Em declarações ao just-style.com, Luísa Santos, responsável para o comércio internacional na European Apparel and Textile Confederation (Euratex), referiu que a medida vai também facilitar as regras que restringem o investimento da UE em Marrocos. «Para o nosso sector, os benefícios deste acordo reforçado e mais abrangente poderão surgir de melhores procedimentos alfandegários, melhoria do acesso aos mercados de contratos públicos ou melhores disposições no que diz respeito ao investimento acesso e proteção», explicou a responsável. As negociações para uma área de livre comércio profunda e abrangente da UE-Marrocos começaram no dia 22 de abril, em Rabat, e destinam-se a levar as relações comerciais entre as duas partes para um nível mais aprofundado. Já existem atualmente diversos produtos comercializados a tarifa zero desde 2000, quando a UE celebrou um acordo de livre comércio com Marrocos. Os produtos têxteis e vestuário, por exemplo, são negociados ao abrigo da isenção de taxas aduaneiras. O vestuário é uma das principais exportações de Marrocos para a UE, a par dos produtos agrícolas e das máquinas e equipamentos de transporte. De acordo com os dados da Comissão Europeia (DG Comércio), Marrocos exportou em 2012 vestuário e seus acessórios no valor de 621 milhões de euros para a UE, um ligeiro decréscimo em relação ao ano anterior, quando o valor obtido foi de 676,8 milhões de euros. As exportações de têxteis e vestuário da UE para Marrocos cifraram-se nos 51 milhões de euros em 2011 e tiveram um aumento para os 53 milhões de euros em 2012. Em declarações ao just-style, Said Belkhayat, vice-presidente de AMITH (Association Marocaine des Industries du Textiles et de l’Habillement), indicou que as conversações eram uma parte fundamental do plano Strategy 2025 de desenvolvimento do sector. Este plano tem por objetivo melhorar a capacidade da indústria para responder à procura dos mercados europeus. Belkhayat revelou que os mercados europeus prioritários iniciais eram: Espanha, França e Reino Unido que seria abordado em conjunto com os EUA. Ele afirmou que a produção de têxteis e vestuário de Marrocos aumentou 9% durante o ano passado, mas o crescimento não foi constante em todo o sector, com alguns encerramentos resultantes da concorrência no mercado doméstico e externo. As negociações atuais deverão ligar Marrocos ainda mais estreitamente à esfera comercial dos 27 países da UE, com a Comissão Europeia a querer que o país do Norte de África adote mais padrões industriais e regulamentações técnicas da UE. Estão incluídas neste âmbito questões como a proteção dos direitos de propriedade intelectual, proteção de investimento e integração gradual da economia marroquina no mercado único da UE, segundo um memorando da CE. A UE é já o maior parceiro comercial de Marrocos, sendo responsável por 50% do comércio total do país, segundo fornecidos por Bruxelas. O comércio de bens entre a UE e Marrocos foi ligeiramente superior aos 26 mil milhões de euros no ano passado, com o comércio de serviços cifrado nos 7 mil milhões de euros. Negociadores europeus e marroquinos vão reunir-se em Bruxelas durante o mês de junho, para continuar as negociações. Para além de Marrocos, a UE está atualmente a procurar estreitar as relações comerciais com outros países do Mediterrâneo, como: Egito, Jordânia e Tunísia.