Têxteis italianos mantêm força

Numa brochura recentemente distribuída aos potenciais clientes dos têxteis italianos pelo Instituto Italiano do Comércio Externo, a indústria têxtil deste país é descrita como “a mais importante da Europa”, facto que é baseado no facto de um quarto de todos os produtos têxteis produzidos na União Europeia serem oriundos de Itália…

No entanto, com exportações superiores aos 12 mil milhões de dólares por ano, a indústria italiana já não ocupa a posição inacessível que em tempos desfrutou.

Aliás, o cenário actual mostra uma queda gradual nas vendas nos sectores em que os italianos foram senhores absolutos, como os tecidos de elevada qualidade para fatos de homem, pelos quais as regiões do Prato e Biella são famosas internacionalmente.

Por exemplo, nos primeiros seis meses de 2004, e pela primeira vez, os alfaiates e costureiros japoneses compraram mais tecidos à China do que à Itália.

Ainda assim, estes números ainda colocam os italianos à frente, por exemplo, dos britânicos.

Na primeira metade do corrente ano, as vendas dos tecidos britânicos para o Japão caíram 7%, sem se avistarem sinais de uma recuperação iminente para as matérias-primas para vestuáriomade in Reino Unido.

Como é óbvio, a indústria têxtil italiana não vive apenas das vendas de lanifícios e tecidos para vestuário.

Os produtores italianos estão igualmente activos no campo das sedas finas, sector no qual a fama de seguir as últimas tendências da moda lhes permite manter uma postura competitiva em termos de preços, face à concorrência da Ásia.

As colecções italianas deste tipo de sedas para o Inverno 2005/2006 são, segundo a União de Produtores de Seda, de Como, “cromaticamente mais ricas do que nunca”.

Por outro lado, as empresas especializadas em algodão estão igualmente a tentar acompanhar os tempos, introduzindo novos tipos de acabamento e misturas, com fibras artificiais, a pensar nos cuidados exigidos pelo século XXI.

Na última edição da Moda In, uma das grandes inovações foram as misturas de algodão com cânhamo, para criar uma textura semelhante ao linho, o que despertou a atenção e o interesse dos grandes compradores internacionais.

Em termos de vendas ao estrangeiro, os franceses continuam a ser fornecedores chave dos produtores de vestuário italianos, vendendo-lhes anualmente mais de 1,3 mil milhões de euros em tecidos, o que lhes tem permitido manter-se à frente dos seus maiores concorrentes, a China e a Alemanha.

Aliás, no âmbito da União Europeia existe uma feroz concorrência entre os produtores franceses e os alemães, afim de assegurarem os clientes italianos, naturalmente com os melhores preços…

Nos três primeiros meses de 2004, os produtores de têxteis franceses venderam aos seus clientes italianos tecidos no valor de 246 milhões de euros.

Assim, que balanço podemos fazer da actividade da indústria têxtil italiana em 2004?

Obviamente, os produtores de têxteis italianos não estão contentes por ver as suas vendas diminuir, a par dos seus vizinhos da União Europeia, uma vez que sempre se consideraram uma “raça à parte”, e a energia e entusiasmo com que estão presentes nos maiores eventos mundiais do sector sugerem que eles continuarão a defender esse estatuto com vigor…