A indústria automóvel tem sido o grande foco da Trim NW, mas. nos últimos anos, a empresa começou a investir na diversificação dos seus produtos. «Com a área automóvel a ter alguma quebra nestes dois anos, tivemos que diversificar», explica Rui Lopes, CEO da empresa.
A área médica foi uma direção óbvia, com a Trim NW a ter, durante o pico da pandemia, reconvertido as suas linhas de produção para fazer não-tecidos certificados para a confeção de EPIs para a área hospitalar, que estiveram em destaque na mais recente edição da Techtextil. «São produtos impermeáveis, aprovados para a execução de batas médicas», revela ao Portugal Têxtil. Produzido com poliéster, este tipo de artigo «é de utilização única e é específico para esta aplicação», tendo ainda a vantagem do preço, embora, saliente o CEO, «a concorrência seja grande».
À área médica juntaram-se igualmente as entretelas em poliéster para bordados, que vem dar alternativa às importações. «Não se fazia cá este tipo de produto e agora começámos a fazer», afirma.
Mais recentemente, a Trim NW voltou-se para o mercado dos filtros. «Já estamos a testar um produto numa empresa metalomecânica, para fazer a filtração do óleo em relação ao óleo de maquinação de peças metálicas e teve bons resultados. Por isso, é uma área que vamos começar a explorar também», adianta Rui Lopes.
Atualmente, a empresa conta com uma taxa de exportação superior a 95%, tendo França, Alemanha e Inglaterra como principais mercados, sobretudo na área automóvel. «A parte médica é mais em Portugal e em Espanha e a parte dos bordados neste momento é Portugal», esclarece o CEO.
Crescer sem baixar os braços
Depois de em 2020 ter aumentado a faturação devido à procura de artigos para EPIs no auge da pandemia, no ano passado o volume de negócios da Trim NW regressou a valores semelhantes aos de 2018, situando-se em 2,8 milhões de euros. Este ano «esperamos crescer acima dos 20%», um objetivo que se mantém apesar dos entraves colocados pela guerra e pelo contexto de negócios atual.
«Continuamos a manter esse objetivo porque temos estado a perder em alguns clientes em termos de volume, mas temos estado a ganhar clientes novos no automóvel e noutros segmentos, como a filtração e a parte dos bordados», justifica Rui Lopes.
Além disso, «costumo dizer que nos períodos de crise, ganhamos sempre, já no passado isso acontecia. Na indústria automóvel é normal, quando há crises, haver empresas a comprar outras, o que faz com que, estando do lado certo, possamos aumentar o nosso portefólio de produtos dentro dos clientes que temos», considera o CEO da empresa, que conta com 38 colaboradores.
Quanto aos desafios atuais, nomeadamente com a subida da fatura energética, que «duplicou» e do preço das matérias-primas, Rui Lopes mantêm-se combativo. «É difícil explicar aos nossos clientes que, efetivamente, as matérias-primas estão a subir, mas para a concorrência também estão a subir, por isso, os nossos concorrentes turcos, polacos, todos eles estão a ter o mesmo problema, porque as matérias-primas estão a subir para todos. É um problema? É, mas temos que nos adaptar. Se calhar temos de correr um bocadinho mais, trabalhar mais para conseguir obter mais negócio, mas não é nestes períodos que baixamos os braços ou desistimos», conclui o CEO da Trim NW.