A Associação Industrial do Minho e a ACTE- Associação das Colectividades Têxteis Europeias realizaram, de 17 a 20 de Maio, em Guimarães, o Congresso das Regiões Têxteis da UE, no âmbito do Programa Minho – Pólo de Excelência Têxtil. Representantes de sete regiões reflectiram sobre o futuro da Indústria Têxtil e do Vestuário, a sua importância, políticas comunitárias, inovação e tecnologia, bem como a excelência do sector e as perspectivas para o século XXI. O Jornal Têxtil apresenta as principais conclusões dos seis workshops realizados.
Workshop I
A Importância da Indústria Têxtil e Vestuário no Desenvolvimento Harmonioso da regiões Têxteis da UE
Moderador: Carlos Bernardo Relator: Augusto Lobo
A Região Minho pode servir como exemplo para outras Regiões Têxteis da Europa. A Indústria Têxtil & Vestuário Portuguesa encontra-se numa fase de transição, pelo facto de não pertencer nem ao grupo de Regiões que têm vantagens competitivas baseadas no custo de mão-de-obra, nem ao grupo de Países e Regiões mais desenvolvidas, que dominam a cadeia de valor da indústria.
A cooperação entre os vários actores da indústria das diferentes Regiões da Europa poderá/deverá permitir a Portugal acelerar a integração no grupo mais desenvolvido.
Um bom exemplo é a interacção que está a haver entre Empresas da Galiza, que dominam a fileira, e empresas do Minho, que detém know-how e capacidade de produção.
Seguramente esta situação é generalizável a outros Regiões da Europa que se encontram nesta mesma situação.
Deve entender-se a mundialização e a globalização como um processo inevitável. Constituirá uma oportunidade, mais do que uma ameaça, se o soubermos encarar correctamente. Para tal, as empresas devem modernizar-se tecnologicamente e organizacionalmente mas também as suas ideias e a sua cultura. As alianças estratégicas em redes de cooperação entre empresas e associações a nível regional e internacional poderão ser factores de indução essencial.
Em segundo lugar é também importante que os agentes políticos tenham uma visão sistémica sobre o sector, garantindo verdadeiras condições de igualdade a nível mundial, assegurando a reciprocidade na abertura às trocas comerciais, sobretudo no segmento de alto valor acrescentado, onde se posiciona a Indústria Têxtil & Vestuário da União Europeia.
A globalização não poderá pôr em causa a identidade e a cultura específicas, das Regiões Têxteis. Essa identidade e os conhecimentos que foram adquiridos ao longo dos séculos são a verdadeira riqueza das regiões têxteis da Europa e a verdadeira fonte da nosso optimismo para o futuro.
Para consolidar essa oportunidade, é também essencial que nas Regiões onde já existe uma fileira têxtil integral casos, por exemplo, de Prato e Carpi essa integração não desapareça. A integração da fileira é um elemento fundamental para ser possível conjugar elementos de mudança com a tradição, cultura e os saberes locais.
Uma correcta estratégia de produto poderá ser uma ferramenta importante neste processo.
Finalmente, para que tudo isto faça sentido, é necessário que exista um Projecto da Região.
Workshop II
Políticas Comunitárias para a Indústria Têxtil e do Vestuário
Moderador: Gaspar Sousa Coutinho Relator: Augusto Lobo
O Sector Têxtil & Vestuário, apesar de ter sido apontado por muitos como um sector que não iria resistir à reestruturação industrial, é ainda um sector pujante e que olha com confiança para o futuro graças, em larga medida, ao empenho dos empresários e às políticas seguidas.
Apesar das especificidades de cada uma das Regiões Europeias, estas apresentam linhas comuns de desenvolvimento e problemas similares.
Este facto é demonstrado, por exemplo, por algum insucesso das estratégias de deslocalização, como aponta o caso italiano, provando que o conceito de sistema produtivo local é, sem dúvida, um dos factores críticos de competitividade da Indústria Têxtil & Vestuário Europeia.
O Sector não está morto nem em crise. É um sector que, apostando em factores que não se baseiam no custo de mão-de-obra, continua a proporcionar a criação de emprego e de riqueza.
A estratégia do sector produtivo passa por três elementos fulcrais: – Logística eficiente – Inovação Tecnológica e Formação Profissional – Uma política comercial em que é essencial a reciprocidade Do ponto de vista de política comercial, é necessário passar à acção na terceira fase do ATV (Acordo Têxtil e Vestuário), principalmente relativamente à reciprocidade da abertura, relembrando que a competitividade da Indústria é um dos objectivos de que a Comissão Europeia foi incumbida pelo Tratado de Maastricht.
Neste sentido é de realçar a atenção prestada pelo Parlamento Europeu pelo facto da Comissão se preocupar mais com o levantamento dos problemas do que com a formulação de objectivos para o Sector Têxtil & Vestuário.
É, sobretudo, essencial uma atenção ao facto dos problemas que afectam as grandes e as pequenas empresas serem diferentes. Uma pequena empresa não é uma grande empresa que não cresceu. As pequenas empresas podem ser altamente rentáveis desde que explorem nichos de mercado específicos, e/ou participam em redes de cooperação mas necessitam de uma atenção acrescida, nomeadamente em fases críticas do seu desenvolvimento.
Workshop III
Qual o Futuro para a Indústria Têxtil e do Vestuário na UE
Moderador: António Rui Amorim Relator: António Pereira Mendes
Falar do futuro é fascinante mas inconsequente. No entanto, a construção do futuro é nossa obrigação. Devemos criar um futuro para a ITV à medida dos nossos objectivos como empresários. A ITV é o maior sector de actividade económica, dentro da indústria transformadora, sendo também o maior empregador, o maior exportador e aquele que mais investe, composto na sua maioria por PMEs.
Embora, nos últimos anos, se tenha assistido a uma redução do número de empresas neste sector, verifica-se que o volume de exportações continua a aumentar. O declínio pode continuar se não houver cumprimento dos acordos da U.E. com países terceiros. Diminuiu o volume de emprego mas tem aumentado o volume de negócios, assente na produtividade e inovação.
Que futuro para a ITV na U.E.? A resposta pode ser dada segundo três vertentes: – Evolução no sentido de responder eficazmente à tendência da concentração do sector da distribuição, com muitas repetições dos mesmos produtos (apenas com outra apresentação), ciclos curtos de abastecimento e redução de stocks; – Resposta ao mercado com a utilização de sistemas informáticos inteligentes, alteração das leis laborais, permitindo uma flexibilização do trabalho, proporcionar uma oferta global, inovadora e flexível, ou seja, garantir um ciclo de produção completo para abastecer rapidamente o sector da distribuição; – Na época da globalização não circunscrever o mercado ao interior da U.E., exigindo o estatuto de parceiros com todos os outros sectores para termos acesso a países terceiros nas nossas exportações de acordo com o princípio da reciprocidade. Os empresários da ITV souberam contrariar os cenários apocalípticos para o sector que todos previam, há alguns anos.
È necessário que nos consciecializemos do desaparecimento das fronteiras entre os países no interior da U.E., no campo dos negócios. A cooperação inter-empresas, de natureza horizontal ou vertical , no espaço geográfico da U.E., é outro meio de garantir o futuro da ITV. O principal desafio da globalização é a criação e expansão das marcas portuguesas – veja-se o exemplo da Espanha. A sobrevivência de PMEs quando associadas em redes de cooperação por meio das novas técnicas de comunicação, passa por acederem a nichos de mercado e me