Têxteis Chineses Conquistam Mercados

De acordo com as estatísticas publicadas pelo Ministry of Commerce of the People’s Republic of China (MOFCOM) relativas aos dois primeiros meses do ano, as exportações têxteis do gigante asiático cresceram 33,2% em Janeiro e Fevereiro de 2005 quando comparadas com o período homólogo do ano transacto, tendo-se fixado em 5.213 milhões de dólares.

Este aumento reflecte o dinamismo das vendas de tecidos que cresceram 33,2% atingindo 2.666 milhões de euros assim como dos outros artigos confeccionados (onde se incluem os têxteis-lar) que aumentaram 44,39% ascendendo a 1.973 milhões de dólares. As exportações de fios, por outro lado, apresentaram-se mais moderadas (variaram 5,4% face ao mesmo período do ano passado), fixando-se em 574 milhões de dólares. Note-se que os fios representaram apenas 11,0% das exportações totais chinesas, enquanto os tecidos representaram um peso de 51,1% e as outras indústrias têxteis 37,8%, sendo os têxteis-lar responsáveis por 20,5% das saídas.

Àmedida que são publicadas as primeiras estatísticas relativas ao período após as quotas torna-se relevante avaliar o impacto da liberalização do comércio sobre os fluxos que se destinam aos EUA e à U.E. Neste contexto, e tendo por referência os dados da MOFCOM, as vendas para os EUA e para a U.E. aumentaram significativamente nos dois primeiros meses após a eliminação das restrições quantitativas às importações.

No que se refere aos EUA, as exportações de produtos têxteis cresceram 62,7% para os 658 milhões de dólares, impulsionadas, sobretudo, pelos tecidos cujas fluxos registaram um aumento de 145,0%. Este crescimento foi ainda mais expressivo se tivermos em consideração apenas os tecidos de fibras sintéticas (428,87%).

Merece também referência a evolução chinesa no sector dos têxteis-lar. De acordo com os dados do Observatório Têxtil do CENESTAP, em 1998 a China era o segundo principal fornecedor norte-americano com uma quota de mercado de 17,5%, no entanto nos últimos cinco anos foi conquistando quota neste mercado de forma que, em 2003, era já responsável por 35,9% das importações desta categoria de produtos.

Com a abolição das quotas, os fluxos da China deixaram de ser limitados em categorias com elevado peso nas importações norte-americanas, nomeadamente, nos felpos, nos lençóis e nas roupas de mesa, pelo que será provável um reforço da quota chinesa. Os primeiros dados agora disponíveis corroboram estas previsões, nos primeiros dois meses pós-quotas as exportações de têxteis-lar da China para os EUA aumentaram 71,63% em termos homólogos.

Refira-se ainda que o mercado norte-americano é o principal destino das exportações nacionais, contudo, nos últimos anos este destino tem perdido relevância devido a factores que se prendem com variação desfavorável no mercado cambial e com o aumento da concorrência da China da Índia e do Paquistão que fornecem, actualmente, 76,5% das importações totais.

No que concerne ao mercado comunitário, o cenário não é muito distinto, em dois meses as exportações do sector têxtil cresceram 56,8% face ao período homólogo de 2004 ascendendo a 775 milhões de euros.

Contrariamente aos EUA, as exportações da China evidenciaram um dinamismo superior nos fios que nos tecidos com crescimentos de 63,7% e 55,5%, respectivamente. Este aumento dos fluxos foi impulsionado pelo algodão, tanto na fiação com um aumento de 142,1% como na tecelagem com um aumento de 114,9% nos tecidos.

Também nos têxteis-lar a China evidencia uma capacidade de exportação elevada. Num mercado que é dominado pela Turquia com uma quota de 9,5% nas importações totais, o gigante asiático assume uma importância crescente. Em cinco anos passou de uma quota de 4,6% para uma quota de 7,5% em 2003 (crescimento médio anual de 13,3%). Contudo, se se mantiver o crescimento das exportações verificado nos dois primeiros meses de 2005, é previsível um forte aumento da quota chinesa nas importações comunitárias, na medida que, os dados de Janeiro e Fevereiro apontam para um crescimento de 67,4% nas exportações de têxteis-lar para a U.E. e de 76,0% das carpetes.