Triwool avança em três frentes

Acompanhar a transição energética, prosseguir na transição digital e cumprir a ambição de ter uma organização capaz de se adaptar aos diferentes momentos são as três linhas de evolução da Triwool.

José Pedro Barros

«Queremos acompanhar bem a transição energética, seja com a Indústria 4.0, seja com formas de energia renovável», revela José Pedro Barros, administrador da Triwool. Nesta área, a empresa está com um grande investimento em painéis fotovoltaicos em todas as suas instalações, tanto no Porto, como na unidade produtiva que tem em Esposende. «Serão cinco a seis mil metros quadrados de área coberta com painéis», indica. «A ideia será produzirmos energia suficiente para reduzir a nossa fatura entre 30% e 50%, dependendo da otimização que se consiga. É um número perfeitamente atingível», afirma o administrador, que aponta o retorno do investimento em «três a cinco anos».

A eficiência energética é uma das três «grandes linhas» estratégicas da Triwool enumeradas por José Pedro Barros, a que se juntam o acompanhamento da transição digital e a «ambição de adaptar a empresa aos momentos».

Foco na digitalização

O digital «tem a ver com o revirar do paradigma do design, o design 3D, acompanhar o gaming… toda essa transição. E tornar o nosso negócio mais digital também», sublinha. Um desses passos foi dado com a renovação do website já este ano. «O website é o nosso cartão de visita da era moderna», sustenta o administrador, que fundou a empresa juntamente com o sócio Filipe Cameira. «Na era da comunicação temos que comunicar bem o que somos e temos que passar a imagem que melhor reflete o que somos. A indústria de vestuário não é a historinha das confeções, da linha de corte, isso é básico. Nós somos mais especiais que isso, somos gente inteligente, com quadros inteligentes, que trabalha sobre grande stress em tempos muito curtos, portanto somos grandes profissionais», explica. «Fizemos um site novo para mostrar que temos sensibilidade, temos gosto e percebemos o futuro», refere, acrescentando que o objetivo do novo website é que «o cliente entenda qual é o nosso ADN».

No futuro, não está posta de parte a ideia de tornar o website transacional e criar uma marca para vender online. «Vamos procurar um B2C autêntico, para sairmos fora e sermos um bocadinho autónomos na nossa existência», anuncia José Pedro Barros, até porque «em Portugal temos muito know-how, somos bons a fazer para os outros. Agora temos que ser bons a vender ao cliente final».

O objetivo destas três linhas de evolução é que «no final de tudo, a empresa acompanhe o que vem aí da melhor forma, seja para vendermos mais online, com parceiros online, seja para vendermos mais valor acrescentado, seja para vendermos mais customização», salienta. Neste último tema, «vamos permitir aos nossos clientes, com uma tecnologia específica, customizar mais as peças, porque a tendência é essa», adianta o administrador.

O mercado atravessa atualmente um momento de transição em que, acredita José Pedro Barros, «muitos players tradicionais vão cair e vão ficar para trás e novos players, com novas regras, novas formas de pensar e de atacar o negócio, vão-nos moldar um bocadinho». Como tal, «a nossa indústria vai ter que se adaptar às quantidades pequenas muito rápido. Vai ser um desafio porque está sempre tudo a mudar e nunca antes se mudou tanto em tão pouco tempo», sublinha.

Entre a fast fashion e o high-end

Especializada em vestuário em malha, a Triwool produz anualmente cerca de 3,5 milhões de peças, com clientes divididos entre a fast fashion e gamas mais altas. «No Triwool Lab fazemos marcas de valor acrescentado, onde temos uma equipa completamente distinta, com outro mindset, até uma linha de amostras separada», esclarece o administrador. Uma área que está a crescer «por empenho nosso. Queremos crescer este modelo e tem-nos aparecido cada vez mais clientes [para este segmento]», assegura.

A produção é realizada essencialmente por subcontratados, com a Triwool a concentrar-se no design e desenvolvimento do produto, contando com cerca de 15 designers na equipa. «Há três anos adquirimos uma empresa em Esposende. Ganhámos um bocadinho de dimensão nos últimos anos, fomos crescendo e chegámos a um momento em que tínhamos que dar um passo e ter uma parte produtiva. Era importante até para balizar todo o volume de negócios que tínhamos – não podíamos ter um volume de negócios desta dimensão sem ter mão na produção», considera João Pedro Barros.

A Triwool, que em 2020 registou um volume de negócios de cerca de 16 milhões de euros, que representou uma queda de 35% face a 2019, tem também especial atenção à sustentabilidade. Para além de várias certificações, de projetos de inovação como o Infini, e de trabalhar com marcas e retalhistas, como no projeto Join Life da Inditex, a empresa desenvolveu a linha Care by Triwool, em que «todas as peças têm um componente suficiente importante [em termos de sustentabilidade]». Além disso, «estamos também a trabalhar com transportadores na otimização da last mile, para podermos ter menos pegada de carbono nas emissões por causa do transporte», conclui João Pedro Barros.