Twintex com o futuro nas mãos

No interior do país, a família Mineiro gere os destinos da Twintex, empresa que, desde a sua fundação, se preocupa, primeiro, em olhar à volta – isso inclui as 420 pessoas que emprega e o meio ambiente – para, logo depois, olhar em frente – passando pelas novas tecnologias e consequentes evoluções do negócio.

Sediada na cidade do Fundão, a Twintex conta hoje com uma carteira de 26 clientes ativos, numa geografia que abarca 12 países. A segunda geração da empresa – Bruno e Mico Mineiro – tem continuado o caminho de sustentabilidade do pai António, iniciado em 1979 mas, naturalmente, foi-lhe acrescentando passos.

twintex_011Twintex Eco Fashion, Twintex Academy, Twintex Life e, mais recentemente, Twintex EVOlution são os projetos de inovação formação, sustentabilidade e responsabilidade social implementados pela produtora de vestuário para um portefólio de marcas de luxo internacionais, que agrega duas unidades industriais, intersetadas por um conceito de atelier – uma linha de costureiras especializadas para terminar peças à mão com se de alta-costura se tratassem.

«Os meus pais e os meus avós trabalhavam na têxtil – sou oriundo da Covilhã e, na época, a Covilhã e todo o centro eram uma monoindústria, só havia fábricas de tecidos. Digamos que é um percurso que, obrigatoriamente, nos proporciona o contacto com muitas pessoas, diferentes realidades de vida, e, quer queiramos quer não, vamos sentindo alguma sensibilização também para cuidar das pessoas de uma forma muito especial», explicou António Mineiro na passada edição de junho do Jornal Têxtil, sobre as coordenadas que orientaram a Twintex em direção à responsabilidade social e ambiental.

Este foi, de resto, apenas um dos ensinamentos transmitidos aos filhos, que reafirmaram a importância dos recursos humanos, da automação tecnológica e das questões ecológicas e éticas rumo ao sucesso que a Twintex hoje conhece. «Começámos à procura, investigámos, encontrámos soluções. Começámos pela reciclagem dos nossos resíduos, pela separação total dos resíduos, pudemos fazer isso sem investimento nenhum. Descobrimos que existia no mercado uma película espelhada que se aplica nas janelas, que permite que no verão quando o sol incide sobre as janelas, a temperatura a entrar seja muito inferior, logo usamos muito menos o ar condicionado, reduzimos as emissões», revelou Mico Mineiro.

Estas descobertas ramificaram-se nos quatro conceitos que atualmente balizam a atuação da empresa de dentro para fora, como reconheceu Bruno Mineiro.

twintex_045O Eco Fashion, que começou há 10 anos, tem por objetivo desenvolver um sistema infinitamente sustentável. «Parece um sonho, mas essa ideia irrealista face ao facto de produzirmos 55% da nossa necessidade de energia elétrica com painéis fotovoltaicos começa a ganhar alguma consistência», afirmou. «Temos ainda depósitos de água na fábrica, que juntamos de forma natural diariamente e que nos permite autossuficiência em água – gastamos 12 mil litros de água por dia. Estes dois factos, somados ao facto de utilizarmos gás natural para produzir o vapor da empresa, faz com que tenhamos uma poupança mensal tão importante que coloca o nosso custo-minuto atual abaixo do que era há cinco anos», explicou.

O Twintex Life, por sua vez, tem por base a relação da empresa com a comunidade interna e externa e o seu “highlight” é o Twintex Card, que dá descontos aos colaboradores em serviços locais, «que vão desde o médico ao dentista, ao ginásio, à piscina, aos combustíveis», apontou. Não menos importante, a Academy é uma escola dentro de cada fábrica, «que permite qualificar e requalificar o capital humano», destacou ainda Bruno Mineiro.

O conceito mais recente reside no Twintex EVOlution, «que questiona tudo aquilo que fazemos, tem a ver com alguma vontade de querer fazer sempre mais», confessou.

O investimento total para todas estas “vias verdes” foi superior a um milhão de euros.

twintex_064Entretanto, estes quatro axiomas vão sendo acompanhados pelos avanços tecnológicos, área na qual, em 2015, e empresa injetou 800 mil euros. «Não somos grandes inventores, mas temos coragem para implementar o necessário para uma fábrica de futuro», assegurou Bruno Mineiro, mas, «uma fábrica desta dimensão, está em constante renovação. Os equipamentos são muitos, são centenas de equipamentos e eles têm de estar a ser permanentemente renovados sob risco de ficarem obsoletos, não é sempre que aparece uma máquina que depois muda tudo», acrescentou.

Com um volume de negócio, na ordem dos 13,5 milhões de euros em 2015, nas palavras de António Mineiro, o futuro da Twintex passa por «resistir, continuar e partilhar enquanto as forças permitirem». «Digo sempre que não há ninguém que saiba tudo, aprendemos todos os dias coisas novas e aprendemos com os outros», deixou como lição, para todos nós até.