Texboost faz as contas finais

O projeto mobilizador liderado pela Riopele e coordenado pelo Citeve contou com o envolvimento de 43 entidades e de 237 técnicos e, com a dedicação de 400 mil horas de trabalho, deram origem a 30 novos materiais, 3 processos de produção, 4 novas ferramentas e 17 soluções finais que foram apresentadas na passada sexta-feira.

António Braz Costa (CITEVE) e Salomé Soares (FEUP)

Os números foram revelados durante a sessão de encerramento do Texboost que, na impossibilidade de ser feita presencialmente, usou os canais online para a transmissão de uma emissão dinâmica conduzida pelo diretor-geral do CITEVE, António Braz Costa.

«Talvez o dia mais feliz do tempo que dura um projeto de investigação e desenvolvimento seja aquele em que se apresentam os resultados, sobretudo quando o trabalho é feito com empresas, para as empresas e o grande objetivo é que haja soluções para ser exploradas economicamente no mercado», afirmou o anfitrião.

Como resumiu Bernardino Carneiro, administrador da Riopele, o projeto teve como objetivo «englobar um conjunto de iniciativas de investigação e de desenvolvimento de forte caráter coletivo e efeito indutor e demonstrador com o envolvimento central de empresas da fileira têxtil e vestuário, mas também dos sectores da economia complementares» e foi isso mesmo que fez.

Bernardino Carneiro (Riopele)

«O projeto Texboost gerou 30 novos materiais, três novos processos de produção, quatro novas ferramentas e tecnologias, três novas estruturas têxteis, quatro novos sistemas de junção e de união e ainda 17 novas soluções finais», anunciou José Morgado, diretor do departamento de tecnologia e engenharia do CITEVE, adiantando que «estiveram envolvidos 237 técnicos das 43 entidades do consórcio. Entidades estas que efetuaram 32 novas contratações, correspondentes a 2.270 homens/mês, isto é, a 400 mil horas de trabalho que foram dedicadas a este projeto». Além disso, referiu, «também se espera que este projeto tenha um forte impacto económico, quer relacionado com o volume de negócios, quer com o volume de negócios internacional das empresas participantes do projeto», com a expectativa de um aumento de 28% no volume de negócios internacional.

Projetos com impacto

Vários dos produtos finais das diferentes atividades nucleares tinham já sido apresentados por José Morgado ao Portugal Têxtil, durante a última edição do Modtissimo, em outubro, tendo sido agora aprofundadas pelos técnicos ligados aos projetos e, em alguns casos, pelos representantes das próprias empresas.

João Carvalho (Fitecom) e Rui Miguel (UBI)

Foi o caso das estruturas têxteis laminadas, compostas por tecidos com base em lã e com membranas funcionais para utilização em vestuário de exterior de baixo impacto desenvolvido pelo consórcio composto pela Fitecom, Coltec, CITEVE e Universidade da Beira Interior, que foram já apresentadas no mercado. «Para já o interesse é grande», revelou, numa intervenção a partir da Covilhã, João Carvalho, da Fitecom.

Também o projeto que gerou tecidos multifuncionais com proteção UV à base de fibras naturais celulósicas foi considerado um sucesso pela Somelos, que esteve envolvida neste desenvolvimento, juntamente com a Universidade do Minho.

«Propusemo-nos a fabricar tecidos leves, multifuncionais, com fios tingidos, com matérias biodegradáveis, com acabamentos naturais», resumiu Arnaldo Machado, administrador da Somelos, na apresentação dos resultados.

A empresa produziu nove qualidades de tecidos em múltiplas cores e considera que as metas foram atingidas, «visto que em 249 amostras fabricadas, 187 estavam dentro dos objetivos, o que corresponde a 75,4% de taxa de sucesso», apontou Arnaldo Machado, o que, acrescentou, levou à conclusão que «estamos em condições de produzir tecidos multifuncionais para a proteção contra radiações ultravioleta […] que simultaneamente promovam o conforto do utilizador».

Arnaldo Machado (Somelos)

O projeto «será agora desenvolvido em cartaz pelo sector de criação e desenvolvimento na coleção do próximo ano», indicou Arnaldo Machado.

No total da sessão, que está gravada e disponível no site do Texboost, foram apresentados os 17 projetos, divididos pelas áreas de Digitalização e Desmaterialização, Novos Materiais – que inclui os projetos da Fitecom e da Somelos –, Novas Estruturas, Têxteis Inteligentes e Eletrónicos e Economia Circular.