescimento limitado (mais 1,2% em 2007). Os envios para o exterior mantiveram-se estáveis em 2007, com o dinamismo do mercado extra-europeu (mais 10%) a compensar o declínio das vendas dentro da UE (menos 7%). Apesar da França e da Alemanha se manterem como os principais clientes da Itália, outros países têm um papel cada vez mais importante nas encomendas dos confeccionadores: a Rússia é agora o terceiro importador de vestuário italiano, à frente da Suíça, da Espanha e dos EUA. Com efeito, as produções italianas encontram um sucesso crescente nos mercados emergentes: em 2007, as exportações de vestuário aumentaram 29% para Hong Kong, 30% para os Emiratos árabes Unidos, 45% para a China, 20% para o Kuwait, 28% para o Qatar A internacionalização tornou-se, por isso, um motor essencial de crescimento para as empresas italianas. Esta estratégia pode, contudo, embaterm num problema: a valorização do euro face ao dólar.