Todos diferentes…

O segmento da moda é, sem dúvida nenhuma, o segmento de mercado mais interessado nas novas tendências, que surgem da inesgotável capacidade criativa do homem. Os meros consumidores de ideias e costumes, após alguns meses da interpretação destas tendências, ou seja, o lançamento da colecção, têm à sua disposição um resumo das mesmas, já devidamente materializado pelas empresas, sob a figura de marcas, que actuam no mercado da moda. Essas novas tendências não se aplicam somente ao aspecto visual do produto, ou seja aquilo que compõe o produto: tecido, forro, acessórios… etc. Aplicam-se também no marketing, na arquitectura das lojas, na postura e formação da equipa de vendas e na comunicação da empresa. O grande problema é que na maioria das vezes os profissionais de marketing e de vendas de algumas empresas não estão preparados ou não conseguem interpretar de uma forma clara o que essas novas tendências querem transmitir. Mas com tantas novidades e com a velocidade das mudanças, estes profissionais estão a esquecer-se do mais simples: tratar o consumidor pelo “seu próprio nome”. O que parece óbvio, percebe-se que é ainda uma tarefa muito difícil para algumas empresas. Se para muitos isso é apenas um detalhe sem importância, poderemos imaginar o que pensam e o que estão a fazer sobre a diferenciação dos seus produtos e de seus serviços. Porque é essa a tendência do momento: a diferenciação. Como já foi um dia, o atendimento, o comércio electrónico, entre outras. Todas sabem que o marketing é uma guerra de percepção e que é preciso diferenciar os produtos, o atendimento, enfim tudo o que sintetiza a marca, para que o negócio possa crescer e não simplesmente sobreviver, num mercado extremamente competitivo. Diferenciar, reforçar, aparecer, ser lembrado…No marketing, ao longo dos últimos anos, as regras básicas são as mesmas, apenas aparecem com nomes diferentes. Então o que mudou? O que mudou foram os anseios e desejos de uma peça importantíssima dentro deste contexto: o consumidor. Este novo consumidor exige que o produto cumpra mais do que a sua obrigação de simplesmente vestir bem ou ter um bom acabamento. Ele exige que esse produto alimente os seus desejos e os seus sonhos. Pagará qualquer preço pelo produto, com um detalhe: cada vez mais os consumidores procuram necessidades específicas. Os segmentos que se transformaram em nichos estão a transformar-se em mini-grupos de consumidores e, no extremo, um indivíduo será igual a um mercado. Carros, cujas chaves “entendem” quem está a abrir a porta, para poder ajustar a posição do banco ou do espelho retrovisor. Ou ténis Nike em que o consumidor pode escolher as cores da parte superior, da sola, dos contrastes e ainda pode colocar o nome para identificá-lo como seu, são alguns exemplos que já estão disponíveis no mercado. Para também envolver o consumidor, cada vez mais individualista e mais exigente, e na busca pela diferenciação, as grandes marcas gastam milhões nas instalações das suas mega-lojas nas principais cidades do mundo. Yves Saint Laurent, Gucci, Giorgio Armani, Prada, Louis Vuitton e Hermès entre outras constroem lojas de 2.500 metros quadrados, investem milhões na montagem de uma única loja ou dispõem-se a pagar fortunas por metro quadrado de aluguer mensal num espaço no bairro do Soho em Nova Iorque para “encantarem” os seus consumidores. Identificar e, obsessivamente, envolver os consumidores com muita dedicação e cuidado, é o objectivo a ser perseguido.