Tradicionalmente contida, a moda masculina parece ainda não ter encontrado boas razões para se soltar. Deste modo, observa-se o retorno ao básico a à roupa de trabalho severa e séria, que deixam de lado o brilho, o luxo e a ostentação que alguns estilistas tentaram incutir em estações anteriores. «Este são tempos que tendem a homenagear a moda por si mesma e no segmento masculino isso significa a apresentação de vestuário que projecta um clima de importância, segurança e continuidade», afirmou Alan Flusser, autor do livro «Vestindo o Homem: dominando a Arte da Moda Permanente. Neste seguimento, as propostas apresentadas na Semana da Moda de Nova Iorque vêm apenas confirmar e reforçar tais afirmações, na medida em que muitos dos estilistas aproveitaram para exibir colecções cuja palavra de ordem foi a contenção. Deste modo, a colecção quase monocromática de Calvin Klein reflectiu a busca da sobriedade, através de silhuetas esguias e destituídas de acessórios. Fatos, camisas e gravatas, todos feitos com o mesmo tecido, formavam looks únicos. O clima foi temperado com algumas calças e casacos futuristas, esculpidos em espuma, mas com exteriores tradicionais como o tweed. O primeiro desfile de moda masculina de Richard Chai apostou no cinzento em look total, com casacos militares e outros modelos sugerindo conformidade institucional. No entanto, houve algumas pinceladas de cor em certos desfiles, como o da Spurr e de Duckie Brown, com influências industriais, militares e prisionais. «Este estilista fez questão de apresentar casacos bem cortados, que fazem relembrar os anos 60, e que são usados com calças de carpinteiro, de flanela ou de sarja», explicou Flusser. Os estilistas parecem estar a enfrentar um período conturbado onde o crédito é limitado, as vendas parecem estar em declínio e os consumidores estão cada vez menos dispostos a gastar mais do que o estritamente necessário. «A verdade é que a maioria das pessoas já tem roupa suficiente, mas parece ter-se acostumado a fazer compras como forma de diversão e, por esse motivo, as pessoas podem deixar de comprar. Os homens, em especial, já possuem o suficiente para se manter por algum tempo sem fazer compras», concluiu Alan Flusser.
