A imagem da indústria portuguesa de têxteis e vestuário (ITV) evoluiu favoravelmente , nos últimos anos, junto dos principais mercados europeus. Esta é uma das opiniões maioritárias entre as três dezenas de jornalistas europeus e brasileiros especializados no sector e presentes, durante as Jornadas Têxteis para a Comunicação Social, organizadas pela Associação Industrial do Minho, no âmbito do projecto Minho – Pólo de Excelência Têxtil.
«Portugal deixou de ter uma imagem de país produtor de ITV dirigido ao segmento baixo, com mão-de-obra barata. Hoje já apresenta uma qualidade maior e a sua produção já se destina a um segmento médio e médio/alto de mercado », refere Martin Ott editor da prestigiada revista especializada alemã « Textil Wirtschaft », com uma tiragem semanal da ordem dos 35 mil exemplares. Para este jornalista é de extrema importância a constatação da nova realidade do sector português, em especial através das visitas a grandes empresas de « excelência » que a Associação Industrial do Minho organizou para este efeito.
Opinião semelhante tem outro periódico de referência no sector, o « Journal du Textile », atravès de Valérie Demon, para quem a principal dúvida está em saber « como Portugal vai manter a sua competitividade, uma vez que já produz actualmente com salários mais elevados », acrescentando que os problemas portugueses deverão ser semelhantes aos dos restantes países europeus no que diz respeito « à concorrência asiática, à liberalização progressiva dos mercados e ao problema da contrafacção ». Valérie Demon é correspondente em Espanha e aponta uma debilidade à ITV portuguesa : « Portugal devia seguir o exemplo espanhol e projectar melhor a imagem do sector ao nível europeu e internacional » Luca Ferrari, do jornal italiano « Tecnica della Confezione », possui idêntica opinião : « sei que a indústria de vestuário portuguesa já possui uma qualidade e uma tecnologia elevadas. Mas o país não tem investido eficazmente na promoção desta mudança. Deviam também projectar e fomentar mais e novos projectos de parceria e cooperação com outros países europeus ».
Consensual entre estes jornalistas especializados é o desconhecimento europeu das Marcas portuguesas e a debilidade nacional relativamente às cadeias de distribuição. A jornalista de moda italiana Roberta Potasso da interroga-se :« porque é que designers conhecidos da moda portuguesa como Luís Buchinho, Fátima Lopes, ou José António Tenente não são projectados internacionalmente ? ». Valérie Demon salienta a agressividade do exemplo espanhol que « através de cadeias de vestuário como a Zara e a Mango, lançou outra imagem internacional».
Profundo conhecedor da ITV nacional, Stephen Higginson, jornalista britânico da « International Textiles », vem regularmente a Portugal e reconhece a « grande evolução deste sector, nomeadamente em tecnologia, comunicações, infraestruturas e profissionalismo no atendimento fabril . A proximidade portuguesa é um factor de relevo por favorecer a rapidez e a eficácia nas trocas comerciais intraeuropeias».
Estas Jornadas Têxteis dirigidas aos Media internacionais e nacionais do sector vão tentar projectar a Região Minho como uma região produtora e distribuidora de uma marca de origem de qualidade. É esse, aliás, o âmbito do projecto global , do qual estas Jornadas são apenas a primeira grande Iniciativa : o programa « Minho Pólo de Excelência Têxtil».
Em Braga, na abertura dos trabalhos, o presidente da Associação Industrial do Minho, Capa Pereira, e o Gestor do Projecto, António Falcão, lembraram que a ITV é o melhor recurso desta região, o que está expresso, de resto, nos seus principais indicadores : o Minho representa 20% das exportações nacionais, 60% das exportações têxteis portuguesas e concentra na região 60% das indústrias têxteis e de vestuário. Capa Pereira salientou, no entanto, « a necessidade de preenchimento de algumas lacunas existentes na cadeia de valor industrial », justificando assim o seu apelo a um « esforço de atracção do investimento estrangeiro e de parcerias internacionais, em especial no segmento de bens de equipamento industrial têxtil». Parceira da Associação Industrial do Minho, neste programa, Regina Biscaya, da Direcção Geral da Indústria, referiu que as estratégias de investimento levadas a cabo nos últimos anos pelo sector contribuíram, de forma decisiva, para a modernização tecnológica, os aumentos de produtividade e qualidade, os ganhos de competitividade, a aproximação aos parceiros europeus e a crescente preocupação com as questões ambientais.