No total de 23 teares da Hata, a tecnologia da Smartex está atualmente instalada em sete teares da unidade de tricotagem da Tintex, mas o objetivo é colocar em todos num curto espaço de tempo. «A Smartex começou primeiro por máquinas de um tipo e agora, connosco também, evoluiu para outro e é nessa tipologia que temos mais máquinas, por isso, será a seguir», garante, ao Jornal Têxtil, Ricardo Silva.
Para o administrador da Tintex, esta «é uma tecnologia que veio para ficar e, logo por aí, tivemos vontade de investir e de começar com eles», trazendo vantagens evidentes. «Parar a máquina quando há algum defeito é importante, é o ponto mais crítico no meu entender. Conseguimos ter mais fiabilidade e mais certeza de que está tudo bem, é isso que a Smartex nos dá», sublinha.
Os benefícios são «ainda difíceis de quantificar», afirma Ricardo Silva, mas «qualitativamente a malha está melhor, temos menos desperdício, menos defeitos, menos perda de tempo no fim, menos recursos gastos ao nível da água e de produtos químicos da tinturaria». Além disso, «trouxe mais confiança e mais resultados», aponta.

A digitalização tem sido uma das prioridades da Tintex, que nos últimos quatro anos tem investido cerca de um milhão de euros neste âmbito, um valor com tendência a aumentar no futuro. «Vamos agora mapear os fluxos de materiais internos, vamos saber onde estão os lotes fisicamente na fábrica, se já passaram de uma área para a outra, se estão a ser usados, se não foram mexidos há muito tempo…. Basicamente aumentar a eficiência interna», revela Ricardo Silva. Um outro ponto que estará em foco será o desenvolvimento «da inspeção automática, Machine Vision, com as câmaras a detetarem os defeitos e a atuarem automaticamente sobre o processo», acrescenta.
Ganhos na sustentabilidade
Sem desvalorizar a importância do tato e, de em algum momento no futuro, ser possível replicar digitalmente o toque do produto, para o administrador da Tintex, «a indústria tem muito mais a fazer antes disso: tem de digitalizar os processos, automatizar internamente», colocando como prioridade «aumentar a rapidez e a eficiência dos processos dentro de portas, com automatização, digitalização e robotização em último caso».
Para já, com as iniciativas da empresa, «ao termos mais dados e ao controlarmos os processos de uma maneira mais analítica, tivemos resultados ao nível da eficiência produtiva e, acima de tudo, menos desperdício, Isso já foi evidente. Temos os dados dos últimos quatro a cinco anos monitorizados e vemos uma tendência positiva. Ao analisar os dados, conseguimos tomar decisões mais sensatas», assegura Ricardo Silva.
A digitalização tem ainda contribuído para a Tintex melhorar a sua sustentabilidade. «A sustentabilidade, como a conhecíamos há uns dois anos, mais voltada para o verde, o ecológico, está a transformar-se e ainda bem, porque está a ganhar mais abrangência. Eficiência é sustentabilidade, eficácia é sustentabilidade e o facto de conseguirmos produzir melhor o que antes fazíamos, se calhar pior, também é sustentabilidade, porque reduz os custos necessários. Além das escolhas que fazemos no produto – tipos de fibras, tipos de química usada, que cada vez mais é informação importante – aquilo que estamos hoje a falar é de eficiência produtiva, na eficácia, em garantir que conseguimos produzir mais com menos», resume o administrador.

Mantendo a sua vocação industrial, quer através da tinturaria e acabamentos na Tintex, quer com a produção de malhas na Hata, o futuro deverá passar por «acrescentar novas valências de serviços» e, por exemplo, «criar mais-valias junto do consumidor, criar negócios de serviços nessas áreas, ou seja, ser mais transversal da oferta ao mercado, ser não só um B2B, ter valências de serviços digitais. Vamos criar estas pontes», avança Ricardo Silva.