Na mais recente coleção da TMG Textiles apresentada na última edição da Première Vision Paris, as fibras de origem biológica e com uma pegada mais sustentável ganharam destaque. «Temos apostado muito na seleção de novas matérias-primas, em trabalhar muito com parceiros nacionais, com indústrias que estão perto de nós e que conseguem, de forma mais rápida, suprir as necessidades, e temos algumas fibras interessantes: a parte dos reciclados está a ser uma nova adição, em maior escala, principalmente os fios totalmente reciclados, a partir de algodão, de poliéster, etc.; e temos também a incorporação de novas fibras de base natural, como a banana e o ananás, que começámos a trabalhar nesta estação e têm tido um feedback muito positivo de quem tem visto a coleção», revela Pedro Silva, diretor de I&D da empresa especializada em tecidos.
Reduzir o impacto ambiental através da utilização de fibras com base natural que possam substituir o algodão, «que é o principal material usado na TMG», tem sido algo que ocupa a equipa de investigação e desenvolvimento da empresa, assim como a digitalização e otimização dos processos e «procurar novas soluções através de projetos, como no PRR [Plano de Recuperação e Resiliência], onde estamos envolvidos em vários, sempre com o foco na sustentabilidade, através da recuperação de redes de pesca e utilização de algas para produção de novas fibras e acabamentos», adianta ao Jornal Têxtil.
As preocupações com a sustentabilidade, de resto, têm evoluído e estão a impulsionar mudanças nos artigos propostos. «Já começa a haver preocupações ao nível do eco-design, relacionadas com o número de fibras que estamos a utilizar. Há uma tendência para a monofibra, começa-se a pensar já no que vai acontecer ao produto no pós-consumo», destaca Helder Rosendo, diretor de negócio da TMG Textiles.
Expansão fora da moda
Além de inovar na sustentabilidade, a empresa está igualmente a calcorrear novos caminhos, em direção a artigos pensados para outras indústrias que não a moda. «Neste momento, estamos a fazer um exercício que é, juntos, olharmos para onde é que queremos estar em termos de produto daqui a alguns anos e quais são os projetos de I&D que fazem sentido, que concorram para a geração de conhecimento e para a fixação de know-how e para termos experiência de desenvolvimento em áreas específicas. Queremos obviamente aumentar o peso dos artigos técnicos dentro daquilo que é o portefólio de produtos da TMG», assume Helder Rosendo, que aponta o workwear, o desporto e o interior dos automóveis como de particular interesse. «São três áreas onde queremos reforçar a nossa capacidade, oferecendo produtos diferenciadores, produtos com maior implicação de conhecimento e produtos que nos permitam reduzir a exposição do negócio àquilo que é o fenómeno 100% moda. Não se trata de abandonar a moda, mas trata-se de crescer nos outros mercados, para que tenhamos aqui um negócio mais equilibrado entre diferentes realidades do negócio», explica.
Aliás, «mesmo dentro dos clientes do segmento moda há uma apetência por artigos mais técnicos, por tudo o que acrescente funcionalidade e performance ao artigo moda. Acho que se formos suficientemente inteligentes para fazer aquilo que eu chamo de fertilização cruzada, juntando o melhor dos dois mundos nesta oferta, temos um grande caminho para percorrer em termos de processo. E é por aí que queremos ir», afirma Helder Rosendo. Um caminho, contudo, que «só pode acontecer se, no backoffice da área comercial, o I&D estiver muito presente e materializado em propostas concretas», acredita.
Estreia na ISPO Munich
Parte dessas propostas serão expostas, este mês, na feira de desporto ISPO Munich, naquela que será uma estreia para a empresa. «No meu entender, há muita coisa que a TMG tem e que já faz sentido estar numa ISPO», considera o diretor de negócio, que avança igualmente a possibilidade de, em 2024, estar como expositor na feira de têxteis técnicos e não-tecidos Techtextil. «Neste momento, era muito cedo estar já na Techtextil. Estivemos como visitantes a recolher um conjunto de ideias e de dados, mas o objetivo é daqui a dois anos estar na Techtextil como expositores», assume.
Passos num percurso que deverá levar, no futuro, a «uma TMG mais digital, que consiga ser um hub criativo do cliente, que consiga responder de forma rápida em diferentes etapas do processo de desenvolvimento do produto. Transformar a TMG na casa criativa do cliente», conclui Helder Rosendo.