Utexa ajuda desenvolvimento das Honduras

Instalada há dois anos para dar um impulso à produção de vestuário da América central, a unidade de produção de fios sintéticos Utexa tem contribuído para o aprovisionamento de proximidade dos EUA e para o desenvolvimento da indústria têxtil e vestuário nas Honduras.

[©Utexa]

Até a pandemia de Covid-19 ter chegado, 2020 afigurava-se como um dos melhores anos para muitas das empresas da indústria têxtil e vestuário das Honduras.

O país é o quinto principal fornecedor dos EUA, tendo registado um crescimento nas exportações de têxteis e de vestuário de 7,7% em 2019, para 2,8 mil milhões de dólares (cerca de 2,4 mil milhões de euros). As Honduras têm uma quota de 3,3% do mercado americano, com as principais exportações a incluírem t-shirts de algodão, sweatshirts e roupa interior, a que se somam incrementos em malhas em fibras sintéticas e outro activewear.

Em vez de tentar competir pela produção de custos baixos, o crescimento tem sido alimentado por um foco na rapidez e reposições mais frequentes durante as estações, juntamente com uma maior procura por sportswear de valor acrescentado nos EUA – para o qual o componente essencial é o fio de poliéster, virgem ou reciclado, da fábrica da United Textiles of America (Utexa).

A unidade da Utexa, um investimento de 100 milhões de dólares, é uma das mais avançadas tecnologicamente do mundo e nasceu da escassez de aprovisionamento de fios sintéticos, explica Eric Joo, diretor-geral da empresa, ao just-style.com. «Não havia inovação suficiente e preços concorrenciais no mercado, por isso viemos para dar um impulso às decisões de sourcing na região e aproveitar o acesso sem taxas aos EUA. Tem havido um maior sentido de urgência nos últimos anos para trazer os ciclos de desenvolvimento de produto para mais próximo do mercado, mas uma das barreiras era a falta de produtos e o preço que era demasiado elevado. Por isso estamos a trazer mais produtos para a América Central que estão habitualmente disponíveis nos fornecedores asiáticos», acrescenta.

[©Utexa]
A fábrica emprega 420 pessoas e tem uma capacidade mensal de 2.500 toneladas de fio de filamentos texturizado de poliéster. Face à procura crescente de poliéster reciclado, no ano passado lançou a marca Reborn, que está certificada pelo Global Recycle Standard (GRS), cujas vendas deverão ultrapassar as de fios de poliéster virgem já em 2021. «Praticamente tudo está a mudar para poliéster reciclado, por isso, atualmente, a maior parte dos nossos novos negócios e a maioria das nossas compras são de poliéster reciclado», refere o diretor-geral da empresa.

Reciclado a crescer

Para além de ser apelativa para especialistas em activewear como a Nike, a Under Armour e a Adidas, «mesmo os retalhistas de básicos para o dia a dia como a Target e a Walmart viram que são capazes de tomarem decisões para terem produtos com elevada performance usando poliéster texturizado», revela Joo. «Estamos bastante perto da capacidade total, mas com o Covid não estamos onde queríamos estar. Ainda temos espaço para crescer», acredita.

Além disso, a situação pandémica tem gerado muita incerteza. «Toda a situação está a ser exacerbada porque há determinados retalhistas que fecharam as portas e têm agora muito inventário e depois há outros que mantiveram as portas abertas e voltaram. Há mais hesitação por parte de marcas que não têm intervenção direta nos números das vendas a retalho», justifica Eric Joo.

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«Estão a tentar ter um equilíbrio entre manter a saúde dos fornecedores, manter os níveis de inventário e serem capazes de ter o produto certo para responder à procura. Tem a ver com tentarmos perceber o que é que eles não têm inventário suficiente e o que é que eles têm inventário a mais: atualmente, é praticamente um jogo de adivinhação», resume o diretor-geral da Utexa.

As exportações das Honduras para os EUA caíram 39,2% nos primeiros oito meses do ano, para 402 milhões de unidades equivalentes a um metro quadrado (SME na sigla em inglês), em comparação com 662 SME no mesmo período. Em valor, a queda foi de 43,4%, para 1,03 mil milhões de dólares. Tem havido, contudo, uma recuperação nos últimos meses, com quebras menos acentuadas: em agosto, a queda foi de apenas 2,5% em termos de volume face ao mesmo mês de 2019.