O sofrimento humano que seguiu os ataques terroristas de 11 de Setembro aos Estados Unidos, teve pouca influência no declínio da indústria dos artigos de luxo, mas os dois encontram-se realmente ligados. Com a estagnação da economia nos mais importantes mercados japoneses e a recessão dos Estados Unidos, os fabricantes de vestuário exclusivo, joalharia e acessórios, estavam já a enfrentar um ano difícil mesmo antes da tragédia que atingiu os Estados Unidos. A perda de apetite para a compra de artigos de luxo e o cancelamento em massa das viagens de férias, fez com que diminuíssem as vendas aos turistas e as vendas nos aeroportos que são um dos principais pontos de consumo. O impacto nos preços das acções foi imediato. Desde o dia 10 de Setembro, o líder mundial de artigos de luxo, a LVMH, teve uma má performance em relação ao índice de 12% dos bens cíclicos europeus da DJ Stoxx, aos 24% do joalheiro exclusivo Bulgari e aos 15% do produtor de diamantes Richemont. No entanto, Carlo Pambianco, conselheiro industrial, afirmou estar «muito optimista relativamente aos negócios». «Houve uma queda no consumo antes dos ataques que se agravou a partir de 11 de Setembro, mas eu acredito que podem voltar aos altos níveis de consumo dos anos 1999-2000». No entanto, com a excepção dos super ricos para quem nenhuma recessão é profunda o suficiente para alterar os hábitos de consumo, os consumidores de artigos de luxo vão querer ter sinais de uma melhoria na economia antes da abrirem as suas carteiras Louis Vuitton. Enquanto que a maioria dos analistas, acreditam que os Estados Unidos vão emergir da recessão em 2002, mais preocupante é o facto de que a economia japonesa possa continuar deflacionária. O corretor americano Goldman Sachs, prevê que 26% de todas as vendas de artigos de luxo são feitas por turistas japoneses no estrangeiro, e cerca de 20% são vendidos no mercado interno japonês. Os consumidores americanos contam apenas 15% das vendas. Ninguém espera que o consumo de artigos de luxo dispare, mas uma moderada recuperação em 2002 poderia levar algumas acções a serem seriamente desvalorizadas. No entanto, e enquanto os compradores de artigos de luxo se sentirem bem com a vida, os investidores poderão ser avisados a manterem-se afastados. Mas Carlo Pambianco continua a acreditar que há alguns aspectos no comportamento do consumidor que nunca irão mudar.