The Flying Dutchman oferece camisas para todos

A marca portuguesa de camisas nasceu em Bali, na Indonésia, mas é no estilo vintage cubano dos anos 70 que foi beber inspiração. Produzida com tecidos deadstock, a The Flying Dutchman aposta na inclusão com modelos apropriados a todos os corpos e idades.

[©The Flying Dutchman]

“Sunday Shirt for every Body” é o slogan da The Flying Dutchman, que quer oferecer «uma camisa “de domingo” relaxada, que seja inclusiva e que seja pertinente para qualquer ocasião», afirma o cofundador Tiago da Silva. «É uma camisa que funciona para irmos à praia, depois almoçarmos em casa dos pais e acabarmos num bar a divertir-nos com os nossos amigos. A parte da inclusão é muito importante, queremos que esta camisa possa sirva para qualquer tipo de corpo (‘every Body’) e por esta razão temos um corte de camisa largo», explica ao Portugal Têxtil.

O projeto The Flying Dutchman começou a ser desenhado em 2015, quando Tiago da Silva concluiu os estudos em engenharia e aventurou-se de mochila às costas pelo sudoeste asiático. Uma paragem em Bali para ver o amigo de infância António Campos que lá reside e depois uma pequena incursão por lojas atrás de camisas fizeram nascer a ideia de criar uma marca.

«Andávamos de loja em loja à procura da camisa perfeita. Um pouco por toda a ilha da Indonésia, compramos várias peças de marcas locais e percebemos entre os dois que havia sempre algum pormenor que gostaríamos de alterar. Para nós era claro, o corte da camisa era o mais importante», revela.

Depois de uns protótipos da camisa, acabaram por meter na gaveta a ideia, que seria repiscada na altura que explode a pandemia e depois de Tiago ter feito uma pequena incursão pelo mundo da moda através da criação da startup Edis, onde lidou com marcas, designers e profissionais da moda.

[©The Flying Dutchman]
«Foi em março de 2020, quando saí da Edis, e na mesma altura foi imposto o confinamento devido à pandemia, que decidimos avançar com o projeto. Tempo não me faltava. Nessa altura, os projetos de turismo do António abrandaram também pois as fronteiras de Bali estavam fechadas. Este pareceu-nos o timing ideal para arrancar com a marca e então avançámos. Começámos este projeto com toda a força, sem hesitar. Por esta razão, a hashtag predominante na nossa comunicação e redes sociais é #bornunderapandemic», conta o cofundador.

Foco na sustentabilidade

Inspiradas no estilo cubano dos anos 70 mas com um toque moderno, com colarinho aberto, as camisas The Flying Dutchman são produzidas com tecidos excedentes da indústria têxtil. Por essa razão, a marca não controla o número de unidades de camisas que consegue fazer em cada estampado. «Além da óbvia questão da sustentabilidade ambiental – não estamos a gerar mais matéria desnecessária para criar as nossas camisas –, há a questão da exclusividade», destaca.

Feitas em 100% viscose e com botões de coco biodegradáveis, as camisas são produzidas em Bali, apesar dos esforços dos fundadores para produzir em Portugal.

«Esta era uma das questões mais importantes para nós no início do projeto. Queríamos ter um apertado controlo sobre a produção para garantir uma qualidade elevada nos acabamentos das nossas peças. Isto só seria possível se a fábrica estivesse localizada perto de um de nós, ou no Porto onde eu estou ou em Bali onde vive o António.  A nossa primeira escolha era fazer a produção em Portugal. Tínhamos a ideia de que, além de ser de alta qualidade, a coinfecção era bastante competitiva em Portugal. Contudo, viemos a perceber que, no nosso país, apenas é viável para marcas que façam produção em série e em grande escala. Marcas pequenas não encontram quem lhes confecione as suas pequenas coleções e quando encontram são forçados a deixar uma margem tão grande da sua venda na produção, o que faz com que o negócio deixe de ser viável. Assim decidimos virar-nos para Bali», sustenta Tiago da Silva.

[©The Flying Dutchman]
Foi enquanto pesquisam sobre parceiros que «o António encontrou a Wiwid, uma amiga de longa data que tem uma pequena fábrica com meia dúzia de empregados e que faz confeção manual de vestuário para algumas marcas australianas e canadianas de slow fashion. Este encontro foi completamente aleatório e ideal ao mesmo tempo. Precisávamos de alguém em quem confiássemos e nessa altura a Wiwid precisava de encomendas, a sua produção estava muito parada devido à pandemia e tanto ela como as suas colaboradoras estavam totalmente dependentes deste negócio», desvenda.

Com as vendas centradas no canal online, a The Flying Dutchman é também comercializada em algumas lojas físicas, nomeadamente no Porto, Lisboa e Comporta. Tiago da Silva, contudo, planeia num futuro próximo abrir lojas próprias nas principais cidades portuguesas.

Apesar de a ideia inicial da The Flying Dutchman ser voltada para os homens, rapidamente a marca constatou que «as mulheres são quem mais gosta dos nossos produtos. 60% das compras online são feitas por mulheres. Por esta razão, adaptamo-nos ao mercado e começamos também a pensar nelas», adianta o cofundador, que prevê alargar a oferta para a próxima estação fria.