Têxteis activados pelo coco

Uma das últimas histórias de sucesso do sector de vestuário de alta performance, em contracorrente com o sector tradicional, teve tranquilamente lugar nas instalações de tricotagem da americana United Knitting. Jerry Miller, presidente da empresa, afirma que a United Knitting foi criada com base na ideia da performance e que isso permitiu à empresa prosperar num momento em que os têxteis atravessam sérias dificuldades. «Estamos constantemente à procura de novos polímeros, fios, acabamentos ou processos de fabricação para acrescentar valor ao produtos dos nossos clientes», sustenta. A United Knitting opera uma fábrica no Tennessee, onde possui linhas de tricotagem, tingimento e acabamento, e também trabalha com um excelente grupo de malheiros sub-contratados. «Gosto de controlar o produto final», declara Miller. «O tingimento e o acabamento são etapas críticas, especialmente em tecidos elásticos. Uma parte da nossa produção é realizada no exterior, junto de parceiros realmente bons». Um dos últimos desenvolvimentos de malhas de alta performance da United Knitting incorpora a TrapTek, uma tecnologia desenvolvida por uma empresa de I&D do Colorado que usa carbono activado derivado de restos de cascas de coco para gerar um conjunto de propriedades de alta performance, tais como o arrefecimento por evaporação, absorção de odores e protecção contra a radiação ultravioleta. A empresa concebeu mais de 40 produtos incorporando esta tecnologia. Em termos de maquinaria, a United Knitting dispõe dos equipamentos mais avançados de tricotagem, tingimento e acabamento existentes no mercado. Jerry Miller revela que a receita para o sucesso reside também na rapidez, inovação e flexibilidade, daí o importante papel das máquinas. «Fabricamos também produtos de grandes séries, com base na nossa capacidade de produzir uma vasta gama de cores. Só no ano passado fizemos 9.000 banhos», declara. «Trabalhámos para a Burlington, Dyersburg e Sara Lee, e aquilo que hoje fazemos não tem nada a ver com o fazíamos para esses grandes conglomerados. Grande não significa necessariamente bom. Pode ser bom se estivermos a falar de roupa interior. Mas, no caso dos tecidos técnicos, temos que fazer aquilo que os asiáticos não conseguem fazer. Temos que procurar onde estão as lacunas, e preenchê-las». Com a United Knitting envolvida virtualmente em toda a nova tecnologia de tecido, Miller é a pessoa certa para responder qual será o próxima grande invenção no campo dos tecidos de performance. «A sustentabilidade é uma alternativa de importância crescente, com empresas verdadeiramente implicadas em desenvolver produtos ?verdes?. Outra área com grande potencial é os tecidos retardadores de chama», revela. Miller espera que a United Knitting continue a prosperar nos próximos anos, mas lamenta o triste estado da generalidade da indústria de malhas americana, onde os anúncios de novos encerramentos se multiplicam. «Para quem souber fazer boas coisas e escolher as pessoas e os equipamentos certos, não tiver grandes dívidas e estiver disposto a trabalhar duro, há boas oportunidades. Estou optimista quanto ao nosso futuro, mas não quanto ao futuro da indústria». Miller acrescenta que as suas maiores preocupações prendem-se com a viabilidade a longo prazo dos produtores de fios e os custos crescentes do gás natural e das matérias-primas. Por vezes as melhores inovações nascem de ideias muito simples. Restos de cascas de coco pareciam um improvável instigador de propriedades de alta performance em vestuário desportivo, mas é exactamente a base da inovação da TrapTek. Desde a sua fundação em 2000, a empresa TrapTek, criadora da tecnologia homónima, procurou aperfeiçoar a sua invenção, estabelecer grandes parcerias e preparar o seu produto único para a sua incursão no vestuário de alta performance. Tudo mudou em Novembro quando a empresa mereceu honras de capa na revista Time como uma das mais espantosas inovações de 2005 (ver notícia do Portugal Têxtil). «Toda a gente viu o artigo da Time e, de repente, tínhamos todo o tipo de interesse por parte das empresas, que nos queriam como parceiros», afirma Brad Poorman, presidente da TrapTek. «Todos buscam a diferenciação dos seus produtos. A verdadeira mais-valia que oferecemos é o facto de incorporarmos todas as características ambicionadas no tecido em vez de utilizarmos todo um rol de tratamentos químicos para obter os mesmos atributos». Entre as suas parceiras actuais encontram-se empresas como a Cannondale, a Fountainset Textiles, a Wellman e a Burlington Worldwide (ver notícia do PT). O fundador da TrapTek, Greg Haggquist, pegou na tecnologia do carbono de coco, longamente utilizada em filtros de água, e desenvolveu uma forma de aplicá-la nos têxteis. «Estávamos à procura de um tipo especial de carbono activado, e o coco apresentava todas as qualidades de que precisávamos», explica Haggquist. Todo o carbono activado usado na TrapTek é obtido a partir da casca de coco, uma matéria-prima facilmente acessível nos mercados americanos e de além-mar. «O mercado anti-microbiano tem procurado sobretudo destruir as bactérias para eliminar ou reduzir os odores. Enquanto que o carbono activado absorve os adores», conclui o fundador da TrapTek.