Teviz deslocaliza para o Quirguistão

A actividade da Teviz- Têxtil de Vizela leva-nos a revisitar a época do mercantilismo, segundo o semanário Expresso. O algodão é colhido e fiado no solo gelado do Quirguistão, transportado para Vizela onde é transformado em tecido, enviado para a Roménia para ser transformado em camisas, colocado num porto de Roterdão para ser embarcado para Nova Iorque e vendido ao consumidor final americano. Um consumidor final que porventura não fará ideia que existe um país asiático chamado Quirguistão e que quem organiza toda esta operação é uma empresa portuguesa. A hipótese de deslocalização para o Quirguistão surgiu quando a Teviz se confrontou com o problema da paragem da sua unidade de fiação de cardados, pois a alternativa era vender a maquinaria para sucata. A opção por aquele país justifica-se pela redução em 30% dos custos de fiação do algodão e uma mão-de-obra e uma economia liberalizadas. A empresa investiu cerca de 350 mil contos numa fábrica de produção de fio de algodão que atingiu a sua velocidade cruzeiro na semana passada. Este país que faz fronteira com o Tajiquistão e Uzbequistão, eles próprios vizinhos do tão noticiado Afeganistão, é conhecido pelas sua agressivas temperaturas negativas nesta estação do ano, pelas dificuldades linguísticas com que se deparam os estrangeiros e com uma corrupta economia de mercado. No entanto, a boa formação técnica e elevada capacidade de trabalho da mão-de-obra local – o director geral já fala um português razoável passados apenas três meses – e os baixos custos salariais e da energia eléctrica, mais do que compensam as adversidades. Todos parecem empenhados no sucesso daquele investimento que criou 100 postos de trabalho numa região onde este tipo de empreendimentos ainda escasseia. Este segmento produtivo da Teviz é responsável pela produção de 100 mil camisas, vocacionadas para o mercado americano e para alguns países europeus. O grupo tem cerca de 950 trabalhadores e o seu volume de negócios do corrente ano deverá ultrapassar os seis milhões de contos.