Twintex recupera vendas

No ano passado, a Twintex conseguiu colmatar a queda sentida em 2020 e voltar aos números de 2019, num primeiro passo para o crescimento que antecipa que irá acontecer este ano.

Mico Mineiro

Num 2021 ainda marcado pelos efeitos da pandemia, a produtora de vestuário teve «um ano dentro das expectativas», afirmou Mico Mineiro, COO da Twintex. «Foi um ano em que houve alguns desafios que foram plenamente superados. Conseguimos também crescer em relação ao ano de 2020 e ficar nos números do ano de 2019. Logo, não poderíamos, nesta altura, pedir mais», explicou ao Jornal Têxtil, minutos antes de participar no último painel das iTechStyle Talks, no Modtissimo.

No conjunto das empresas do grupo, o volume de negócios ficou próximo dos 16,5 milhões de euros, um valor equilibrado e dentro das projeções da Twintex, que prepara agora o crescimento. «Janeiro arrancou com um bom ritmo e as expectativas mantêm-se para que este seja um bom ano. O maior desafio que temos neste momento é, de facto, as regras sanitárias ainda não terem mudado e termos em casa mais de 30% das pessoas, o que nos prejudica imenso na produtividade diária», destacou. «Acho que nós e os outros players do mercado podemos confirmar que há uma procura acima da média, pelo menos até restabelecermos os números de toda a cadeia de abastecimento. Por isso, até ao verão, até setembro, acho que vão ser meses de bons valores, de bons números para todos os envolvidos no negócio», antecipou.

No caso da empresa, esta procura é resultado, reconheceu o COO, do trabalho que a Twintex tem feito nos últimos anos. «A proximidade que temos com os nossos clientes leva a que tudo o que eles sentem seja sentido por nós quase imediatamente. Da mesma forma que eles pararam ou decresceram nas vendas nos últimos dois anos, neste momento, eles estão a sentir um aumento e a Twintex tem o reflexo imediato de se ter mantido perto desses mesmos clientes», admitiu.

A conjuntura do mercado também contribui. «As oportunidades são bastantes e são claras, são óbvias», sublinhou Mico Mineiro. «Acho que este é o momento de todas as fábricas, de todos os players do mercado se reorganizarem internamente, receberem de volta a casa todos os trabalhadores que têm provocado índices de absentismo nunca antes vistos e tornar-se internamente o mais produtivos possível. Criar as melhores formas de as equipas comunicarem, de as equipas darem de si a melhor performance no seu maior conforto. A partir daí, abraçar as oportunidades que vão surgir», referiu. «O nearshoring é muito claro. Nós assistimos a isso não só a nível do mercado americano, mas até grandes marcas europeias estão a tentar colocar parte da sua produção na Europa. Devemos olhar para isso com muito bons olhos, mas, sobretudo, olhar para isso como a realidade nos obriga. Que é vermos, avaliarmos bem a capacidade produtiva de que Portugal dispõe e ver qual é a melhor forma de responder aos clientes. Não estarmos a vender sonhos e, sem querer, estarmos a gerar um volume de vendas que não temos capacidade para produzir», acrescentou.

 

Torre de Babel

Atualmente, a empresa, que exporta praticamente toda a sua produção, tem na Europa o seu principal mercado, nomeadamente para França, Países Baixos, Alemanha e Inglaterra, mas os EUA representam já 45% das exportações. «Está extremamente equilibrado entre a Europa e os EUA», assinalou Mico Mineiro, que reforçou que «estamos contentes com esse balanço».

Mas para o COO da Twintex, «Portugal precisa de mais capacidade, precisa de mais investimento, precisa também de novos destinos de produção. Portugal, enquanto profundo conhecedor da atividade e um dos principais product developers no mundo, tem também uma necessidade, neste momento, de procurar novos destinos de produção e isso vai ser uma realidade inevitável», considera, apontando Marrocos como uma opção primordial, «pelo benefício geográfico».

Uma resposta possível a um dos principais problemas com que empresas como a Twintex enfrentam: a falta de mão de obra. Outra é empregar imigrantes. «Neste momento, na Twintex, temos já 16 nacionalidades diferentes, o que prova que é possível contornar o problema da falta de mão de obra. Temos ações de formação que são inteiramente completadas por imigrantes. É um dos desafios que eu acredito que os empresários devem estar muito atentos e não esperar pela hora limite para tratar desse assunto», destacou.

A empresa tem igualmente realizado investimentos, uma aposta que vai continuar, em 2022 ou num futuro mais distante, com Mico Mineiro a adiantar que será em «tecnologia muito avançada, 100% na área produtiva», mas sem levantar muito o véu. «Temos um grupo de empresas com as quais trocamos informações e são empresas que estão interessadíssimas em desenvolver [novas soluções], como nós estamos. Infelizmente, ainda não atingimos as taxas de sucesso que gostaríamos no desenvolvimento que estamos a fazer – por isso é que são chamados de investimentos – e precisamos da ajuda de outras empresas nesta fase de aprendizagem. Quando o assunto estiver resolvido, aí sim, podemos partilhar, porque os passos que foram dados para se lá chegar, toda a gente terá de os dar», assegurou o COO da Twintex.