Uma nova estratégia para o calçado português

A APICCAPS (Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos) está a elaborar o Plano Estratégico 2007-2013. Uma das orientações apresentadas entre as opções estratégicas, passa pelo alargamento dos mercados de exportação. As empresas de calçado têm de apostar na conquista de mercados fora da Europa, já que mais de 90% das suas exportações estão canalizadas para os países europeus. De acordo com o noticiado pelo Diário Económico (DE), este é um dos desafios que o Plano Estratégico para a Indústria Portuguesa do Calçado 2007-2013 deverá colocar aos empresários nacionais. A indústria portuguesa do calçado foi responsável por um volume de exportações da ordem dos 1.237 milhões de euros no ano passado, apresentando uma quebra de 1,6% face a 2004. Para que o sector assuma mais relevo no contexto internacional, as empresas deverão «assegurar uma maior capacidade de resposta rápida e flexibilidade», acrescentando «mais valor aos produtos», adiantou Fortunato Frederico, presidente da APICCAPS, em declarações ao DE. As linhas estratégicas para o sector deverão assentar numa maior evolução tecnológica, sem descurar os esforços feitos pelas indústrias nos últimos anos, na inovação e na formação profissional, afirmou ainda. A par do lançamento de produtos inovadores, Fortunato Frederico realçou a importância de conquistar «novos mercados de elevado potencial de crescimento», que potenciarão o combate à concorrência internacional. As opções estratégicas para o sector nos próximos sete anos deverão aproveitar as oportunidades criadas pelo Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). De acordo com Fortunato Frederico, embora seja ainda praticamente desconhecido o enquadramento financeiro do QREN, a APICCAPS equaciona apresentar ao Governo e à União Europeia os projectos que permitam ganhos competitivos relevantes para o sector. O documento está ainda em fase de elaboração, tendo a APICCAPS solicitado o apoio do Centro de Estudos, Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica do Porto. Esta definição estratégica contará com a participação das empresas, do Centro Tecnológico e Centro Profissional do sector, além da participação da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte. De acordo com Fortunato Frederico, a APICCAPS deverá tornar pública a estratégica para a indústria de calçado em Novembro. Produção aumenta no primeiro trimestre Os empresários de calçado manifestaram-se «animados» no primeiro trimestre do ano, com os indicadores relativos à produção a apresentarem os níveis mais elevados dos últimos cinco anos. No entanto, as previsões para o segundo trimestre do ano «não são muito optimistas», fruto do comportamento da carteira de encomendas, e sugerem uma ligeira tendência de subida de preços, refere a APICCAPS. As empresas que vendem apenas colecção própria mostram-se mais optimistas do que as restantes, sendo quase 20% as que dizem ter mais de três meses de produção assegurada, acrescenta. Do inquérito periódico realizado às empresas do sector, editado pelo Centro de Estudos de Gestão e Economia Aplicada da Universidade Católica do Porto, concluiu-se ainda que a concorrência das importações tem vindo a ganhar uma importância crescente. À semelhança do verificado em trimestres anteriores, as empresas que se dedicam exclusivamente à exportação fazem uma apreciação substancialmente mais favorável da conjuntura do que as restantes. «Neste trimestre, a apreciação do estado dos negócios é tanto mais favorável quanto menor o peso da marca própria nas suas vendas, o que parece ser fruto da evolução da carteira de encomendas», afirma a APICCAPS. Entre as maiores dificuldades apontadas pelas empresas para o próximo trimestre, a associação refere a insuficiência de encomendas de clientes estrangeiros, a concorrência das importações e a insuficiência de encomendas de clientes nacionais.