Tingimentos naturais em exposição no Museu de Lanifícios da Covilhã

A exposição Malva, desenvolvida pelo coletivo artístico Siroco, tem por base um trabalho de investigação sobre tingimentos naturais. A mostra é inaugurada amanhã, estando patente na Real Fábrica Veiga até 8 de julho.

[©Coletivo Siroco]

Malva é o resultado de um projeto de pesquisa e criação desenvolvido pelo Siroco, um coletivo artístico que atua na área da história sociocultural ligada ao têxtil. O projeto teve início em 2021 e tem uma forte componente de experimentação, que se reflete no significado do seu nome – uma alusão direta à descoberta acidental do primeiro corante sintético: a mauveína.

«Em resposta às problemáticas enfrentadas pela prática contemporânea de tinturaria natural, como a complexidade dos processos químicos, o difícil acesso ao conhecimento e a gestão por vezes contraditória de aspetos ambientais relacionados, o projeto sistematizou processos de tingimento a partir de três fontes de corantes naturais: os produzidos industrialmente, os contidos em plantas reconhecidas historicamente pelos seus poderes tintureiros e os extraídos de resíduos da indústria agrícola», explica um comunicado do Museu de Lanifícios da Covilhã.

[©Coletivo Siroco]
«A exposição Malva reflete os resultados desta sistematização através de uma série de painéis têxteis de fibras naturais que têm como base tapetes tecidos por José Couto, um dos últimos tecelões a trabalhar de forma artesanal na aldeia de Trinta, na Serra da Estrela. Cada painel revela formas alusivas ao universo da produção têxtil e às experiências do coletivo no terreno, elaboradas com tecidos tingidos ao longo do processo de investigação. Servindo também como mostruários de cor, os painéis representam uma variedade de técnicas de tingimento, corantes extraídos de diferentes plantas em várias regiões, assim como uma seleção de extratos naturais», indica o Museu de Lanifícios da Covilhã, que destaca ainda «um Gabinete de Curiosidades que expõe formas concebidas por autores convidados e elaboradas através do uso de fibras e processos de tingimento naturais».

Além da exposição, que será inaugurada amanhã, 17 de junho, pelas 17h30, e irá manter-se na Galeria de Exposições da Real Fábrica Veiga até 8 de julho, o programa inclui atividades paralelas em diversos pontos da região.

[©Coletivo Siroco]
A 6 de julho, na freguesia de Meios, irá ter lugar um passeio acerca do passado têxtil da aldeia, incluindo uma visita ao Museu da Tecelagem, que culminará na Escola Primária de Meios com um lanche e conversa com a antropóloga Daniela Guerreiro, investigadora do ISCSP.

No dia seguinte, na freguesia de Trinta, está agendada uma visita ao Engenho de Marrocos com oficina de impressão botânica, seguida de uma visita ao atelier de tecelagem de José Couto.

Já no dia 8 de julho, haverá, de manhã, uma apresentação na Real Fábrica Veiga do projeto Malva e do texto “Cor domesticada: o tingimento e a importância social do preto em Portugal (séc. XVI-XIX)” de Luís Gonçalves Ferreira, e, à tarde, a finissage e visita guiada à exposição Malva com a presença das autoras.

O programa termina no dia seguinte, 9 de julho, em Famalicão da Serra, com a conversa “Têxtil e tinturaria, caminhos históricos e práticas atuais”, moderada por Daniela Guerreiro e com a intervenção, entre outros, de Rui Tomás, designer e diretor criativo da Burel Factory.